Rio Grande do Norte, quarta-feira, 27 de março de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 4 de abril de 2016

Dei enter

postado por Paulo Emílio

Hahaha sim, já começo o texto dando uma risada. Ora, quem nunca se pegou nesse dilema de escrever um textão para aquela pessoa e ficar meia hora decidindo se aperta o não o enter? Quer dizer, dilema não! Seria agonia, desespero, mil coisas na cabeça, insegurança, medo etc.

Sabem o que é engraçado nisso? É a ironia da tradução da palavra “enter”: entrar. Entrar…. entrar… Entrar em que lugar? No mundo em que seu texto poderá ser julgado por outra pessoa que poderá te achar louco, paranoico ou… um amor de pessoa? É, o risco é grande, mas, querem saber? Vale sim correr esse risco.

Escrever, pelo menos para mim, foi a forma que passei a me conhecer. Sim, isso mesmo. Prestem atenção! Pessoalmente conseguimos disfarçar, enrolar com uma conversa sem importância ou até mesmo falar da vida alheia para desvirtuar o assunto; existem distrações para nós e para quem estamos falando e usamos essas mesmas distrações (inconscientemente) para desviar o foco de quem somos — ou para vender uma imagem socialmente boa.

enter3Num texto, isso é praticamente impossível. Qualquer texto que escrevemos, seja de qualquer assunto, mostra quem e como somos. Por exemplo, quando o texto é prolixo mostra que somos ou estamos inseguros; quando é objetivo, mostra que estamos determinados; quando é muito “amorzinho” mostra que estamos carentes ou (e?) totalmente apaixonados. Enfim, poderia citar vários exemplos aqui, porém, a intenção deste texto é mostrar que na escrita faz aparecer aquela pessoa que está dentro da gente escondida, que não sabemos que existe. E isso, entra naquela dualidade entre “ver” e “enxergar”.

A maioria dos textos que escrevo (aqui, no Medium, no facebook etc.) penso duas vezes antes de apertar enter. Confiro detalhe por detalhe para não ter sequer um mísero erro de vírgula. Esse meu perfeccionismo demostra muito quem eu sou: uma pessoa insegura com produção escrita. E sabem o que é engraçado? [2]Meus textos mais elogiados foram os que eu menos dei atenção, os que dei enter sem sequer revisar. Por outro lado, aqueles que fiquei loucamente revisando atrás de erros, somente depois de publicar, vi que tinham vários. No entanto, mesmo com tudo isso, cada texto, bom ou ruim, serve exatamente para isso: exercitar meu autoconhecimento.

Comecei a pautar minha vida em dois ditados:

  • É fazendo merda que se aduba a vida;
  • É melhor uma certeza fatal, do que uma dúvida ameaçadora.

Tenho minhas inseguranças e ansiedades, mas elas servem exatamente para me moldar, para me dar a certeza fatal que se eu fiz uma merda que servirá para adubar a minha vida e não me assolar com uma dúvida ameaçadora do “e se?”. Mais ou menos isso.

Certa vez, numa das postagens que fiz no facebook, agradeci a Profa. Maria do Carmo da disciplina “Produção de Texto”. Numa das aulas, ela disse: “não existe inspiração para escrever. Escrever é
um exercício; você senta a bunda na cadeira e começa a escrever”. Neste sentido é que digo que não existe dom; existe habilidade. Portanto, sentem a bunda na cadeira e exercitem a habilidade de escrever para pessoalmente se autoconhecerem a si próprios (bem enfatizado!). Aproveitem as redes sociais, elas estão aí para isso: para nos servir de forma útil.

Ah sim, ia esquecendo: escrevam também (principalmente?) em cadernos. Isso ajuda e muito na improvisação, além disso, quando erramos, riscamos, mas não apagamos (como no pc). Esses trechos quase sempre podem ser reaproveitáveis.

Por fim, se não quiserem publicar, podem enviar para mim, vou adorar ler. Sério mesmo!

Paulo Emílio

Pedagogo que tem um diploma de Geografia, adora Nutrição, admira a Sociologia, tem uma queda pelas questões ambientais e, nas horas vagas, gosta de jogar enquanto com um caldinho de feijão verde (sem manteiga, por favor)

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