Rio Grande do Norte, sexta-feira, 19 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 3 de setembro de 2016

São incomparáveis

postado por Rafael Morais

MaradoMESSIna é melhor que Pelé? Messi ou Cristiano Ronaldo? Cristiano superou Eusébio como maior em Portugal? Messi é o novo Maradona? Robinho e Neymar seriam os sucessores do Rei?

Um anônimo escreveu que “Messi superou Diego em tudo. E sem droga”. Outro ataca, “na idade em que Messi ganhou a quinta Bola de Ouro, Maradona foi preso, drogado”. “Mas o Messi na seleção não é nada”. “Se o critério é Copa, Pelé ganhou três”.

Para o torcedor, não existe dúvida. O inimigo sempre merece a negação, o desprezo. Eu disse em “Aqueles Partidários”, que esses, na imensa maioria das vezes, vêm apenas o que lhes é favorável, pois não são simples simpatizantes, mas sim seguidores. Pergunte a um argentino se Maradona foi melhor que Pelé e verás que o Rei viverá eternamente condenado ao desprezo.

No Brasil, Pelé é rei. Na Argentina, Maradona é Deus. Pelé foi o responsável por transformar a camisa 10 em arte. Maradona foi um malabarista com a bola e conquistou uma Copa praticamente sozinho.

Numa pesquisa online Maradona ganhou com sobras, mas entre os especialistas do futebol, Pelé foi maioria. Maradona teve 53% dos votos, contra apenas 16% do brasileiro. Para resolver a saia justa, Blatter concedeu dois prêmios: um pelo voto dos treinadores das seleções dos países filiados à Fifa e outro pelo voto popular via internet. Pelé e Maradona empataram.

O bailarino de pernas longas tinha, por Pelé, em campo, uma grande admiração. Chegou a vestir a camisa 10 do Santos e ir ao estádio torcer, só por ele, quando mais jovem. Depois aprendeu, o que se via em campo não era nem metade do que o homem de terno falava fora dele. Decepção!

Mas se considerarmos a tese de Juca Kfouri, de que “Deus colocou os melhores jogadores aqui”, Pelé seria insuperável.

Nosso Rei fez um jogo virar lenda de causas impossíveis para a ciência. Certa vez, um zagueiro italiano, ao subir numa disputa com Pelé, disse “saltamos juntos, mas quando voltei à terra, vi que Pelé ainda estava no alto”.

O fato é que a matemática pode até apontar quem fez mais, mas nunca irá definir quem é o melhor. Alguns pesquisadores já tentaram traduzir a supremacia de Pelé em números. Um americano disse que Messi superou Diego, mas não se compara ainda ao Rei.

Na Argentina, já no Barcelona, ao primeiro grito eufórico de gol, os jornais estamparam nas suas capas que Messi seria o novo Maradona e o Messias há muitos anos esperado. Mas, muitos argentinos ainda tentam diminuir Lionel pelo que, ainda, não fez pela Seleção ou por não nunca ter atuado profissionalmente num grande clube do país. Outros se apegam a detalhes, como os três vices seguidos em Copas América e do Mundo. Sou taxativo quanto a isso. Título por título, Messi tem muitos individuais, incontestáveis. O pênalti perdido por ele na final da Copa América Centenário, no Estados Unidos este ano, foi definido por Tite como um ato desumano e por Eduardo Galeano como um capricho do azar. Não há a mínima possibilidade de taxar sua carreira por um penal desperdiçado.

Quem foi melhor? Pelé, Eusébio, Cristiano Ronaldo, Messi ou Maradona? Não importa, são cinco gênios. São incomparáveis. Há espaço para todos. Quando perguntado se Lionel é o novo Maradona, o jornalista argentino Mariano Bereznicki não teve dúvidas: “É o verdadeiro Messi”.

E é mesmo. Cada um deles tem a sua própria verdade. E feliz é aquele que atravessou as décadas e apreciou a origem de um Rei, a maestria de um Dieguito, e ainda pode contemplar, em dias atuais, a plástica eficiente de Cristiano e a genialidade explosiva de Lionel Messi.

Rafael Morais

Comunicador Social pela UFRN. Experiência em assessoria de imprensa esportiva e atuação em televisão. Áreas de interesse: literatura e esportes em geral, com ênfase no futebol como a "teatrialização das relações humanas".

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