Rio Grande do Norte, terça-feira, 23 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 22 de janeiro de 2014

Wilma de Faria e o blefe das pesquisas eleitorais

postado por Daniel Menezes

Desde o ano passado que neste espaço habita a pergunta: cadê o índice de rejeição das pesquisas veiculadas e que versam sobre a corrida eleitoral no RN em 2014 (O erro de Mineiro que Fátima não pode repetir, https://www.cartapotiguar.com.br/2013/12/29/o-erro-de-mineiro-que-fatima-nao-pode-repetir/)?

consult-570x405A indagação foi reforçada pelo artigo do chefe do gabinete civil da prefeitura do Natal, Sávio Hackradt, recentemente publicado na Tribuna do Norte (E a rejeição, onde se esconde?, http://tribunadonorte.com.br/noticia/e-a-rejeicao-onde-se-esconde/272197).

Ora, ninguém procura por uma informação qualquer. Há quase um ano da eleição, não raro, pouco importa quem está na frente. A história que o diga. Eleições aparentemente fáceis se mostraram apertadas. Candidaturas tidas como competitivas desidrataram na reta final, alias, quando realmente importa.

Mais vale, num momento tão distante da hora do “vamos ver”, caracterizar o perfil que o eleitor potencialmente almeja (dado qualitativo) e aquilo que ele irá recusar (dado quantitativo mais qualificado).

Mas há quem ainda se assuste com sondagens seletivamente publicizadas. A ex-governadora Wilma de Faria sabe muito bem disso. Por isso tratou de abarrotar nos últimos meses a imprensa com (seus) números sinalizadores de um suposto “chamado do povo” – como se existisse, hoje, uma preocupação estadual com a sucessão eleitoral (falácia). Ela estica a corda e joga muito bem com o medo pemedebista de uma disputa majoritária ao governo, principal aspiração do partido dos Alves, para pleitear a vaga de senadora junto aos bacurais.

E a rejeição, o que esconde? Ou melhor, por que é intocada? Ora, porque revela que a guerreira está desbotada, que seu teto é limitado e sua liderança é de vidro. Mais. Destaca que não passa de um sofisma imaginar que Wilma, se beneficiando da alta rejeição de Rosalba, como o atual prefeito Carlos Eduardo foi hipertrofiado por Micarla, terá vitória garantida em 2014 (Wilma não é Carlos Eduardo e 2012 não será como 2014, https://www.cartapotiguar.com.br/2013/11/12/wilma-nao-e-carlos-eduardo-e-2012-nao-sera-como-2014/).

Mais. A alta rejeição – inflada pelos dados negativos do segundo mandato e o envolvimento em muitos escândalos de corrupção – retirará da vice-prefeita de Natal a possibilidade de representar o nome que vai “resgatar” o RN do cenário de dificuldade em que se encontra. Tanto que, na reta final da eleição municipal de 2012, Carlos Eduardo, então candidato, teve de camuflar Wilma em sua propaganda. A pessebista tornou a chapa bastante pesada.

É crivel não apostar que será diferente, caso aconteça a aliança do PSB com o PMDB. E, com o contexto pós-manifestações, o ambiente ficará ainda mais adverso, dado que o “político profissional” é tudo que uma significativa parcela da população não deseja, tudo que Henrique Alves e Wilma, juntos, representarão.

Se setores do PMDB perderem o medo – injustificado – de Wilma de Faria, perceberão que Fátima Bezerra (PT), compondo a chapa e competindo pelo senado, tornará a coligação mais palatável, mais leve.

BLEFE

O PMDB engrossa o discurso nos estados em relação aos candidatos do PT em decorrência do pleito recusado na reforma ministerial. Queria o Ministério da Integração Nacional e administrar suas bilionárias obras de transposição e combate à seca.

Este sim é um medo justificado. O PMDB teme que o PT, além dos novos partidos da base contemplados com pastas ministeriais, destruam suas pretensões em algumas unidades da federação.

O PMDB, pelo tamanho que representa, está, de fato, sub-representado na coalizão governista. Porém, ao menos por enquanto, apesar do crescimento da tensão PMDB-PT, parece só mais um blefe. Fátima Bezerra aproveitou para mostrar que não se intimida. Há possíveis outros parceiros.

O PT-RN PERMANECE NO ERRO

O PT continua não gostando muito de pesquisa eleitoral. Deixa Wilma de Faria vender os números de sondagem que quer sem nenhuma contrapartida. O clima de opinião está se formando. Depois de pouco adiantará reclamar.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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