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Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 15 de abril de 2012

Rio Grande do Norte Volta a Liderar as Exportações Brasileiras de Tungstênio

postado por Aldemir Freire
O RN exportou em 2011 US$ 3,4 milhões em minério concentrado de tungstênio, equivalente a 60% das exportações nacionais. Nos três primeiros meses de 2012 as exportações desse produto pelo estado já chega a US$ 1,55 milhão (valor 3 vezes maior que o exportado no mesmo período de 2011), representando 70% das exportações brasileiras de tungestênio.
O tungstênio, em função de suas características de dureza e resistência, é muito utilizado na constituição de ligas metálicas que se destinam principalmente à fabricação de ferramentas de corte em alta velocidade, como por exemplo em usinagem e em pontas de brocas para perfuração de rochas. Outra utilização mais prosaica do produto é naquelas esferas existentes na ponta de canetas esferográficas.
O mercado mundial de tungstênio é controlado pela China, que responde por aproximadamente 65% das reservas mundiais e por 85% da produção. O Brasil possui apenas 1% das reservas e produção mundial, representando, portanto, apenas um produtor marginal no cenário mundial do produto.
No Brasil o RN é o detentor das maiores reservas de tungstênio (aproximadamente 35 mil toneladas entre reservas medidas e indicadas). As reservas locais tiveram um forte aumento no final dos anos 2000 e estão localizadas nos municípios de Jardim de Piranhas, Currais Novos, Bodó, Acari e Lajes. No estado a ocorrência do Tungstênio se dá nos depósitos minerais de Scheelita. Os outros estados que possuem as maiores reservas de tungstênio são Rondônia e Pará. Nesses estados, porém, a ocorrência se dá em depósitos minerais da Volframita.
A exploração do produto no RN remonta a meados dos anos 40 do século passado. Todavia, nos anos 90 o setor passou por uma forte crise, imposta pela economia chinesa, que passou a controlar a oferta mundial do tungstênio e produziu uma forte redução nos seus preços. Essa queda nos preços nos mercados internacionais praticamente decretou o fechamento das minas localizadas no RN.
Em meados dos anos 2000 a China volta a influenciar a produção local. Dessa vez, porém, os efeitos da mesma foram benéficos. Com o crescimento da economia chinesa nos anos recentes e a proibição dos governos de lá de exportação do produto, os preços do tungstênio dispararam nos mercados mundiais e a produção e exportações locais voltaram a ser competitivas.
Em 2005 as exportações de tungstênio pelo RN representavam apenas 4% das exportações brasileiras. Nos três primeiros meses de 2012 as exportações do estado haviam saltado para 70%. Nesse intervalo de tempo as exportações do Brasil passaram por algumas oscilações, saíram de um patamar de US$ 3 milhões em 2005 para algo próximo a US$ 6/7 milhões entre 2006 e 2008, depois caíram em 2009 e 2010 para voltarem a subir em 2011 e 2012.
No início de 2011 o RN exportava em torno de 10 toneladas mensais do produto. Entre dezembro de 2011 e março de 2012, porém, as exportações locais saltaram para a faixa de 33 toneladas (ex para o mês de fevereiro). Portanto, há indicações de que nesse ano o volume exportado fique em um patamar bem superior aos dos anos anteriores.
Infelizmente o estado ainda produz apenas a primeira etapa no processamento do produto, ou seja, exporta apenas o material concentrado e não os seus derivados semi-elaborados e elaborados. Anteriormente o estado já tentou avançar na produção de produtos intermediários e finais. A criação da empresa METASA (alguém aí ainda se lembra dela?) lá na região do Seridó foi justamente uma tentativa e agregar valor à produção local. Todavia, a crise que se abateu sobre o setor nos anos 90 (já reportada anteriormente), matou o projeto e levou a referida empresa à falência.
Esse é um segmento da economia local que promete ressurgir das cinzas. Aliás esse ressurgimento já está ocorrendo. Como o RN acabou se tornando em um curto período de tempo (entre 2005 e 2011), líder nas exportações nacionais, provavelmente isso seja uma indicação de que nossa produção á mais competitiva do que aquela oriunda de outros estados (notadamente Pará e Rondônia). Nesse caso específico, curiosamente, pode ser a logística o nosso principal fator competitivo, uma vez que nossas minas se localizam muito mais perto dos portos de escoamento do que as minas de Ariquemes em Rondônia.

Aldemir Freire

Sou Economista formado pela UERN. Em 2002 ingressei no IBGE, na carreira de Tecnologista em Informações Geográficas e Estatítisticas, como Analista Sócio-Econômico. Fui coordenador estadual da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD). Atualmente estou na chefia da Unidade Estadual do IBGE no RN.

One Response

  1. Túlio Madson disse:

    Exportamos o minério para depois comprar as ligas metálicas derivadas dele, jogão esse hein?

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