Na manhã desta terça-feira (06), a capital potiguar amanheceu com uma notícia tardia, mas esperada. Após 44 anos ininterruptos como deputado federal, o ex-presidente da Câmara, ex-Ministro do Turismo e amigo pessoal de Michel Temer, Henrique Eduardo Alves (PMDB) foi preso preventivamente, acusado de receber propina, por meio de doações eleitorais oficiais e não oficiais, em troca de favorecimento de empresas de construção civil. Como contrapartida, os dois trabalharam pelos interesses dessas empresas em assuntos como a obra da Arena das Dunas. O mandato foi expedido pela Justiça Federal no Rio Grande do Norte e a ação faz parte da Operação Manus, um desdobramento da Lava Jato baseada nas delações de executivos da Odebrecht.
Além da prisão de Henrique, o MPF obteve da Justiça Federal no RN seis mandados de condução coercitiva e o deferimento dos pedidos de busca e apreensão em 15 endereços de empresas e residências localizadas no Rio Grande do Norte. Entre os envolvidos estão o secretário de Obras de Natal e primo do ex-ministro, Fred Queiroz, sua esposa a jornalista Érika Nesi e seu filho Matheus Nesi, presos preventivamente. Fred é proprietário da empresa Pratika Locações que é apontada como a principal responsável pelo esquema de lavagem de dinheiro vindo de doações legais e ilegais para a campanha de 2014.
O publicitário Arturo Arruda, cunhado de Henrique, foi levado coercitivamente enquanto participava de um processo licitatório na cidade de Mossoró. A agência de sua propriedade, a Art&C, a Peron Filmes e a sede do PMDB foram alvos de busca. O ex-tesoureiro da campanha do PMDB de 2014, Eurico Alecrim e o professor Jaime Mariz também prestaram depoimentos.
Outros processos
Essa não é a única acusação que pesa sobre os ombros daquele que já ocupou o cargo de presidente em exercício. Aos 68 anos, o ex-deputado é réu em duas outras ações no DF. Na primeira, ele responde por lavagem de dinheiro e evasão de divisas. De acordo com dados enviados da Europa, Henrique matinha uma conta, que está bloqueada, com 800 mil francos suíços, algo em torno de R$ 2,8 milhões.
No outro processo, também com tramitação em Brasília, o ex-ministro é acusado de improbidade administrativa. A ação apura um suposto enriquecimento ilícito entre os anos de 1998 e 2002. De acordo com a Justiça, Henrique apresentava sinais de riqueza incompatíveis com a renda e bens declarados. Neste período, ele estava sendo contado para ocupar a vaga de vice na chapa de José Serra (PSDB). Porém, com as denúncias, inclusive de sua ex-mulher que o acusava de esconder uma fortuna de R$ 15 milhões no exterior, seu nome foi rejeitado.