Rio Grande do Norte, sexta-feira, 29 de março de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 19 de outubro de 2012

CEI Mirassol: publicidade e preconceito

postado por Alyson Freire

Assim como a nossa fala pode por vezes nos trair e revelar aquilo que de forma alguma confessaríamos abertamente, também as imagens revelam sem que se dê conta o que de fato pensamos sobre o mundo, ainda que a intenção e o objetivo tenham sido radicalmente outros. Isto porque as imagens condensam crenças, significados, visões de mundo, etc.. Por isso que, às vezes, uma imagem pode valer mais do que mil palavras.

Foi exatamente nesta “armadilha das imagens” em que incorreu a campanha publicitária do Colégio CEI Mirassol, elaborada pela empresa Criola – assista-o no final do texto. A propaganda exibe uma sessão de ultrassonografia onde os pais, cheios de orgulho e planos, especulam e imaginam a futura profissão do filho. Os desejos e expectativas dos pais sobre o “que o filhinho vai ser quando crescer”, se médico, juiz ou engenheiro, são intercalados com imagens depreciativas de outras ocupações, digamos, menos prestigiadas; “pai-de-santo”, juiz de futebol e palhaço.

A cada expectativa e profissão imaginada pelos pais corresponde uma outra ocupação e futuro em que se vai do sonho à frustração, do sucesso ao fracasso, do orgulho à vergonha, do prestígio social e status à condição de menosprezado.

O ser médico, engenheiro ou juiz servem como metáforas para definir o que é um futuro e uma pessoa de sucesso e prestígio ao passo que “macumbeiro”, palhaço e juiz de futebol servem para definir as marcas do fracasso, da vergonha e do desprestígio social. De um lado, os notáveis e exitosos, de outro, a ralé.

Assim, o médico, símbolo máximo da credibilidade e da ciência é contrastado com um desacreditado e mediúnico “pai-de-santo” – num claro estigma e desrespeito a outras crenças religiosas; o engenheiro, símbolo da sisudez dos cálculos tem o seu oposto no palhaço sem graça; e, por último, o juiz de direito, figura que exprime o ápice da autoridade e do respeito possui como o seu avesso, o contestável juiz de futebol, alvo máximo do desrespeito alheio e de todas as torcidas. As oposições entre as profissões exprimem, na verdade, oposições morais; credibilidade/incredibilidade, respeito/desrespeito, sucesso/fracasso. Essas oposições morais definem o valor das profissões, e, por consequência, o valor das próprias pessoas.

Ao final, a propaganda encerra com uma frase que mais parece uma contundente chantagem: “não basta sonhar com o futuro do seu filho, é preciso fazer a escolha certa”. Ou seja, o “futuro certo” e a “profissão certa” para que seu filho possa ser “gente” dependem da escolha pela “Escola Certa”, isto é, aquela que garante atingir a expectativa da santíssima trindade médico-engenheiro-juiz; do contrário, aos pais restaria não apenas ter de se contentar com sonho mas com a possibilidade real de vivenciar o fracasso, a frustração e a vergonha.

A propaganda não é apenas preconceituosa e ofensiva mas reveladora das hierarquias sociais e morais que estão depositadas na maneira como as classes médias altas brasileiras enxergam e dividem o mundo e as pessoas. Ele revela, portanto, o preconceito profundo em que se sustenta a visão de mundo dessas camadas, fundamentado particularmente na ideia da existência de ocupações e atividades superiores e mais importantes, que brindam reconhecimento e distinção social, em contraposição àquelas avaliadas como inferiores e menos importantes, marcadas pelo menosprezo e desrespeito. Eis aí a medida com a qual cada um será avaliado como alguém de sucesso e significativo para a sociedade ou simplesmente como um  “fracassado”, “inútil” e “invisível”.

É bem verdade que não foi o CEI que produziu o vídeo. Porém, sua aprovação expressa mais do que uma infelicidade: exprime a aceitação e reconhecimento da escola do conteúdo e das mensagens contidas, ainda que ela não tenha se dado conta dessas dimensões mais latentes. Muitos podem se surpreender e lamentar que uma instituição de educação admita ou deixe passar despercebido tais alusões preconceituosas e estigmatizadoras. Mas, de modo algum, isso é uma surpresa.

Afinal, conforme sustenta o sociólogo Jessé Souza, numa sociedade que consente e naturaliza a produção e classificação de “gente” e cidadãos, de um lado, e “subgente” e “subcidadãos”, de outro, é evidente que tal consenso se manifeste, ora de modo visceral ora de modo sutil, nas instituições de educação, sobretudo naquelas escolas voltadas para a formação das classes médias alta.

Que a escola e os educadores que a integram reavaliem a “pedagogia” contida na propaganda, pois a tarefa essencial da educação e das escolas na formação das pessoas é contribuir para a sua emancipação. Só podemos falar de emancipação quando esta é, também, uma emancipação dos preconceitos, quer dizer, a superação de seu poder sobre nós, nossos pensamentos e atos. E isto somente é possível questionando e criticando concepções sociais como as que estão presentes na peça publicitária.

Assista o video:

CEI Mirassol 2013

 

Alyson Freire

Sociólogo e Professor de Sociologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN).

71 Responses

  1. Daniel Menezes disse:

    Essa é a cara da Carta Potiguar!!!

  2. Rodrigo Servulo disse:

    O problema de certas propagandas é que, quando feitas para um público alvo, podem virar alvo do público.

  3. Felipe disse:

    Um ponto crucial do comercial, que parece não ter sido captado pela maioria das pessoas, é que ele não trata apenas do macumbeiro, do palhaço e do juiz de futebol como retratos do fracasso. Ele mostra um macumbeiro ruim, um palhaço ruim e um juiz de futebol ruim. E mostra claramente. Na minha opinião, a avidez por criticar as produções locais, de certo modo, cega as pessoas para detalhes simples.

    • Carolina disse:

      Se a intenção fosse a de mostrar profissionais ruins pq não mostraram um péssimo médico, um engenheiro incompetente e um advogado irresponsável? Não concordo contigo. Está nítido que a intenção foi mostrar profissões pouco almejadas e de forma a ridicularizá-las.

    • Obviamente se a intenção fosse essa mostrassem um profissional ruim de cada uma dessas funções

  4. Excelente reflexão. Não estava conseguindo sistematizar o que senti ao ver o vídeo, de tão patético que é. Me sinto totalmente contemplado pelo artigo.

  5. Frank disse:

    Se o ponto era o ser fracassado em profissões, porque não usou pessoas frustradas em profissões corriqueiras, “mais aceitáveis”? A escola não se preocupa com a formação humana? Com a vocação? Não viu que o VT é estúpido também?

  6. Joao disse:

    Só tem hipócrita aqui, o sonho de vcs é que os seus filho sejam palhaço, macumbeiro ou juiz de futebol?

    • Gabi disse:

      melhor ser pastor, né, da mais grana!

    • Jorge disse:

      Hei playboy, você esqueceu seu QI em casa? Qual é o problema em as pessoas tomarem rumos diferentes em suas vidas? Creio que aqui todos, ou quase todos, querem que seus filhos tenham um profissão digna, sejam bem sucedidos de felizes nela, tenham a liberdade de escolhê-las e que a sociedade não reproduza essas verborragias que estigmatizam negativamente profissões, ou crenças de A ou B.

    • Yuri disse:

      Já ouviu falar em Cirque du Soleil, retardado?
      Prefiro que meu filho seja um palhaço lá do que um juiz corrupto nessa cidadezinha de mente pequena

    • Rafael Bessa disse:

      Qual o problema de alguém escolher alguma religião de matriz africana? Folclorizar e caricaturizar o Candomblé ou a Umbanda é a prova de um preconceito que já passou da hora acabar. Menosprezar qualquer profissão é sinal de uma mentalidade provinciana. Fazer isso publicamente em uma propaganda totalmente deplorável.

    • Pablo disse:

      Ei playboy, Juiz de futebol dá dinheiro viu!? =D

  7. Carolina disse:

    Eu acho difícil que mais do que 1% das pessoas que estudem ou tenham filho no CEI achem alguma coisa errada na propaganda. Apenas corresponde ao modo de pensar do público alvo. Infelizmente!

  8. Lucas disse:

    A propaganda, a publicidade e o marketing são verdadeiros insultos ao pensamento. Excelente análise.

  9. Julio Bezerril disse:

    Este vídeo é um absurdo, um “coice” na sociedade.

  10. Lívia Aires disse:

    Concordo com Felipe! Primeiro vi sem o áudio e de cara percebi que o vídeo retrata profissionais (macumbeiro, palhaço e juiz de futebol) sem sucesso. Entendi ainda que não adianta o pai pensar na profissão do filho, por “melhor” ou mais rentável que ela seja (ou que o pai acha que vai ser), se o filho a exercer de forma medíocre.

  11. Biguilho disse:

    Não Cei não…

  12. Lucila disse:

    Parabéns pela análise.

    CEI tem uma proposta pedagógica muito boa, para uma formação
    holística, democrática, cidadã. Na ótica de educadora que já fui, permite ao
    professor o planejamento necessário ao ofício, o que está muito longe da
    realidade atual da Educação, mesmo privada, e o aluno é o único beneficiado.
    Muitos bons profissionais que hoje conheço vieram do CEI, sejam médicos,
    engenheiros, juízes, administradores, jornalistas ou biólogos. Mas, esses
    resultados positivos tiveram um efeito colateral: atrairam um público mais
    interessado no resultado prático que no processo. Bom para o cliente, péssimo pra
    formação. Porque, quem pensa assim, quer ver o retorno do investimento na mesma
    moeda: lucro e status. Nas palavras que bem poderiam sair da boca de um jovem aluno
    do CEI, diria que a escola “orkutizou”… E, esse público é bem
    lucrativo para a escola, que também é um negócio e, como tal, objetiva agradar
    o cliente. Essa propaganda é o reflexo disso. Se o objetivo da publicidade é
    atingir o público-alvo e agradar o cliente, a agência está de parabéns. Alguém
    disse aqui que a agência mostrou um mal profissional (seja macumbeiro, palhaço
    ou juiz de futebol). Alguém argumentou que o mal profissional poderia ser um
    médico, engenheiro ou juiz, conforme os sonhos dos pais. Mas, os “pais do
    CEI” não se preocupam com a formação do profissional dos seus filhos. Se
    preocupam com o retorno financeiro da profissão. Isso é péssimo, não só para o
    profissional, mas para a sociedade. Pensem nas implicações de um mau médico,
    mau engenheiro, mau juiz, mau auditor (sonho de consumo de 11 entre 10 alunos
    do CEI). Essa propaganda é mais do que ruim. É um manifesto.

  13. O conceito é ‘bom’. A execução é pífia. Matou uma boa ideia, deu margem para muitas interpretações equivocadas. É muito mais evidente a comparação entre 3 profissões, supondo que uma seja superior a outra, do que a ideia de que se o garoto não estuda no CEI ele vira um profissional mal-sucedido, de fato se quisesse mostrar isso faria como a Carolina falou em resposta a Felipe, que mostrasse os mesmo profissionais almejados em uma situação de fracasso. Intenção do roteiro ou uma escolha infeliz ? sinceramente não sei. O pior de tudo, indo além das discussões da peça final é inquietante saber que o conceito por trás desse desastre de execução é (numa visão puramente publicitária) bom e atinge o público alvo porque explora justamente a realidade dos pais escolhendo a profissão dos filhos e não o contrário.

  14. Caio Cesão disse:

    Depois de tantas publicações do tipo “Vote Mineiro”, “Mineiro é melhor”, “Vote Carlos Alves”, “Carlos Alves é melhor”, “Quem vota nulo é burro”, etc…

    …eis que surge este excelente artigo. Parabéns!

    Confesso que de imediato eu não perceberia o atentado desrespeitoso que consta em seu teor do vídeo.

    Muito bom!

  15. Galera falou de que isso é “perseguição” a produções locais, queria atentar que apesar do cliente ser local o VT não foi feito aqui. E outra, não é por ser local que o cara tem que engolir um argumento ruim não.

  16. Danielle disse:

    Bem, meu filho estuda há um ano no CEI mirassol, não sou nem um pouco rica, so me esforço para dar uma edicação de qualidade ao meu filho, educação estudo e educação valores, acredito que a propaganda poderia ser diferente, mas posso assegurar que a escola é maravilhosa, que não ensina tipo algum de preconceito a seus alunos e que meu filho deu um salto na sua evolução, tanto no estudo, quanto como criança maravilhosa que é! No CEI Mirassol não só tem só filho de rico, como ouvia antes de colocar meu filho lá, mas tem filho de pais de várias classes econômicas, assim como tem no Comtemporâneo, no Salesiano e em diversas outras escolas de preço semelhante ao CEI, não acho justo de coração falarem assim do CEI, e tenho certeza que por mais que se interprete a propaganda dessa maneira, a intenção da escola não foi passar o que está sendo interpretado aqui, embora eu ache que realmente deveria ser de outra maneira! Enfim, o que posso dizer é que estou muitíssimo feliz e satisfeita com o CEI mirassol, que as professoras são espetaculares, a estrutura da escola nem se fala, e que o CEI realmente ensina as crianças a pensar, meu filho maravilhoso é prova disso! CEI Mirasso, até o fim!!MM

  17. Andressa disse:

    Nada mais difícil pra um adolescente do que escolher a carreira! Já é tão complicado lidar com as expectativas dos pais, que dirá com a expectativa do próprio colégio que ao invés de estimular a autonomia e liberdade de escolha, setoriza as escolhas “positivas” e “negativas”! Como o texto bem coloca o “sonho” vs a “frustração” dos pais!

  18. Gilberto disse:

    Ficou a cara do CEI!

    “Jamais desdenheis os que fazem trabalhos mal remunerados. Há grande dignidade e valor em qualquer ocupação honesta. Nunca useis o termo inferior para qualquer ocupação que melhora o mundo ou as pessoas que nele vivem. Não há vergonha no trabalho honesto”

    Boyd K. Packer,

    • Matheus disse:

      Muito boa a citação do Presidente Packer!

    • Packer disse:

      A falsidade é o projétil invisível,

      que disparado pela boca hipócrita, atinge sem pudor,

      o interesse do beneficiado.

    • Flavio Cavalcanti disse:

      Nunca vi tanta hipocrisia, trata-se de uma propaganda de HUMOR, esse pantinho todinho só por que foi o CEI quem fez??? Sinceramente, o professor se aproveitando da situação e de sua popularidade no meio acadêmico e sua opnião ou não, usou a propaganda como “escada” para crescer, gerar repercussão, polêmica e seu nome APARECER, basta ver os outros conteudos que embora interessantes não dispertaram interesse do público no sentido dos comentários(não era o CEI ne..). Parabéns professor, conseguistes os teus 5 minutos de fama, levantastes o debate com essa cambada de hipócritas(perdão pela forte expressão da palavra Srs. Hipócritas politicamente correto) e obteve o seu objetivo, ó imaculado professor. Estudei no colégio CEI, tenho 34 anos, sou Engenheiro, pai de duas belas meninas, que só nao estudam lá por que moro em outra cidade. Novamente parabenizo pelos 5 min de fama.

  19. Cap Costinha disse:

    Amigos, o CEI retirou a autorização dos comentários no youtube do vídeo, pois parece que os comentários não agradaram os empresários da “educação” .

  20. Rafael Cachina disse:

    Esse
    falso “senso do ridículo” ou, a incessante busca pelo politicamente
    correto é que freia a criatividade. A qualidade do filme é fantástica, a
    técnica e o investimento foram muito bem feitos. O que se discute, é a
    MENSAGEM. Aliás, vale dizer: hipocrisia não rima com Publicidade.

  21. Nise Walker disse:

    Clique lá de novo, que eu acabo de assistir.

  22. Edmo das Virgens disse:

    Se fizessem igual as propagandas da petrobrás, colocando um juiz negro, um médico japonês e uma engenheirA não tinha ninguém falando nada.
    Estudei no cei até a sétima série e isso foi fundamental. Nem cap nem objetivo chegaram perto.
    Hoje sou engenheiro me considero bem sucedido se eu morasse em natal meus filhos com certeza estudariam lá.

  23. faustino disse:

    O que o COMERCIAL reflete não é nada mais que o pensamento capitalista, mercantilista, em mais um dos seus ramos de atuação: o mercado da educação. A educação no Brasil é pensada desde o primeiro dia de aula até o último do ensino médio com um único objetivo: ocupar uma vaga em universidade federal, e alguns estabelecimentos como o CEI vendem o passaporte de forma, digamos, mais garantida. É a mola propulsora desse “sonho”, é a competição capitalista alimentada pela concorrência do mercado e o anseio do retorno financeiro como recompensa ao investimento feito. O modelo de educação que se alimenta e se propaga é o privado como única solução para a ascensão social. Não se investe na escola pública como forma de garantia de igualdade minimizando as estratificações sociais. A classe mais abastarda ocupa sempre as profissões top, de maior retorno econômico, enquanto para as classes sem ou com poucas oportunidades restam as profissões “secundárias”, se a classe A forma os médicos as outras classes formam os técnicos de enfermagem, os enfermeiros, os “auxiliares”. A sala de cirurgia reflete também as hierarquias sociais, que se refletem também no estacionamento do hospital, por exemplo. A educação no capitalismo não prioriza as relações humanas e as profissões que não reporta a lucros excessivos, ela não se preocupa com a satisfação pessoal em se realizar em uma atividade profissional que faça-a com amor. O amor é ao lucro, centro do universo do capital. O CEI ou qualquer outro estabelecimento comercial de educação vai vender sempre a mesma ideia enquanto não se mudar a perspectiva do pensamento contemporâneo sobre o real sentido do que seja Educação: educar para a vida, para a reflexão, para o respeito à diversidade, para o agir e o pensar de forma articulada, crítica e autônoma. Que a educação seja o caminho para a felicidade realista e prazerosa. Quanto ao comercial do estabelecimento, deveria ser tirado do ar em respeito ao mínimo de educação que possa ter por lá e uma nota de desculpas do CEI às religiões afro-brasileiras, ao palhaços que tantas alegrias nos dão, inclusive às crianças daquela escola e aos seus pais, aos árbitros de futebol personagem indispensável ao esporte mais querido do país. Caso contrário, 30 segundos podem desconstruir 30 anos de trabalho. Uma certeza temos: a educação é o princípio organizacional da sociedade capitalista-informacional e sua fiel moldura, os hábitos comerciais. As profissões que mais geram lucros, serão sempre as mais valorizadas, as menos lucrativas, serão discriminadas e rechaçadas, afinal o dinheiro nessa sociedade é o deus onipresente, onipotente e onisciente. Existem escolas que se dispõem a isso e pais que prezam por seus serviços.

  24. Eu ainda estou perplexo com esse video e ainda mais pelo comportamento do Cei de ter cancelado comentarios ao video e não mostrar a quantidade de “não gostei” que o video recebeu. Simplesmente nojento o comportamento dessa insituição de ensino elitista.

  25. Alyson Freire disse:

    Olá, agradeço os comentários, fico bastante feliz pelo fato de a maioria das pessoas, com o sem a ajuda do meu texto, terem percebido o caráter preconceituoso da propaganda.

    Gostaria de ressaltar um ponto importante que uma leitura apressada ou emocionada demais pode incorrer. Em meu artigo não entro no mérito se a Escola é ou não preconceituosa, se oferece ou não educação de qualidade. Não conheço os seus curriculum, projeto político pedagógico nem o cotidiano do CEI. O mesmo vale para a empresa Criola. Qualquer afirmação nesse sentido seria leviano.

    Minha crítica se direciona mais a visão de mundo preconceituosa e estigmatizadora que tanto a empresa publicitária, autora do video, quanto a escola, que aprovou a propaganda, contribuem para reforçar e reproduzir, apesar de ambas não o fazerem de modo consciente e deliberado. O que temos na propaganda é um consenso moral sobre a classificação das pessoas, seu grau de valor e importância. E isto ultrapassa instituições específicas, embora não se consolide sem a atuação destas. Trate-se de um consenso socialmente compartilhado, em particular pelas classes médias. É este consenso moral sobre o valor das pessoas o alvo da minha crítica. A Criola ou o CEI entram apenas no sentido de expor e ilustrar como tal visão de mundo é incorporada e transmitida por instituições e organismos sem que estas se deem conta ou desejem fazê-lo de modo deliberado. Eis aí o segredo de sua eficácia e força.

    Evidentemente que o caráter pré-reflexivo do preconceito não blinda o CEI e a Criola de críticas. Muito pelo contrário. As críticas devem ser feitas, pois geram debate e aprendizado. E, assim, o que antes era pré-reflexivo e inconsciente pode ser tratado com reflexividade e consciência. A crítica e o debate trazem à luz os pressupostos e paradigmas tácitos que operam em nós sem que o saibamos totalmente.

    Nesse sentido, o questionamento principal que cabe não é simplesmente saber qual é a percepção das instituições ou das pessoas sobre a sociedade, isto é, o que elas afirmam ser sua visão de sociedade, mas sim a visão que elas praticam, que se expressa em seus atos concretos.

  26. Atentem que uma ideologia muito semelhante estava presente nesse comercial do projeto de Ruth Cardoso, falecida ex-primeira-dama: http://www.blogdodanieldantas.com.br/2012/10/alfabetizacao-solidaria-e-cei-mesma.html

  27. Hipócrita disse:

    Galera aqui arrota hipocrisia…

  28. Caio Cesão disse:

    Só um recado ao Daniel “Mainardi” Menezes:

    Daniel, aprende aí com o seu amigo Alyson como se faz um bom artigo. Vai melhorar muito o nível da Carta Potiguar se você aprender a escrever e analisar como ele.

  29. Ádamo disse:

    Parabéns pelo artigo, Alyson Freire. Parabéns à Carta Potiguar pela publicação, não a imagino numa TN da vida. Com relação ao vídeo, exprime a visão do mundo da elite potiguar. Poderia dizer que essa visão do mundo é inerente ao brasileiro, mas infelizmento sinto que é isso é mais forte na nossa capitania potiguar, onde a sua profissão, suas roupas, adereços, posição da família e até a quantidade de poliíticos que você conhece é determinante na forma de como você será tratado.

  30. Franklin disse:

    Não radicalizaria chamando-os de preconceituosos. Acredito que a propaganda apela ao bom senso procurando mostrar um bom retorno ao seu investimento. Ou vocês acham que qualquer um de nós cogitaria matricular um filho em uma boa escola particular sem vislumbrar um bom retorno para ele? Há profissões que exigem do profissional maior grau de instrução(o que não implica que sejam superiores). E é essa, ao meu ver, a essência da mensagem da propaganda: para os pais que sonham em ver seu filho atuando em uma profissão que exige alto grau de instrução, nada melhor que matriculá-lo no CEI.

    • Lucila disse:

      Por isso, a publicidade está certa. Agrada ao público-alvo e ao cliente. Mas, o conceito, não. Educação não é, apenas, um investimento, assim como filhos também não o deveriam ser. Ainda, o sonho profissional não deveria ser dos pais, mas do aluno, após a formação básica que a escola e a família daria. Os pais e a escola devem se preocupar com essa formação, principalmente. Se a publicidade de uma escola não infatiza isso, reflete essa inversão de prioridades, no público-alvo e no cliente. Algo está errado.

  31. Já deu pra perceber que se eu tivesse um filho estudando nessa escola, o primeiro dia que eu fosse buscá-lo, já iriam chamar a policia pra mim de imediato!
    AEUAHUWEHUAWHEUWHAEU

  32. Seven disse:

    Engraçado que o próprio CEI admite sua campanha falha ao desabilitar comentários e depois de um tempo desabilitar a avaliação do vídeo, que já estava em mais de 90% negativa. Qual será o próximo passo?

  33. Adilson disse:

    A cara dos Play fililhos papai que grande parte sao uns burros que so conseguem as coisas por causa de influencia ou grana otimo Cei…

    • Royce disse:

      Eeeei boy, deixa de ser hipócrita mané, esse homi quer dizer q se ganhasse uma bolsa lá num ia não é? Só pq tem play??? To cagando pra play irmão, péssimo seu comentário! Hipócrita

  34. maria andrade disse:

    É IMPORTANTE ESCLARECER QUE O TRADICIONAL COLÉGIO CEI ,COM 40 ANOS DE ATIVIDADE NA ÁREA EDUCACIONAL ,NADA TEM A VER COM O CEI
    MIRASSOL,INSTITUIÇÃO DE ENSINO FUNDADA EM 2010 PELA SÓCIA EXCLUIDA DA SOCIEDADE ANTERIOR POR DETERMINAÇÃO JUDICIAL.

    • Ana julia disse:

      Olha a outra querendo se sair!! Ridíiiiiiiiculo!! kkkkkkkkkkkkkkkkkkk #escolapublicarutz

    • Lívia Aires disse:

      Maria Andrade, que eu saiba, a determinação judicial foi de divisão do patrimônio para as duas sócias, já que até o processo judicial, o tradicional Colégio CEI, com 40 anos de atividades na área educacional, tinha duas unidades (Mirassol e Romualdo), formando uma só escola. E até onde sei, o CEI iniciou mesmo em Mirassol.

  35. Edilene Hochstadt disse:

    CEI noção! Que escola é essa que ensina a não valorizar e respeitar as demais profissões? Absurdo total! Que sociedade mais preconceituosa é esta e reflete até nas escolas. Péssimo!

  36. Lars E. disse:

    Muito engraçado como esses sociólogos se acham o ápice da evolução cultural humana… kkkkkkkkkkk O vídeo é para ser, minimamente, jocoso, e, de fato, as profissões que todos os pais desejam para seus filhos são sempre as melhores, as mais prestigiadas, e, sim, as mais importantes. Ou vai dizer que sua mãe sonhava com você fumando maconha no setor II da UFRN fazendo um curso de segundo, quiçá, terceiro, escalão?

  37. Ana Flavia disse:

    Nossa quanta hipocrisia e falso moralismo! “Na boca de quem não presta, todo mundo é ruim!”

  38. Raniere disse:

    A imprensa potiguar precisa de artigos e analistas assim. Se queremos que um dia Natal e RN sejam outra coisa que não esse provincianismo tacanho e elitista é preciso pensamento crítico para mudar as próximas gerações. Parabéns!

  39. Francislí Costa Galdino disse:

    Parabéns pelo belissímo artigo Allyson Freire! Suas palavras dialogaram perfeitamente sobre a imagem, o poder desta e o social, de maneira clara e muito contudente.

    Bem, ainda estou em choque com o vídeo que vi, pois trabalhei na instituição durante dois anos e tenho uma filha que estuda lá há três.

    Generelizar não é nada bom. Sou professora de língua inglesa de escolas publicas e privadas e de longe sei que não tenho o “padrão” social que se espera de uma família que matricula seu filho no CEI MIRASSOL, porém, nem por isso, me sinto ou cheguei a me sentir deslocada da escola e do convívio com os demais pais e mães.

    Escolhi a escola por ver, na prática, como funcionária, a seriedade com que os profissionais levam o educar, e que desde cedo as crianças, ainda pequininas, são instigadas à pensarem como no método científico, formatando hipóteses e testando-as dentro de seus projetos trimestrais de ensino.

    Há sim uma boa parcela dos pais da referida escola que sentir-se-a representada pelo vídeo e que não verá problema algum nele. Assim como há uma parcela que, como eu, sentiu-se envergonhada em ver que os mesmos preconceitos de nossas sociedade em relação aos profissionais “sem status sociais” nela existentes foi vergonhosamente discriminada, chacoteada e humilhada na declaração do “escolha o melhor”.

    A questão mais inaceitável para mim é ver que, a escola que trabalhei, que vivenciei, que admirei, que faço de tudo para poder manter minha filha lá estudando, segue perpetuando os mesmos valores de uma sociedade hipócrita que, essa mesma escola, em sua filosofia do “ensinar a pensar”, ensina a manter o preconceito e a discriminação social, em um vídeo com imagens que chocam, envergonham e entristecem.

    Se a agencia é do nosso Estado ou não, isso pouco importa: foram contratados e pagos para fazerem o trabalho, e o fizeram, muitissímo bem, tanto que estamos aqui, discultindo sobre o mesmo. O que me deixa perplexa é saber que o conselho da escola aprovou isso.

    Hoje, pela manhã, conversei com algumas mães da educação infantil sobre o assunto. Elas não conseguem conceber algo assim, e como eu, estão sem palavras para exprimir a decepção que o vídeo é, pois ele desconstroi o que nós como pais e mães vemos dia a dia em nossos filhos, uma escola com excelentes professores, acompanhamento pedagógico sério, planejamentos semanais, cursos de capacitação, excelente estrutura, dentre outros aspectos que me fizeram por ela escolher e indicar.

    O que posso eu fazer? Como mãe, ex-funcionária e educadora expor a minha não aceitação com tais valores em uma reunião, momento esse que já foi marcado. Como cidadã, jamais permitir que algo assim se propague no silenciamento.

    Compartilhemos, então!

    • Lucila disse:

      Também fui professora do CEI, por um curto e instrutivo período. Sei que são profissionais como você que fizeram o prestígio da escola e só pais, cidadãos como você, que poderão evitar que a escola adote essa visão deturpada da educação. E, mais, a retrate publicamente.

  40. Eric disse:

    Estive em Natal no final de semana e soube do caso.
    Acabei também publicando um post para colocar meu ponto de vista:
    http://ecode.messa.com.br/2012/10/um-caso-regional-de-gerenciamento-de.html

  41. anonimus disse:

    poxa, assisti o vídeo e não achei esse absurdo todo não…infelizmente vivemos em um mundo de hipocrisia, nada contra quem tem uma opinião contraria a minha, mas quem é o pai que sonha em ter um filho ”curandeiro” ou ”palhaço”? não to querendo dizer que profissão A ou B eh mais ou menos digna, so to querendo dizer que a hipocrisia reina no mundo desses ”pseudo-formadores de opinião”…

  42. joanapaivamelo@gmail.com disse:

    ACREDITO QUE A VERDADEIRA INTENSÃO DA PROPAGANDA NÃO É PRECONCEITUOSA, MAS FOI ELABORADA DE FORMA AMADORA, JÁ QUE QUANDO DIVULGA-SE ALGO, O MESMO NÃO PODE PERMITIR DUAS INTERPRETAÇÕES. MAS ISSO OCORREU E A MÍDIA CAIU EM CIMA.
    EM RELAÇÃO AOS OUTROS COLÉGIOS, ACHO RIDÍCULO A ATUAÇÃO DE ALGUNS QUE TENTAM BENEFICIAR-SE DE TAL FATO, DEVERIAM CONQUISTAR ALUNOS POR MÉRITO PRÓPRIO E NÃO DESMERECENDO AS DEMAIS INSTITUIÇÕES DE ENSINO.
    QUANTO AOS QUE DIZEM QUE O CEI MIRASSOL SÓ TEM “play” DEVERIAM INFORMAR-SE MELHOR. DESSA FORMA POSSO AFIRMAR QUE O CEI MIRASSOL TAMBÉM É DISCRIMINADO, UMA VEZ QUE TAL CONCEITO É: TRATAR DIFERENTE, ENTÃO ESTÃO TRATANDO OS ALUNOS DO CEI MIRASSOL DE FORMA DIFERENTE, CRIANDO UM ESTERIÓTIPO. POR QUE TODOS ELES DEVEM SER “plays”?
    A ESCOLA NUNCA DESVALORIZOU QUALQUER PROFISSÃO, NEM CLASSE SOCIAL, A PROPAGANDA NÃO VEICULA NADA DISSO. A SOCIEDADE QUE ATRIBUIU ESSE OLHAR PRECONCEITUOSO ÀS PROFISSÕES.
    O INTUITO ERA MOSTRAR QUE SEU FILHO PODERÁ DESEMPENHAR BEM A SUA PROFISSÃO QUANDO ESCOLHER O CEI MIRASSOL, É TANTO QUE, NA PROPAGANDA,O PALHAÇO NÃO TEM GRAÇA, O JUIZ DE FUTEBOL NÃO É BOM E O CURANDEIRO TAMBÉM.
    ENFIM A ABORDAGEM PODERIA SER MAIS DIRETA, SEM DEIXAR MARGENS PARA OUTRAS INTERPRETAÇÕES MALDOSAS.

    • Joana Darc disse:

      É ISSO MESMO MINHA AMIIIGA!! ENTENDI O MESMO QUE VOCÊ, ATÉ QUE ENFIM ALGUÉM COM JUIZO E SEM HIPOCRISIA!!

  43. Lui disse:

    Essa propaganda só chamou atenção porque foi bem produzida e é do Cei. Sinceramente, TODOS OS ANOS, TODOS OS COLÉGIOS fazem propagandas EXATAMENTE NO MESMO SENTIDO e nunca vi uma viva alma para levantar a bandeira da inquisição contra elas. O marketing de todos os cursinhos e escolas, em época pré ou pós-vestibular, é referente aos cursos mais concorridos das universidades. O brasileiro é falso moralista, sem humor e tem uma pretensão inesgotável de ser politicamente correto, quando pouco ou nada contribui para o desenvolvimento social fora das absorventes redes sociais. Pequenos pôneis sendo chamados de malditos não pode, porque desvirtuam uma imagem infantil. Até um viciante “compre batom” hoje em dia seria antiético, por tentar “manipular” crianças. Haja paciência nessa era de polemização por tudo!

  44. Faltou um pouco de coragem na “explicação” postada nos comentários. Mas o restante esta muito bom.

  45. Anônimo disse:

    Tudo é verdade, desde que você acredite. A propaganda pode, pra você, ter passado essa mensagem, mas não vejo assim. O que você falou é bem verdade pra você, pois é assim que quer enxergar. A propaganda relata o que a sociedade brasileira sonha, podemos até tirar uma crítica dela, mas nada preconceituosa. É verdade que todo pai tem sonhos para seus filhos e, em nenhum momento, a propaganda deixa claro que as profissões de pai de santo, juiz de futebol e palhaço são menos que alguma outra. Qual pai sonha que seu filho vai ser pai de santo, palhaço ou juiz de futebol? É essa a mensagem que a propaganda quer passar. A única crítica que podemos tirar é esta que (eu nem tiraria esta crítica, mas é a única disponível) os pais sempre têm sonhos pros seus filhos, sem mesmo saberem o que ele quer ser quando crescer. É fato que se um pai sonha que seu filho vai ser médico, ele não ficará muito feliz ao vê-lo como pai de santo, mas em nenhum momento a propaganda exibe preconceitos contra as profissões, apenas contra os sonhos dos pais que não foram realizados e ponto final. Sempre que mostra os rumos que seus filhos tomara, o vídeo toca um musiquinha de “deu errado”, mas não quer dizer que a profissão é, por sí só, uma péssima, apenas que o sonho do pai não foi realizado e pronto.

  46. Cássia disse:

    Vários já falaram sobre o preconceito expresso no vídeo. Gostaria de chamar atenção para o que começa a acontecer hoje em dia. Mais e mais pais começam a falar do vestibular quando o filho entra na escola primaria. Isto é um pulo imenso! Ele deveria estar pensando na formação deste SER, com a sua participação e apoio assíduos. Um absurdo é uma propaganda que incentiva isto.

  47. Tiago disse:

    Achei infeliz a propaganda, mas nada se compara a propaganda selvagem de outros colégios como o do Overdose!

  48. Tio Taz disse:

    Bom, eu como palhaço, como artista circense e como professor de história, não posso deixar de sentir o preconceito por trás dessa “propaganda”. É terrível que JUSTAMENTE uma ESCOLA, um ambiente que deveria propor a tolerância e o caráter em primeiro lugar, já de prévia chame a atenção de um público que, a julgar pela mensagem e pelo mote, é de pronto preconceituoso! “Meu filho, palhaço? Meu filho, pai de santo?” – a pergunta deveria ser… “meu filho, com autonomia moral para decidir seu próprio futuro?” e então teríamos uma escola formadora de SERES HUMANOS, e não de PROFISSIONAIS. Fica o repúdio…

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