Dia de Clássico-Rei em Natal é diferente. Não há como negar que a cidade respira futebol em dia de confronto entre os dois principais clubes da cidade. Não é difícil encontrar torcedores vestidos com as cores que defendem ou ostentando bandeiras em seus automóveis e domicílios. Mas, assim como em outros centros onde existem clubes tradicionais, um problema – social, ao meu ver – atemoriza a população: a violência dentro e fora dos estádios.
No clássico disputado no domingo passado (01/03), que ficou no 1 a 1, o saldo de prisões foi mais uma vez destaque na mídia local. Ao todo, doze torcedores, entre alvinegros e alvirrubros foram detidos por estarem envolvidos em brigas de torcidas (des) organizadas ou portando drogas e/ou armas. O pior caso foi registrado no bairro das Quintas. Dois jovens com camisas de uma torcida organizada do América foram levados para a delegacia suspeitos de atacar passageiros que estavam em paradas de ônibus. Com eles, a Polícia encontrou rojões, um tijolo e uma bolsa com papelotes de cocaína.
Como consequência dos fatos, surgem julgamentos de todos os lados. Porém, poucos se detiveram a pensar e buscar soluções para o problema. A tendência é partir para a crítica. Mas o grande entrave da questão, que causa a sensação de impunidade, é que legalmente esse tipo de crime é caracterizado apenas como lesões corporais de natureza leve, o que impede inclusive a prisão em flagrante. Os envolvidos, no máximo, passam uma noite no xadrez. A solução apontada por especialistas é que o poder legislativo elabore leis mais específicas sobre o assunto, criando tipos penais que punam tais condutas com a devida rigidez.
Mas se mesmo assim o problema não for resolvido – eu pelo menos aponto problemas sociais como a causa principal e que devemos tratar a causa antes mesmo de remediar o problema – que tal reativar os antigos “Flamenguinhos”?
“Flamenguinhos” era o apelido popular da Polícia Especial do Distrito Federal (PE), fundada em 1932 durante o governo de Getúlio Vargas. Era uma “força de choque”, ou de intervenção, treinada e aparelhada para enfrentar distúrbios populares, como as brigas de torcidas organizadas de hoje em dia. A PE era chamada assim por torcedores da época porque usavam bonés vermelhos e pretos, como o Flamengo. A história conta que eles tinham fama de violentos. Metiam medo mesmo. Certa vez, em meados dos anos 40, em um Vasco x Flamengo, em São Januário, uma briga propagou-se pela arquibancada. A PE foi chamada. Quando entrou em ação, os torcedores deram fim a baderna na mesma hora. O silêncio foi tão grande que, dizem, foi possível até ouvir o barulho de uma mosca que ziguezagueava pelo estádio.
Só que infelizmente a corporação foi extinta em 1960. Evidente, o que escrevi nas linhas anteriores não passa de uma brincadeira. A intenção mesmo é pôr em pauta um tema polêmico do futebol dito moderno, ao mesmo tempo que trago-lhes fatos curiosos da história do futebol brasileiro. Será que os “Flamenguinhos” do século passado dariam conta dos arruaceiros do século 21!?