Rio Grande do Norte, quarta-feira, 24 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 25 de julho de 2017

As mulheres e a Reforma Trabalhista

postado por Leonardo Dantas

A votação da Reforma Trabalhista e a ocupação da Mesa do Senado por parte das senadoras Gleisi Hoffmann (PT-PR), Fátima Bezerra (PT-RN), Ângela Portela (PT-ES), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), Lídice de Mata (PSB-BA), Regina Sousa (PT-PI) e Kátia Abreu (PMDB-TO) colocaram as mulheres como protagonistas em um ambiente majoritariamente masculino. Atingidas diretamente em seus direitos com a reforma, as mulheres já são maioria em postos de trabalho precários e terceirizados, assim como recebem salários menores mesmo desempenhando as mesmas funções que os homens. Com isso, a Carta Potiguar foi em busca da opinião de mulheres políticas do RN a respeito do assunto.

Zenaide Maia

Para a Deputada Federal do PR, o trabalhador brasileiro está de luto, principalmente a mulheres. “São 117 itens que só retiram direitos dos trabalhadores. As mulheres serão as mais prejudicadas. Elas estarão na mão do patrão. Com um filho em casa e com fome, qual mãe não aceitaria qualquer acordo?”, questiona. Zenaide também alerta para a representatividade na política. “É necessário que as mulheres acordem,que votar em empresário ou em candidatos que defendem ‘bandido bom é bandido morto’ não é saída. Eles não defendem nossos interesses”.

“Esse governo não vê pessoas, vê números”.(Foto: Reprodução)

Ainda de acordo com Zenaide, a reforma trabalhista voltou com o regime de servidão. “Trabalho intermitente é desumano. A gente contrata máquinas por hora e não pessoas. O patrão a partir de agora terá o poder de deixar as famílias com fome. Por isso é preciso antecipar as eleições. Um presidente que não tem aprovação nenhuma da população não pode continuar com esse desmonte. Ele é acusado de corrupção passiva, foi pego em gravações negociando propina, aquela mala que está nas imagens não é ilusão de óptica”.

Amanda Gurgel

A ex-vereadora Natal e possível candidata a deputada estadual, Amanga Gurgel (MAIS), declarou ser totalmente contra a Reforma Trabalhista. “A aprovação da reforma trabalhista foi um duro golpe nos trabalhadores e trabalhadoras de nosso país. Esta modificação atende somente aos interesses dos ricos empresários e não trará nenhum benefício ao povo pobre”. Entre os pontos mais críticos ela destaca a possibilidade de mulheres grávidas trabalharem em local insalubre e contratação de trabalhadores como autônimos sem pagamentos de direito. “É o maior retrocesso em direitos dos últimos cem anos. Nem a Ditadura Militar foi capaz de promover um ataque tão grande aos trabalhadores. Com a Reforma Trabalhista, direitos que custaram muita luta para serem conquistados serão perdidos.

” Temos um governo cujo projeto central era atacar os trabalhadores”. (Foto: Reprodução)

Para Amanda, essa derrota sofrida pelos trabalhadores foi produto do golpe. “A entrada de Temer no governo foi apoiada pelos grandes empresários, que vão lucrar com o aumento da exploração do trabalhador. O caminho para os trabalhadores e a juventude é organizar a resistência. Precisamos parar os locais de trabalho e estudo e tomar as ruas, pressionando pela revogação das reformas e por novas eleições, diretas e gerais, para presidente e para o Congresso Nacional”.

Natália Bonavides

A vereadora do PT, Natália Bonavides, afirma que é uma  desonestidade dizer que a reforma não tirou direitos. “Nosso mandato repudia a reforma trabalhista e qualquer outra medida que atente contra direitos das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. Somente a mobilização popular, forte, concreta e permanente, é capaz de puxar o freio de mão e dar uma direção contrária a retrocessos como as reformas trabalhista e previdenciária”.

“Quero registrar ainda o orgulho em ter tido como uma das grandes resistências no Brasil a senadora Fátima Bezerra, referência no combate a tais retrocessos”. (Foto: Pedro Feitoza)

Em solidariedade às senadoras que ocuparam a mesa do senado, com o objetivo de tentar abrir o diálogo sobre algumas emendas que a bancada de oposição havia colocado para debate. Uma delas, por exemplo, impediria que as mulheres gestantes e lactantes trabalhassem em locais insalubres. A vereadora de Natal emitiu uma nota onde afirma que “as atitudes tomadas pelas senadoras foram a única alternativa para tentar reduzir os danos de uma votação que representa um enorme retrocesso nos direitos trabalhistas em nosso país. Qualquer retaliação significa mais um avanço ao estado de exceção que vivemos em nosso país”.

Júlia Arruda

A vereadora do PDT acredita que é realmente necessário uma discussão sobre a modernização das leis trabalhistas, mas sem a perda de direitos fundamentais para os trabalhadores. “Sobretudo quando se fala em diretos das mulheres, que já têm que superar uma desigualdade salarial histórica”.

“Não podemos aceitar que direitos fundamentais para os trabalhadores sejam ameaçados, sobretudo para as mulheres, que já têm que superar uma desigualdade salarial histórica”. (Foto: Elpídio Jr)

Júlia também acredita que o momento atual que o país enfrenta não é propício para uma votação como essa. “Como a maior parte da população, também tenho minhas ponderações à respeito da reforma trabalhista e lamento que uma matéria dessa importância, e que vai impactar diretamente nas relações de trabalho, tenha sido aprovada em um momento tão conturbado da política brasileira e sob um governo que tem uma grande desaprovação popular”.

Cristiane Dantas

A deputada estadual Cristiane Dantas (PCdoB) destaca que a reforma trabalhista aprovada nas últimas semanas apresenta pontos muito equivocados que não beneficiam o trabalhador. “Particularmente, me preocupa a alteração que permite que trabalhadoras grávidas possam atuar em ambientes insalubres”. Para Cristiane, o texto-base da reforma trabalhista deveria ter tido uma elaboração mais democrática.

“A reforma trabalhista aprovada pelo Senado apresenta pontos equivocados que não beneficiam o trabalhador”. (Foto: Reprodução)

Cristiane Danta afirma que apenas um lado interessado foi ouvido. “É necessário levar em consideração todas as partes interessadas nesse processo, para realmente refletir na modernização das relações de trabalho”.

Leonardo Dantas

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