A UFRN tentou aprovar hoje, sem sucesso, o repasse dos seus hospitais, que passariam a ser geridos pela empresa estatal nacional (EBSERH) criada para tal função. Não conseguiu em decorrência do tumulto gerado por parte de um grupo de estudantes, professores, funcionários e sindicalistas que são contrários ao projeto (ver nota abaixo emitida pela reitora).
A oposição a reitora se portou de modo, no mínimo, inapropriado. Impediram a entrada de funcionários e professores nos recintos da reitoria, apagaram as luzes, usaram sirenes, azeitaram o ambiente com muitas provocações, em resumo, fizeram de tudo para a reunião do conselho que iria deliberar não ocorrer. Conseguiram.
Porém, a resposta da administração da UFRN foi igualmente infeliz. Ao invés de buscar os meios para restabelecer a ordem democrática, pelas vias institucionais, um pró-reitor agrediu o presidente do SINTEST e vereador eleito Sandro Pimentel.
Hostilidade de ambos os lados e a base para o diálogo cerceada.
DEBATE
A transferência administrativa dos hospitais universitários para a EBSERH merece maior debate. Há pontos que precisam ficar mais claros. Neste sentido, os opositores têm todo o direito de pedir mais discussão. A comunidade universitária precisa ser envolvida.
SINTEST
O interesse oculto do Sintest, para além do que já foi exposto, diz respeito a possíveis terceirizações brancas, que ficariam mais fáceis com o repasse dos hospitais. As terceirizações enfraqueceriam o sindicato simbolicamente, na medida em que as deliberações não mais passariam por ele; como também financeiramente, já que a contribuição sindical do funcionário contratado pela empresa seria dispensada.
DEMOCRACIA
Agora, é engraçado ver como as opiniões mudam conforme a disputa. O mesmo grupo de professores que pedia plebiscito para aprovar a greve, é o que acha o método de consulta, para o caso dos hospitais, desnecessário.
É uma democracia que funciona assim: quero ampla consulta pública quando sei que vou ganhar. Não quero o risco de perder. Se essa possibilidade estiver presente, que seja aprovado sem debate, numa salinha do cantinho do prédio.
Se o novo marco administrativo é tão positivo, por quê o medo de envolver a comunidade universitária e desenvolver a discussão?
FRAQUINHA
A reitora Ângela Paiva também demonstra que é ruim de articulação e vem se mostrando incapaz de resolver conflitos políticos. Em suas mãos, qualquer pingo de água se transforma numa grande tempestade. Vive abastecendo a oposição de munição contra si própria e seu grupo gestor.
Nota da UFRN sobre a reunião do CONSUNI
A Reitoria da UFRN lamenta profundamente a ocorrência dos fatos que impediram a conclusão da reunião do seu Conselho Universitário, que teve inicio no dia 31 de outubro de 2012, no auditório da Reitoria para deliberar acerca da sua adesão à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH).
A EBSERH é uma empresa pública vinculada ao MEC com 100% de capital integralizado pelo Governo Federal, criada para fazer a gestão dos hospitais universitários federais.
Na reunião houve a apresentação do parecer favorável do relator, em seguida foi concedido aos representantes do SINTEST e da FASUBRA igual tempo para apresentar seus contra-argumentos, como também foi facultada à palavra para manifestações dos conselheiros.
O assunto foi amplamente discutido, mas antes de submetido à votacão, foi apreciada a proposta do SINTEST para que o Conselho decidisse sobre a possibilidade da matéria ser submetida a um plebiscito no âmbito da instituição. No entanto, esse encaminhamento foi rejeitado pelo pleno do colegiado por 42 votos contrários e 12 votos favoráveis.
Inconformados com o resultado desfavorável, um grupo passou a adotar métodos truculentos que inviabilizaram a continuidade da sessão do colegiado, desligando as luzes do ambiente, impedindo a livre circulação e ameaçando a integridade física dos conselheiros. Atos praticados com a colaboração de pessoas externas à UFRN presentes à reunião.
Diante disso, não houve outra alternativa senão suspender o curso da sessão, sendo remarcada a sua retomada para o dia seguinte, 01 de novembro de 2012, a fim de ser votado o mérito da questão, o qual já havia sido democraticamente debatido e discutido antes da primeira votação.
Novamente, a sessão do CONSUNI foi igualmente frustrada por atos de violência das partes que são contrárias à adesão, impedindo pela força bruta e pessoal a tentativa de ingresso no novo local designado, o auditório da Secretaria de Educação a Distância.
Diante desses fatos, inclusive com registro de agressão física contra autoridades universitárias e conselheiros do CONSUNI, a Reitoria não teve outra alternativa, no momento, senão cancelar a reunião.
Ao mesmo tempo, a UFRN adotará providências pertinentes para que a matéria seja decidida posteriormente, observando-se integralmente as normas que regem a vida universitária previstas no seu Estatuto e Regimento Geral, inclusive tomando também providências legais para a análise das situações que ultrapassaram os limites da civilidade.
Natal, 01 de novembro de 2012.
ANGELA PAIVA CRUZ
Reitora da UFRN
Daniel a julgar pela forma PT de governar é no mínimo muito estranho essa empresa, não conheço o tema a fundo mas ta cheirando muito mal, ainda mais quando se tem a possibilidade de terceirizar indiscriminadamente. Concordo com você com relação ao significado da palavra democracia, todos amam a democracia quando se tem certeza que vai ganhar, mas as favas com a democracia quando se perde, e isso vale para a direita, esquerda, centro, de cabeça pra baixo isso só mostra que temos muito o que avançar ainda nesse quesito
Olha, ambos os lados estão errados.
Aliás o que se percebe é que tanto a administração central como os sindicatos são reféns de práticas coronelistas e arcaicas.
O ex-coordenador-geral do Sintest/RN e boa parte do grupo que comanda o sindicato mostraram uma postura de valentia e fúria contra o Governo Central, mas na hora de combater os piores vícios presentes na gestão da UFRN (a prática dos 2 pesos, 2 medidas, o assédio moral contra servidores, o autoritarismo de algumas chefias, a arrogância de certos professores, o peleguismo de certos pro-reitores, a jornada injusta de trabalho, etc.) tergiversam e demonstram covardia em combater tais males.
A reitora Angela Paiva e sua vice Fátima Xiemenes são sem sombra de dúvidas mulher de excelentes intenções e leais para com o funcionalismo. De ambas só tenho que fazer elogios.
Mas elas estão arrodeadas de pro-reitores e subchefias autoritárias que tratam os servidores como ralé, impedindo que os mesmos p.exemplo, se afastem com remuneração para fazer um mestrado ou doutorado.
Quanto a EBSERH, é obrigação que toda comunidade universitária se envolva, inclusive os estudantes, que precisam deixar a alienação e a indiferença de lado – algo que foi sentido na greve dos servidores, quando muitos nos trataram com desrespeito e desdém – e passarem a lutar conosco, contra a implantação da mesma dentro da UFRN.
Por mais estatal que seja, por mais que tenha que se submeter aos paradigmas da adm. pública (exigência de concurso público), a EBSERH é uma pessoa jurídica de direito privado e, a depender do governo, pode sim ser privatizada e repassada para o empresariado. Ou seja, por esse aspecto é sim uma temeridade.