Rio Grande do Norte, sexta-feira, 19 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 19 de maio de 2014

Pesquisa de opinião: nova ferramenta da gestão pública

postado por Daniel Menezes

Em 2009, publiquei este artigo na Tribuna do Norte. Mexendo no google, trombei com ele. Resolvi veiculá-lo novamente. O tema é relevante para o exercício de uma gestão pública voltada para resultados – políticos e administrativos.

 

Da Tribuna do Norte

Nova ferramenta da gestão pública

 

Não é fácil administrar a máquina pública na contemporaneidade. O Estado moderno, desde o seu nascimento, só agregou novas responsabilidades e competências, tendo que atuar em um ambiente social e econômico mais complexo. O cidadão, principal razão de ser da administração estatal, tem sua conduta pautada em um conhecimento maior de seus direitos e dos deveres do Estado, o que torna a gestão da coisa pública uma tarefa árdua. Neste sentido, o grande desafio é gerar políticas de intervenção que permitam, ao mesmo tempo, atender as demandas contemporâneas, mas sem perder de vista a busca incessante da satisfação das necessidades dos seus “clientes” – principal razão de ser do estado.

Buscando apresentar um caminho para as mudanças sociais apresentadas, a administração pública gerencial emergiu na segunda metade do século XX, como resposta, de um lado, à expansão das funções econômicas e sociais do Estado, e, de outro lado, ao desenvolvimento tecnológico e à globalização da economia mundial, uma vez que ambos deixaram à mostra os problemas associados à adoção do modelo anterior. A eficiência da Administração Pública – a necessidade de reduzir custos e aumentar a qualidade dos serviços, tendo o cidadão como beneficiário – torna-se então essencial.

O paradigma administrativo público contemporâneo, fundamentado nos princípios da confiança e da descentralização da decisão, exige formas flexíveis de gestão, horizontalização de estruturas, descentralização de funções, incentivos à criatividade. A ideia é justamente superar a ideologia do formalismo e do rigor técnico da burocracia tradicional, centralizando o controle nos resultados do serviço prestado.

A nova gestão pública ainda está ligada à satisfação total do cidadão, que agora é enxergado como cliente e não mais como mero usuário. Neste momento é que se cria uma dificuldade, já que, em muitos momentos, torna-se bastante difícil compreender o que, de fato, a sociedade está solicitando de seus gestores, quais são as suas necessidades e como é possível estabelecer canais de comunicação entre os órgãos governamentais e a opinião pública para compreender o “sentimento” desta última.

A pesquisa de opinião pública se concretiza como uma importante ferramenta operativa na administração estatal moderna. Isto porque ela auxilia aos produtores de políticas governamentais nas mais variadas fases do processo de confecção das mesmas. Esta ferramenta ajuda na formulação de estratégias de intervenção, na medida em que capta as reais necessidades da sociedade; gera uma implementação da ação de modo mais racional e voltado para as expectativas dos cidadãos; e, além disso, possibilita um maior monitoramento da satisfação da população no momento em que o serviço é prestado.

Portanto, através da pesquisa de opinião, há uma constante procura no sentido de eliminar fatores que não agradam ao cidadão, aumentando o índice de satisfação dos clientes, a legitimidade dos gestores e das ações governamentais implementadas, e, consequentemente, a racionalização holística da administração pública, que hipertrofia os seus resultados.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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