Rio Grande do Norte, sábado, 04 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 11 de outubro de 2011

Você tem menos de 1% de chances de ir para o céu*…

postado por David Rêgo

Pouco importa se você segue à risca o que manda sua religião. Seguir os ensinamentos da religião é a “segunda fase do vestibular para o céu”. 99% das pessoas ficarão na primeira fase do processo seletivo que é a escolha da religião certa, afinal, todas as escrituras proclamam que apenas ela é a verdadeira. Todas as demais seriam falsas ou não conteriam o que é realmente “essencial”. Estatisticamente falando, ao escolher uma religião, suas chances de ir para o inferno são de quase 100%. Só de religiões tradicionais africanas, têm-se mais de 20. As “grandes religiões” do mundo atingem quase uma dezena. Isso se desconsiderarmos as “mitologias” que nada mais são que religiões extintas. Caso o catolicismo deixasse de existir, no futuro as pessoas falariam a respeito da “mitologia católica”.

Apenas a lista com as religiões e tradições espirituais da wikipédia nos coloca quase 100 tipos diferentes de “crenças” – embora algumas muito próximas, como é o caso dos católicos e protestantes – disseminadas pelo mundo. E estamos sempre falando de “grandes religiões”, desconsiderando aqui religiões de pequenos grupos que vivem isolados e possuem também suas próprias crenças.

Em todo o mundo são muito mais do que 100 religiões ou doutrinas religiosas. Em comum existe o fato de afirmarem que  levará para o céu (ou o equivalente disto; o sociólogo Durkheim diria que a dicotomia básica em todas as religiões gira em torno do “sagrado e do profano”) os seus seguidores, em todas elas existem pessoas que “tiveram um contato de primeiro grau” com o divino, o que seria a prova de sua existência. Resumindo: você tem apenas uma chance para escolher entre mais de 100 religiões que se dizem verdadeiras. Quando temos mais de 100 opções para apenas uma válida, significa dizer que as chances de acerto são inferiores a 1%. Boa sorte na escolha.

* É de se deixar claro que o texto não tem como intenção ofender nenhuma religião, trata-se tão somente de uma brincadeira para alertar sobre os conflitos lógicos que o fanatismo religioso e o etnocentrismo pode nos levar.

David Rêgo

Sociólogo, antropólogo e cientista político (UFRN). Professor do ensino médio e superior. Áreas de interesse: Artes marciais, política, movimentos sociais, quadrinhos e tecnologia.

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