Rio Grande do Norte, sábado, 20 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 18 de maio de 2014

Por que não protestar durante a Copa

postado por Daniel Menezes

images (1)Morei dois anos em São Paulo. Primeiro em Osasco, depois na capital daquele estado. Sempre que dizia que era do RN numa roda de amigos, alguém, que já conhecia Natal, falava: “Natal é um sonho. Sempre que posso, passo minhas férias por lá”. Ou então: “já fui. É lindo”. Aí entravam os relatos sobre os momentos nas dunas, praias, cajueiro.

No bate papo, quem não conhecia, dizia: “ahh, legal, quero visitar aquela cidade um dia”. E daí faziam perguntas sobre hotéis, custo das coisas, etc. Alguns efetivamente vieram.

Sempre me lembro dessa experiência quando vejo, dentre outros benefícios (toda a infra-estrutura construída – mobilidade, portos, aeroportos, etc), a promoção do Brasil durante a copa. Será um momento único para vendermos a “nossa marca”.

Apenas Natal, que tem no turismo sua principal atividade geradora de emprego e renda, receberá cerca de 50 mil estrangeiros das mais diversas nacionalidades, além de milhares provenientes de outros estados. Sem dúvida, serão multiplicadores das impressões coletadas por aqui. Levarão uma imagem: boa ou ruim.

Desde que foi anunciada como cidade-sede, os vôos internacionais para Natal já aumentaram em 800%. Isto significa o dono do restaurante, o bugueiro, o vendedor de artesanato, o transportador de turistas, guias, prestadores de serviço em geral, ganhando com a entrada de divisas. E, não nos esqueçamos, o governo aumentando a arrecadação de impostos e tendo condições de elaborar ou intensificar políticas públicas inclusivas.

Sim, é verdade. Algumas obras de mobilidade não ficarão prontas. Eu também queria vê-las todas organizadas para a Copa. Mas o Brasil continuará depois do evento e o benefício logo será desfrutado.

Protestar é legítimo. Mas não podemos perder essa oportunidade. A hora é de aproveitar. Em todos os sentidos.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

One Response

  1. Cleanto R. Rego Fernandes disse:

    Bom, em primeiro lugar, ninguém duvida das belezas naturais e das atrações turísticas de Natal, uma cidade especializada em “corredores turísticos” (as vias que interligam os pontos turísticos são muito mais bem cuidadas que as demais). Uma visita à “periferia” nos permite viver um pesadelo ao invés de um sonho. Mas o que nos preocupa mesmo são as questões sociais.

    Falando da Copa FIFA, ninguém duvida, também, que isso irá impulsionar o setor de turismo, especialmente o hoteleiro. A questão é o preço que estamos pagando e pagaremos por isso. E por preço não digo somente os custos com as obras, mas, principalmente, o preço em termos de direitos humanos, pois as obras relacionadas diretamente com a Copa FIFA estão associadas a graves violações dos direitos humanos mais fundamentais, como vem denunciando a ONU.

    Do ponto de vista da luta por melhor bem estar coletivo, o que não se pode perder é a visibilidade da ocasião para protestar.

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