Rio Grande do Norte, quinta-feira, 28 de março de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 18 de julho de 2014

Gestão compartilhada da bilhetagem eletrônica: um meio de abrir a caixa preta do SETURN

postado por Daniel Menezes

download (1)A queda de braço do aumento da passagem – quero acreditar que ela existe – entre a prefeitura e o SETURN, sindicato representante dos donos de ônibus coletivos do RN, vem se arrastando pelas últimas semanas. A prefeitura aceita a elevação da tarifa de R$ 2,20 para R$ 2,30. Já o Seturn alega perdas e luta pelo valor de R$ 2,56. A possibilidade de mudança na cobrança deixou os estudantes preocupados. Alguns poucos já foram às ruas.

Protestar é válido. Porém, sem agenda só costuma produzir o contrário do pretendido, além de irritar a população que, de modo legítimo, procura voltar do trabalho até a sua residência com tranquilidade. E há um erro de concepção. Reclamar da elevação da tarifa implica preocupar-se, apenas, com a ponta do iceberg. Sem um regime claro de acompanhamento por parte da prefeitura pouco há o que fazer, a sociedade não tem como controlar, contestar alicerçada em números objetivos.

E é aí que se encontra a real possibilidade de retirar o poder do Seturn. Na possibilidade, hoje, que ele tem de reter a informação. As planilhas produzidas pela Semob não passam de peça de ficção, dado que a Prefeitura do Natal fica a mercê do repasse dos números monopolizados pelos empresários.

Mas apareceu uma possibilidade de produzir o pleno controle de quantos passageiros e quanto é arrecadado – a gestão compartilhada da bilhetagem eletrônica. Dividir as responsabilidades e permitir que o sindicato dos permissionários de Natal também administre a informação da entrada e da saída é o que vem deixando os representantes dos ônibus de orelha em pé.

O Seturn tenta de todas as formas fechar um acordo com o Sitoparn e prefeitura, que lhe possibilite fazer um repasse financeiro mensal para os donos de alternativos. Mas com a exclusividade de gerir a bilhetagem. Deste modo, ninguém teria acesso a caixa preta do Transporte Urbano de Natal. Repito, hoje não há meios objetivos para saber quanto custa, de fato, uma passagem de ônibus na capital e região metropolitana.

A gestão compartilhada da bilhetagem eletrônica seria um meio de trazer o controle para o poder público e a sociedade civil organizada. É legítima a defesa dos empresários de seus interesses. Mas toda a Natal não deve subsumir a eles.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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