Rio Grande do Norte, quinta-feira, 18 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 3 de março de 2015

Reativar os “Flamenguinhos”: a solução para conter a violência entre torcidas organizadas

postado por Rafael Morais
Polícia Especial nos anos 40.

Polícia Especial nos anos 40.

Dia de Clássico-Rei em Natal é diferente. Não há como negar que a cidade respira futebol em dia de confronto entre os dois principais clubes da cidade. Não é difícil encontrar torcedores vestidos com as cores que defendem ou ostentando bandeiras em seus automóveis e domicílios. Mas, assim como em outros centros onde existem clubes tradicionais, um problema – social, ao meu ver – atemoriza a população: a violência dentro e fora dos estádios.

No clássico disputado no domingo passado (01/03), que ficou no 1 a 1, o saldo de prisões foi mais uma vez destaque na mídia local. Ao todo, doze torcedores, entre alvinegros e alvirrubros foram detidos por estarem envolvidos em brigas de torcidas (des) organizadas ou portando drogas e/ou armas. O pior caso foi registrado no bairro das Quintas. Dois jovens com camisas de uma torcida organizada do América foram levados para a delegacia suspeitos de atacar passageiros que estavam em paradas de ônibus. Com eles, a Polícia encontrou rojões, um tijolo e uma bolsa com papelotes de cocaína.

Como consequência dos fatos, surgem julgamentos de todos os lados. Porém, poucos se detiveram a pensar e buscar soluções para o problema. A tendência é partir para a crítica. Mas o grande entrave da questão, que causa a sensação de impunidade, é que legalmente esse tipo de crime é caracterizado apenas como lesões corporais de natureza leve, o que impede inclusive a prisão em flagrante. Os envolvidos, no máximo, passam uma noite no xadrez. A solução apontada por especialistas é que o poder legislativo elabore leis mais específicas sobre o assunto, criando tipos penais que punam tais condutas com a devida rigidez.

Mas se mesmo assim o problema não for resolvido – eu pelo menos aponto problemas sociais como a causa principal e que devemos tratar a causa antes mesmo de remediar o problema – que tal reativar os antigos “Flamenguinhos”?

“Flamenguinhos” era o apelido popular da Polícia Especial do Distrito Federal (PE), fundada em 1932 durante o governo de Getúlio Vargas. Era uma “força de choque”, ou de intervenção, treinada e aparelhada para enfrentar distúrbios populares, como as brigas de torcidas organizadas de hoje em dia. A PE era chamada assim por torcedores da época porque usavam bonés vermelhos e pretos, como o Flamengo. A história conta que eles tinham fama de violentos. Metiam medo mesmo. Certa vez, em meados dos anos 40, em um Vasco x Flamengo, em São Januário, uma briga propagou-se pela arquibancada. A PE foi chamada. Quando entrou em ação, os torcedores deram fim a baderna na mesma hora. O silêncio foi tão grande que, dizem, foi possível até ouvir o barulho de uma mosca que ziguezagueava pelo estádio.

Só que infelizmente a corporação foi extinta em 1960. Evidente, o que escrevi nas linhas anteriores não passa de uma brincadeira. A intenção mesmo é pôr em pauta um tema polêmico do futebol dito moderno, ao mesmo tempo que trago-lhes fatos curiosos da história do futebol brasileiro. Será que os “Flamenguinhos” do século passado dariam conta dos arruaceiros do século 21!?

Rafael Morais

Comunicador Social pela UFRN. Experiência em assessoria de imprensa esportiva e atuação em televisão. Áreas de interesse: literatura e esportes em geral, com ênfase no futebol como a "teatrialização das relações humanas".

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