Rio Grande do Norte, quinta-feira, 25 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 4 de abril de 2012

Editorial: “Morte aos Gatos”

postado por Carta Potiguar

No exercício da crítica, o desacordo e o dissenso são inevitáveis. De fato, só pode haver crítica quando existe desacordo, divergência entre ideias e opiniões. Por isso, toda discordância é saudável se almeja-se a discussão e o debate.

Ciente disso, a Carta Potiguar pauta-se pelo cultivo do conflito de ideias, porque nele vemos não só a condição da crítica, mas também a possibilidade de um trabalho recíproco de elucidação e esclarecimento. Bem sabemos que no confronto e embate de palavras e pensamentos mexe-se com algo mais intenso do que simplesmente ideias e opiniões. O calor do debate é, também, produto dos sentimentos, crenças e convicções subjetivas que se imiscuem nas ideias e perspectivas, mesmo daquelas mais racionais. Da exacerbação das primeiras, nasce a polêmica.

O recente artigo “Morte aos Gatos”, publicado por Daniel Menezes na Carta Potiguar, ou melhor, as reações suscitadas são um exemplo flagrante do que ocorre quando as crenças e convicções subjetivas, a polêmica, se sobrepõem à discussão racional e à crítica. Na discussão e no desacordo existe uma ética do discurso que visa preservar a condição sem a qual nenhuma discussão séria e sincera é possível, qual seja: a comunicação. Na ameaça e na violência, não há comunicação, mas apenas acusações, insinuações, rótulos, distorções, deturpações, agressões.

A polêmica aborta a ética do discurso, e, desse modo, extingue a comunicação. Não há como existir discussão ou debate, se os direitos e critérios do diálogo que garantem a abertura dos envolvidos à comunicação e ao diálogo são negados ou subordinados ao impulso cuja motivação é desqualificar e abolir o interlocutor em nome de uma convicção abraçada como essencialmente justa e moralmente superior. Assim, o interlocutor transforma-se em inimigo e da ética do discurso passa-se ao fundamentalismo do discurso.

Diante da virulência fascista e do fundamentalismo de muitos comentários, as prováveis críticas e deficiências do texto “Morte aos Gatos” tornaram-se secundárias. Infelizmente, as críticas sensatas e os contra-argumentos acertados foram eclipsadas pelo desequilíbrio emocional e dogmatismo cego.

Os que dizem ser representantes da vida, da igualdade e do convívio saudável entre os animais humanos e não humanos despejaram, paradoxalmente, ódio, morte e agressões verbais contra o autor, ele próprio, também, não custa lembrar, um ser vivo.

Assim, por meio deste editorial, a Carta Potiguar deseja manifestar sua posição de repúdio a qualquer tentativa de macular e atacar, seja verbal ou fisicamente, aqueles que contribuem com os textos e discussões que este sítio hospeda por motivos que extrapolem o campo das ideias e do debate. E, é preciso ressaltar, esse repúdio não se limita somente aos colunistas, mas estende-se, acreditamos, a todos os nossos leitores. Afinal, a violência apenas nos afasta do debate saudável, plural e ético.

E a nós da Carta Potiguar, editores, colunistas e leitores, importa cultivar neste espaço a livre troca de ideias, opiniões, perspectivas e informações entre sujeitos que reconhecem que o diálogo e a comunicação, por um lado, e o respeito e a educação, por outro, estão acima da intimidação, da desqualificação gratuita e da convicção violenta e intransigente.

Carta Potiguar

Conselho Editorial

2 Responses

  1. Andrea Mara disse:

    As zoonoses são doenças que podem ser transmitidas do animal para o homem e, no que toca aos gatos, existem, infelizmente, algumas doenças que eles podem  transmitir para os seus donos que variam de simples alergias a sérias dermatites de pele. São: Alergias, Toxoplasmose, Dermatomicose, Sarna Sarcóptica, Esporotricose, Toxocariose, Ancilostomíase e sem falar da raiva, que na minha opinião já vem com o gato desde o seu nascimento porque eu nunca vi um bichinho tão zanho e traiçoeiro (morro de medo de gato). Sinceramente ainda não descobri qual a finalidade dos gatos. Não são fieis aos seus donos e sim a casa, não brincam, são extremamente preguiçosos e sebosos (alguém já tentou dar um banho em um gato? com certeza foi arranhado). Então para mim, o gato não serve para nada.

    • Nina Bueno disse:

      Andrea, pelo seu comentário percebo que é uma pessoa que não entende de gatos, nunca deve ter tido um e também não entende de zoonoses, pois os gatos não são os únicos animais que transmitem doenças. Você sabia que o ser humano também transmite doenças? Sua última frase no comentário acima também não serve para nada, apenas para atingir diretamente as pessoas que gostam de gatos. Respeito imensamente o seu direito de não gostar de gatos e espero que nunca na sua vida você cruze ou tenha que conviver com um bichano. Agora, muitas coisas que não te servem, podem servir aos outros. Assim como você pode valorizar coisas para as quais outras pessoas não ligam a mínima! Por isso, respeito é a palavra que está faltando em toda essa discussão. Não gosta de gatos? Fique longe deles e nos faça esse favor.

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