Rio Grande do Norte, sábado, 27 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 20 de dezembro de 2021

Há pessoas que mais se parecem com uma ressaca: sugam toda sua energia

postado por Joao Paulo Rodrigues

Eu fui à minha cidade de criação. Lá encontrei amigos antigos. Apesar de ter sido uma visita aligeirada, pude me deliciar com os bons momentos que passei com alguns de meus amigos – eu estou ciente de que terei de fazer mais visitas ao meu interior, pois ainda há muitos amigos para eu ver!

Brincando, brincando, passei cerca de quize horas plantado em um cadeira, tomando uma gela e fumando aqui e ali. No outro dia, cedinho, vim embora para casa, pois já tinha de trabalhar em pleno o domingo – porque plenas, plenas mesmo são as filhas do Gugu, eu sou um reles johnny, que se não trabalhar, não tem o trocado do mês para sobreviver.

Fiquei feliz; foram momentos prazerosos entre amigos e nenhuma, nenhuma vergonha sequer – isso foi uma vitória para mim!

Passei o dia seguinte entre chata ressaca e revisão de textos – tipo, dormi às 6h da manhã de hoje e acordei às 10h. Notei que passei o dia de ontem sem forças. De fato, minha energia vital tinha ido embora.

Esse fato me fez pensar em pessoas que são como uma ressaca: elas nos sugam o elã da vida. Algumas pessoas que estão próximas a nós, são como sugadouros: só se dão por contentes quando nos tiram a derradeira gota de ânimo.

Engana-se quem pensa que essas pessoas estão distantes de nós. Na verdade, muitas das vezes elas moram pertinho de nós, são tidas por nossos amigos, parentes ou algo do tipo.

Assim como as pessoas que fazem purificação espiritual ou usam cristais para neutralizar as energias negativas, é preciso que saibamos fazer um filtro das pessoas com as quais buscamos nos relacionar.

Quando a amizade não é bem dosada, por vezes entramos em relações que mais se parecem com um inferno nórdico – uma curiosidade: para os escandinavos antigos, o inferno é gelado; isso faz muito sentido, haja vista que eles viviam invernos terríveis, ao passo que os judeus sentiam o calor infernal do deserto, donde se compreende sua imagem ardente do seu lugar de flagelo – não, eu não tive essa sacação; foi Feuabach quem sacou primeiro.

A embriaguez é uma intoxicação. Por isso, com razão se dizia que a cachaça era um veneno. Assim como é importante tomarmos cuidado com o que ingerimos, é necessário que saibamos escolher bem nossas amizades, senão corremos o perigo de vivermos espiritualmente ressacados.

Joao Paulo Rodrigues

Graduado, especialista, mestre e doutorando em Filosofia (UFRN). Especializando em Literatura e Ensino (IFRN) e curioso pela ciência da grafodocumentoscopia.

Comments are closed.

Crônicas

Carta de Sartre a Emanuelle

Crônicas

Não deixe que suas raízes te deixem