Rio Grande do Norte, quinta-feira, 18 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 8 de fevereiro de 2016

Quando a poesia se afastar de mim

postado por Túlio Madson

Com que palavra começo,

Qual frase escolho,

Para abrir esse verso,

Que reescrevo de novo.

 

Se eu fosse poeta,

De palavra certa,

De rima perfeita,

Saberia a receita.

 

Mas não sei o que faço

Escrevo calado,

Sussurrando baixo,

Pra que ninguém no quarto

Me ache poeta

 

Uma coisa é certa,

Uma dúvida me aflige:

Poesia se aprende,

Poesia se vive,

Ou se deixa levar?

 

É preciso uma métrica

Com rimas simétricas,

Ou se deixa levar?

 

Será que pode ser torto

………..Para um lado

Para o outro………..

Ou

Tem

Que

Ser

Tudo

No

Mesmo

Lugar?

 

Tem que ter ritmo,

Tem que ter ciclo,

Tem que ter forma,

Ou se deixa levar?

 

Não tenho resposta,

Não tenho uma fórmula,

Não sei nem ao menos

Onde isso vai dar

 

Sem rima ou forma

Será que é poesia também?

Onde está a beleza de um poema:

Nas palavras,

Nas rimas,

Na métrica,

Na forma,

No conteúdo,

No ritmo?

 

Onde está o gosto estético,

No poeta, no poema, ou no leitor?

 

Eu não sei.

 

Se eu fosse poeta,

Também não saberia.

 

Talvez um dia,

Se a poesia se afastar de mim,

Eu possa saber

Dizer pra você

Se é concreto ou parnasiano

Moderno, lírico, romântico

Se é bom ou se é ruim.

 

Só vou ter certeza

Se escrevo besteira,

Quando a poesia

Se afastar de mim.

 

Até lá eu sigo capenga

E nesses poemas

Me deixo levar.

Túlio Madson

Colunista na Carta Potiguar desde 2011. Professor e doutorando em Ética e Filosofia Política pela mesma instituição. Péssimo em autodescrições. Email: tuliomadson@hotmail.com

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