Rio Grande do Norte, sábado, 04 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 30 de janeiro de 2012

Bob Dylan, o equilíbrio dos contrários

postado por Carta Potiguar

Estou vasculhando o que tenho em casa sobre Bob Dylan para um bate papo sobre música pop numa faculdade da região do Vale do Paraíba (SP). Bob Dylan é uma paixão antiga e interminável. Isso tudo ao longo de uns quarentas anos. Essa paixão me dá cada vez mais a certeza de que ele é o poeta mais fundamental da música pop, ao lado dos Rolling Stones e obviamente dos rapazes de Liverpool. Pesquisando a tumultuada vida do geminiano Bob Dylan pode-se observar que ele é uma espécie de equilíbrio dos contrários.  Por um lado é um ídolo pop idolatrado e paparicado pela poderosíssima máquina da indústria fonográfica. Mas odeia o mito, o marketing em torno dele. Esconde-se como pode. O que só serve para aumentar ainda mais a imagem mitológica que ele rejeita. Comparado a Rimbaud pela compositora Patti Smith, ele se recusa a tal mérito. Apesar de ter sido honrado por uma Universidade inglesa como Dr. Honoris Causa. Diz sempre que seus longos poemas musicados são “sujos” na medida em que retrata o cotidiano e suas crueldades. Bob Dylan é também um poeta com toques surrealistas muito sutis.  Não gosta de ser da turma do rock. Alías é claro nas suas músicas a presença da suas raízes country. Mas apesar disso comete rock e disse certa vez: “eu amo Mick Jagger”. Misterioso como João Gilberto, ele tranca a sete chaves sua vida particular. Mas desde que resolveu escrever sem nenhum sentido linear sua visão de mundo, surgem cada vez mais biografias sobre ele, que acaba se sabendo das suas esquisitices de um geminiano típico. Sobre as mulheres diz ele “a sujeira as torna bem atrativas para despertar o instinto animal que existe em nós” (Entrevista na Revista Feminina “MCALL’S). Sua obra musical é tão surpreendente quanto sua biografia. Um novo disco de Bob Dylan é sempre uma surpresa. Diz Dylan que “quem compõe, escreve sou eu e não o mito”.
Caetano Veloso disse: faz tempo que não é preciso saber inglês para sentir Dylan. Ouvir Dylan é um transe, um estado de espírito, uma necessidade de isolamento. Alías ele mesmo vive dizendo que precisa isolar-se para compor. O resto é um Dylan de capa preta, chapéu e óculos escuros caminhando pelo underground de New York buscando inspiração.

Fotos: Bando de imagens Google

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