Rio Grande do Norte, sábado, 20 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 14 de novembro de 2013

Manifesto Político: meu retorno ao PCdoB

postado por Thadeu Brandao

pcdob_bandeiraHoje, como já havia prometido dias atrás, publico meu “Manifesto Político”, acerca de meu retorno ao Partido Comunista do Brasil, o PCdoB. Militante desde 1992 e filiado desde 1997, lutei várias lutas ao lado deste partido quase centenário. Minha militância se deu ao longo do Movimento Estudantil de Natal naquela, hoje histórica, década de 1990. As bandeiras do Partido eram minhas bandeiras. Sua ideologia era minha ideologia.

Meu afastamento do Partido se deu gradualmente. Com o mestrado e, depois da eleição de Lula, um sonho acalentado desde 1989, veio a entrada no mercado de trabalho. No meu caso, o duro mercado de trabalho das IES privadas do Brasil. Após 2006, veio certa desilusão com a lentidão do ritmo das reformas tão necessárias de meu Brasil. Outras desilusões viriam. Aproximei-me, neste ínterim, de setores “mais à direita do espectro político”. Posteriormente, fechando esse longo ciclo de afastamento, tive outro duro golpe: enfrentar uma greve de docentes federais e a forma de tratamento do governo em relação a uma categoria que sempre o apoiou.

Mas, veio o ano de 2013 e, com ele, uma percepção mais acurada do que ocorre à minha volta. A prepotência de um certo discurso hegemônico que se impõe, pautando conquistas sociais, que sempre defendi publicamente, como engodo. Isso quando, pelo contrário, acredito que é necessário ir muito mais além de Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida ou Crédito Fácil. Ir além é aprofundar as mudanças. Ou, parafraseando o camarada Lênin: “dar um passo a frente e dois atrás” se necessário for.

Hoje, assumo a convicção que não estamos construindo o ritmo necessário de mudanças e ponho-me, como agora e antes, crítico do Partido dos Trabalhadores e de certas práticas governamentais postas. Vacilo? Medo? Contradições do jogo democrático? Talvez. Ao mesmo tempo, acredito que os demais grupos políticos que se põem no poder não possuem alternativas condizentes com a minha maior preocupação: o povo brasileiro, nossos trabalhadores e trabalhadoras, idosos, crianças, indígenas e tantas outras camadas e categorias a elencar. A esses lanço o meu olhar, minha capacidade de trabalhar e pensar. A eles, ponho-me em combate novamente. Afinal, citando Max Weber: “Neutro é aquele que se decidiu pelo mais forte”. Assumo minha condição de homem de partido.

O PCdoB, com todas as suas contradições e problemas, ainda é, para mim e para tantos camaradas, um espaço onde: a luta anticapitalista; uma crítica social e política efetiva; e, mais do que nunca, um locus de luta e de práxis política, onde a resistência ao Capital, ao neoliberalismo e suas vertentes podem ser combatidas. Anos estudando a violência e suas mais diversas formas fizeram-me pensar mais do que nunca em todas essas construções. Sei dos problemas que enfrentarei. Escolho este espaço por acreditar que é possível lutar conjuntamente com meus camaradas e demais brasileiros. Afinal: “Aquele que não conhece a verdade é simplesmente um ignorante, mas aquele que a conhece e diz que é mentira, este é um criminoso.” (Bertold Brecht).

O Socialismo, aspiração última de todos os povos e gentes oprimidas, embora tenha sido duramente derrotado em suas primeiras manifestações, ainda pulsa como ideal de todos os trabalhadores e, de certo modo, dos absolutamente excluídos. Uma convicção que impulsiona a luta para nossa derradeira conquista: a igualdade social plena. Utopia? Pode ser. Mas, a tomo como tocha que guia meus passos nessa dura jornada. O que nos resta? A barbárie, nada mais.

Alguns irão vibrar. Outros, como minha amada esposa e meu velho e querido pai, irão desgostar. Entendam a posição de alguém que nunca ficou em cima do muro e, aproximando-se dos 40, não aguentava mais alimentar certo discurso do oportunismo e do poder constituído.

Uno-me às colunas da luta. Não sou um bolchevique. Sou apenas um professor. Sigo os passos e o exemplo de Florestan Fernandes e Darcy Ribeiro: resignar-se jamais!!!! Serei feliz? Nunca. Enquanto um brasileiro ou um ser humano padecerem sob o julgo da miséria, da pobreza, da espoliação, da injustiça e de tantas outras mazelas, jamais serei feliz. Sigo com a angústia de quem usará sua pena a serviço de todos estes.

Citando novamente Lênin: “É preciso sonhar, mas com a condição de crer em nosso sonho, de observar com atenção a vida real, de confrontar a observação com nosso sonho, de realizar escrupulosamente nossas fantasias. Sonhos, acredite neles.”

Meu abraço a todos, aos que entenderão e aos que não compreenderão.

Privatizaram sua vida, seu trabalho, sua hora de amar e seu direito de pensar. É da empresa privada o seu passo em frente, seu pão e seu salário. E agora não contente querem privatizar o conhecimento, a sabedoria, o pensamento, que só à humanidade pertence.

(Bertold Brecht)

Thadeu Brandao

Sociólogo, Professor de Sociologia da UFERSA.

One Response

  1. Marcos Antonio disse:

    Meus caros, procurando respeitar e entender as motivações, porém lamentando as decisões de quem ainda acredita que o PC do B ainda é um partido de esquerda, quero registrar aqui minha opinião.

    Quem acompanha a história recente e as atuações politicas do Brasil e RN, e observa as posições e rumos do PC do B, não podem em sã consciência procurar em alguns partido “dito” de esquerda, principalmente o PC do B, que esses sejam um agente capaz de representar e produzir algum avanço politico a esquerda.

    Um partido que hoje representa, e é o maior protagonista do fisiologismo e oportunismo politico, que de maneira clara e explicita, não apenas concretiza espúrias alianças, como participa de vários governos conservadores e atrasados do país, e nem sequer ousa ter a iniciativa de lançar e defender projetos que apontem na direção ao modelo socialismo, não é, e nunca será um partido que caiba nos sonhos de um verdadeiro revolucionário e socialista.

    Com uma experiência de 35 anos de ativa militância politica, de ex-dirigente do PT e ex-aliado do PC do B, ouso dizer, com uma profunda ponta de pesar, que estes partidos se perderam, se burocratizaram e hoje se satisfazem em ser um apêndice e meros tarefeiros das politicas da direita conservadora e reacionária do país. O exemplo disso foi o apoio desses partidos a deforma da previdência social, do código florestal, bloqueio da reforma agraria, continuidade dos leilões petróleo e redutor previdenciário, privatizações das rodovias, portos e aeroportos, e pior de tudo, incorporar as mesmas práticas de corrupção e modo de fazer politica da direita. É uma degeneração que não tem volta, pois hoje não são apenas meros aliados da direita, são parceiros e executores de suas politicas.

    Em relação PSOL é um lúcido e alternativo projeto em consolidação, e que tem por objetivo preservar e manter viável o sonho de um governo socialista no Brasil. É um abrigo para esquerda socialista consequente, que não se vende, não se curva e não se molda as conveniências e benesses do poder e de governo. Como um projeto em construção há suas limitações e contradições de um partido que nasceu da desagregação e posterior aglutinação de diversos e diferentes agrupamentos de esquerda, porém acredito, que ainda seja a maior esperança de avanço aos revolucionários e da esquerda do Brasil.

    Que ousemos dar o próximo passo, que não fiquem alimentando um pesadelo e pensando que ainda vivem um sonho.

    Saudações Socialistas

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