Rio Grande do Norte, sexta-feira, 26 de abril de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 27 de novembro de 2021

A magia do parque de diversão: não fumem maconha, ou fumem!

postado por Joao Paulo Rodrigues

Os parques de diversão são maravilhosos, os infantis mais ainda! Ontem eu fui assistir a uma batalha de Mc’s aqui em Ceará-Mirim, à praça da Igreja Matriz. Cheguei cedo, pois não conhecia o pessoal, então, resolvi ser pontual e chegar exatamente às 19h. Claro, não tinha ninguém ainda.

Andando solitariamente por entre as pessoas, a fim de identificar alguém ou algum grupo que estivesse interessado na batalha – queria mesmo era saber onde o pessoal estava reunido –, pus-me a passear pelo local – todo preto sabe que não pode ficar de ‘bobeira’ em lugar, pois, torna-se, ‘naturalmente’, digo, racistamente um indivíduo suspeito!

No final da praça, pude ver o parque – que embelezava o lugar! Ah, estamos em período de festa da padroeira da cidade – por gentileza, não me perguntem o nome! O parque era lindo, apesar de simples, ou era lindo por ser simples! Havia uns troços para girar, havia cama-elástica e câmara de ar, balões; havia até carrinho motorizado, para fingir ser um trenzinho. Na verdade, acho que era uma fila de carrinhos, realizando algum sonho ou desejo infantil de estar em um carro, em velocidade, sei lá.

Era muito bonito de se ver: crianças e adultos se divertindo. Fiquei pensando um pouco sobre isso, enquanto via as pessoas sorridentes e suspensas. O parque consegue causar esse feito na gente: a alegria transborda de nosso ser.

Achei tudo muito interessante: um monte de coisas feitas de girar, girar e girar, até nos deixar tontos, até nos deixar bêbados. Olhei à minha volta e vi luzes, mas não luzes que alumiam, enquanto postes, vi luzes emanando das pessoas, como se fossem fumaças, como se fossem kis, como se fossem auras.

As almas vivas ali se encontravam. A alegria que emanava das pessoas criava um ambiente lúdico. O parque de diversão tem esse efeito mágico sobre nós: voltamos a ser o que nunca fomos, mas sempre quisemos ser; recuperamos a docilidade da infância.

Sempre gostei de gente, assim como sempre gostei de observar as pessoas enquanto pessoas. É um exercício que sempre faço; sempre procuro encontrar beleza nas pessoas. O parque é um bom lugar para observar esses encontros de almas, que dão descansos aos nossos dias desalmados – o dia se personificou!

O parque de diversão nos faz ter contato com a vida, enquanto o shopping nos oferece consumo. “Ah, mas o parque também é consumo pelo consumo”, talvez você diga. Não penso que esteja errado. Em termo, é tudo sobre consumo. Mas, sei lá, há algo pueril em mim, que me faz acreditar que o parque é um dos lugares analógicos cujas raízes manifestam o ambiente da distração. O parque é um lugar de francos sorrisos.

Quando dei por mim, parque, batalha de Mc’s e existência, eram só uma e a mesma coisa. Uma fumaça, uma névoa atravessou minha razão, interrompendo seu fluxo, a fim de dar lugar às sensações. Senti que a alegria é a alma da alma.

— Esse omi sempre está rindo — disse um colega que encontrei na batalha.

— Pois é, eu gosto de rir — disse eu, soltando um sorriso franco – sim, meu sorriso é uma personalidade.

Acho que a atmosfera do parque me deixou mais alegre, sei lá. A solidão que senti no início da noite, dissipou-se ao seu fim. Voltei para casa só, assim como sempre estive, todavia, carregava comigo a experiência do cotidiano de um dia, digo, uma noite alegre.

O parque de diversão tem dessas coisas.

Joao Paulo Rodrigues

Graduado, especialista, mestre e doutorando em Filosofia (UFRN). Especializando em Literatura e Ensino (IFRN) e curioso pela ciência da grafodocumentoscopia.

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