Rio Grande do Norte, quinta-feira, 28 de março de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 6 de junho de 2012

Carta Aberta de repúdio ao Governo do Estado

postado por Carta Potiguar

À Dra. Pediatra Rosalba,

A Saúde fez mais uma vítima. Matou mais uma criança. No sábado (26/05), às 17h17, Vitória Ester Pereira de Andrade, de apenas 01 ano e 03 meses, veio a óbito no Hospital Walfredo Gurgel. Causa: Falta de leitos médicos. (Falta de profissionais; Falta de investimento do Estado na Saúde; Falta de cumprimento da Constituição e do Estatuto da Criança e do Adolescente; faltas e faltas…). Por sete exaustivas horas, o pai, junto à filha, aguardou nos corredores do Hospital Sandra Celeste apenas o que se é legítimo esperar: tratamento médico.

Deparou-se com o descaso estatal e a ausência de políticas públicas efetivas para atender à sua filha e aos demais que aguardavam

atendimento e atenção. Quando, enfim, foi transferida de ambulância para o Hospital Walfredo Gurgel – maior hospital público do RN, referência estadual no atendimento de urgências e emergências para todo o estado – Vitória se encontrava sem vida, após sete horas sem nenhuma medida ser tomada. O Governo do Estado fez mais uma vítima. Uma vida cujo futuro foi subtraído na raiz da derradeira infância. Trucidado na espera de um corredor.

A falta de leitos enfatiza o caos da Saúde Pública, ressaltando sua evidente contradição: A Saúde mata, ao invés de curar. Um recente levantamento realizado pelo Ministério Público constatou que 201 pessoas morreram no Hospital Monsenhor Walfredo Gurgel em 40 dias – 40 delas por falta de leitos (Diário de Natal, 03 de Junho de 2012). 40 famílias encontraram, portanto, o mesmo fim para a espera neste hospital: a busca por leitos hospitalares transferiu-se para a procura por leitos nos cemitérios.

Esta é uma ofensa cotidiana à dignidade dos cidadãos norte-riograndenses. Até quando? É diante das injustiças que nos afirmamos. Não é possível conformar-se diante do óbito de uma criança e do pesar de um pai, de uma família – de 40 famílias. Quantas outras mortes não foram noticiadas? Quantas mais ainda serão?

Não é possível silenciar e aceitar estas mortes como normais, como naturais. É difícil defender, apenas com palavras, a vida. Por isto, convidamos todos e todas a participar do Ato pela Saúde Pública que será realizado no dia 14 de Junho, às 08 horas, em frente à Secretaria de Saúde do Estado. Para que não se esqueça. Para que não se repita. Pois até que tudo cesse, nós não cessaremos.

Centro Acadêmico Amaro Cavalcanti

Programa de Educação em Direitos Humanos Lições de Cidadania.

Centro de Referência em Direitos Humanos

Carta Potiguar

Conselho Editorial

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