Rio Grande do Norte, quinta-feira, 25 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 12 de março de 2013

Sobre a copa do mundo em Natal: mais uma oportunidade desperdiçada

postado por Daniel Menezes

Vai demorar certo tempo até que a gente compreenda plenamente o quanto o modelo adotado para efetivação da copa em Natal foi mal formulado.

Equipamentos jogados no lixo (teve gente que ficou rica em Natal apenas adquirindo os restos – as ferragens – do Machadão e Machadinho, e repassando pelo valor devido), um gasto bilionário com uma arena que não irá se manter e obras de infra-estrutura que não vêm mais.

Enfim, muitas foram às oportunidades jogadas fora.

O que relato agora é mais uma delas. A prefeitura do Natal não tem um centro administrativo, o que força a distribuição desorganizada das suas secretarias por prédios alugados a um valor altíssimo, estrutura essa, muitas vezes, que aloja inadequadamente os espaços de trabalho do município.

Pensando em reverter tal situação, os técnicos da prefeitura espernearam – buscando sensibilizar os envolvidos – durante a concepção do modelo a ser adotado pela prefeitura e governo do Estado para o planejamento e execução do evento.

Pedido – um centro administrativo num pequeno espaço próximo ao Arena das Dunas. A equipe de Micarla de Sousa, então prefeita, deu de ombros.

Governo do RN? Idem.

Resultado: milhões gastos em alugueis todos os santos anos pela prefeitura, além do custo indireto de uma péssima logística montada para distribuir atividades, reuniões, documentos por secretarias dispersas pelo território de Natal (combustível, aluguel de carro, motoristas terceirizados, etc). Só a sede alugada da secretaria de educação custa ao erário 150 mil/mês, ou seja, 1,8 milhões/ano.

Veja a fotografia feita abaixo (imagem retirada do google earth já com o Arena das Dunas) e entenda que havia terreno para a construção do centro administrativo. O pequeno espaço marcado com um quadrado poderia ter sido separado para a obra, que iria marcar positivamente uma administração e deixar um benefício verdadeiramente positivo para a cidade.

O novo centro administrativo ainda faria uso do estacionamento do Arena, que, provavelmente, ficará ocioso (alguém duvida disso?). Mais uma redução de gasto, pois os alugueis hoje são onerados, também, em decorrência da necessidade dos prédios locados apresentar grandes locais para abrigar os carros dos servidores. Como as secretarias estão caoticamente espalhadas, isso também representa custo.

ARENA DAS DUNAS

 

Ainda conforme uma fonte, o dinheiro gasto com aluguel hoje serviria para um financiamento de longo prazo, no investimento em algo que acabaria com os problemas elencados. Além disso, a prefeitura não teria mais de gastar com um aluguel de um edifício, por exemplo, que contêm 2.500 metros quadrados, mas, por não ser apropriado para receber salás e escritórios (muitos eram residências com varandas, cozinhas e corredores desnecessários), traz um conjunto de espaços ociosos, sem serventia. No entanto impacta no valor final do contrato firmado entre a PMN e o agente privado.

Fato: a copa vai passar e muito pouco de retorno para a cidade vai ficar, a não ser um grande elefante branco a ser administrado por uma empresa privada, que já vai ser devidamente ressarcida, com lucros, pela obra que fez.

Fato II: falta formulação política e administração estratégica para o RN.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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