Rio Grande do Norte, quinta-feira, 28 de março de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 8 de outubro de 2012

Com Hermano, Carlos Eduardo tem vitória quase garantida

postado por Fabio Farias

Caso a decisão do desembargador Vivaldo Pinheiro confirme a candidatura de Carlos Eduardo – o que é bem provável -, ele não terá muitos problemas para derrotar a chapa de Hermano Morais no segundo turno. Na verdade, a eleição de Natal tende a caminhar para tédio até o final.

Os 22,9% dos eleitores que escolheram Fernando Mineiro tendem a dois caminhos: optar por Carlos Eduardo ou anular o voto. Mesmo se o PT cometer o erro de apoiar o candidato do PMDB, outra hipótese que considero improvável, é muito difícil reverter a tendência.

A maior votação do petista foi na 3ª zona eleitoral da cidade, onde quase ficou empatado com o primeiro colocado. Lá Carlos Eduardo e Hermano Morais obtiveram a menor votação. A zona compreende a região de Capim Macio, Ponta Negra, UFRN e Cidade Jardim, um eleitorado com maior grau de escolaridade e que tende a rejeitar mais candidato de Garibaldi Alves do que o ex-prefeito.

Na zona norte, onde Mineiro também venceu de Hermano Morais, o pedetista surfou por águas tranquilas. Teve 46% dos votos válidos, tendência difícil de reverter no segundo turno. Mineiro foi o segundo colocado, numa margem apertada contra Hermano. Ali, talvez, seja a região que o peemedebista conquiste alguns votos, mas nada expressivo suficiente para derrotar o candidato do PDT.

Resta a Hermano as zonas mais conservadoras da cidade, o chamado Plano Palumbo, responsável por levá-lo ao segundo turno. É o local onde ele pode ampliar a sua votação. Mas, por compreender um número baixo de eleitores, dificilmente vai bater a decisão da zona norte de Natal.

Outro desafio será superar o voto nulo. A abstenção, que ficou em 20% do eleitorado, deve aumentar no segundo turno. Tanto Carlos Eduardo como Hermano Morais gozam de uma alta rejeição, o que desanima os eleitores. Anular o voto, neste cenário, é beneficiar o ex-prefeito, que terá menos trabalho para alcançar o percentual de 50%.

A única coisa que tira Carlos Eduardo da prefeitura neste momento é a decisão do desembargador Vivaldo Pinheiro. Se der ganho de causa à Câmara Municipal, que reprovou as suas contas, a chapa do ex-prefeito está fora do jogo por conta da lei da Ficha Limpa. Neste cenário, os votos do pedetista serão considerados nulos e quem disputará o segundo turno será Fernando Mineiro.

É uma hipótese improvável, pelo fator mais político que técnico que motivou a reprovação das contas do ex-prefeito. Apesar disso, o entendimento atual do TSE é de validar a decisão das Câmaras Municipais e ignorar o parecer os Tribunais de Contas Estaduais o que, neste caso, tiraria Carlos Eduardo da disputa.

É uma insegurança jurídica que – repito – de forma improvável, pode mudar o jogo.

Foto por Marcela Cavalcanti do dnonline

Fabio Farias

Jornalista

4 Responses

  1. Rogério Teixeira disse:

    O eleitorado, apesar de processar lentamente o está acontecendo no momento, aos poucos modificam seu olhar. Afirmar que “a única coisa que tira Carlos Eduardo da prefeitura neste momento é a decisão do desembargador”, considero ignorar completamente o posicionamento do eleitor. Existem outras possibilidades, que por menor que seja, precisa ser considerada. Apesar dos intelectuais colocar que a grande maioria dos eleitores não sabem votar. Vejo que estamos aprendendo com a dor (descaso com saúde, ruas…). Contudo, ainda com passos de formiguinhas. Mesmo assim, não podemos legitimar uma vitória, ignorando outras hipóteses.

  2. Lucila disse:

    Não sou muito fã de análises ao estilo matemático de Oswald de Souza e, também, acho que não está levando em consideração o eleitorado tradicionalmente petista, que, sim, votará em quem o PT apoiar e aquele eleitor que, embora não petista e contrátio às oligarquias políticas do RN, também votará em quem o PT apoiar por entender que, assim, será facilitado o apoio do governo federal às políticas públicas municipais. Então se, por “erro” o PT apoiar Hermano, esses votos não seriam perdidos, em tese. Também, não entendi o “acerto” estratégico de se votar em Carlos Eduardo.
    Há sempre os eleitores orgulhosos do seu voto ideológico que, provavelmente, irão fincar o pé e apostar no nulo e que, caso o Mineiro não adote o Marina Silva Style, poderão ficar, por todo o sempre, #chatiados com o PT. Esse grupo, na minha concepção, não é composto por eleitores da esquerda partidária, diga-se de passagem, mas dos eleitores intelecutalizados (porém, não esclarecidos) que você citou no artigo.
    É uma pena. Esse grupo deixará que a eleição seja decidida pelo seu curral, para o qual o prefeito terá total liberdade para governar, conforme a cartilha antiquado, já que os mesmos que se abstiveram de escolher, fatalmente, também o farão quando da necessidade de cobrar. Estratégia muito mais inteligente seria votar, declaramente, em quem quer o PT apoiasse e, por tuítes, e-mails, posts, cartas, abaixo-assinados, comparecimento em comícios e passeatas, dentre outras manifestações, deixassem bem claro que cobrarão o voto de confiança dado nas eleições de 2012. Não há nada mais temido por um político populista que o povo. Se, ao menos, soubéssemos disso.

  3. Leon K. Nunes disse:

    Discordo dessa pretensa tranquilidade. Pelo contrário. Acho que agora Hermano tende a jogar mais sujo para ganhar terreno. E outra: voto nulo ajuda Carlos Eduardo? Você está de brincadeira… o voto nulo o prejudica, porque vem de potenciais (ex-)eleitores, como a base social do PT, por exemplo, que apoiou Carlos Eduardo mas fez uma campanha de denuncismo vazio contra ele, e isso joga contra a possibilidade de essa base votar em massa no candidato do PDT. Não nos enganemos; voto nulo ajuda o Hermano. Ele é o candidato de Garibaldi (talvez até Agripino se envolva na campanha), ligado ao governo do estado. Ele é que tem o telhado de vidro, mas que está sendo blindado por toda essa parcela que ao invés de intervir nessa disputa, prefere abster-se. Hermano comemora nitidamente essa campanha de voto nulo que certos setores da esquerda estão fazendo (duvido encontrarmos esse tipo de campanha do lado da direita, nessas condições).

  4. Breno Cardoso disse:

    Acho Difícil Hermano reverter, visto que Carlos Eduardo teve praticamente o dobro dos seus votos…..

    E se houver um segundo turno entre Mineiro e Hermano não tenho dúvidas que Mineiro ganhará….

    Eu comparo a QUASE ida de Mineiro ao segundo turno a aquela velha situação em que um time está jogando muito bem no fim do Jogo: “..se tivesse mais 5 minutos o time teria feito outro gol e ganho”…. pois o PTista mineiro vinha em crescimento nas ultimas semanas e se tivesse mais 1 semana para a eleição ele, tenho certeza, teria conseguido ir ao segundo turno

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