Rio Grande do Norte, segunda-feira, 06 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 20 de julho de 2012

Diante do voto cadastro, twitter é bobagem

postado por Daniel Menezes

O Tribunal Regional Eleitoral, obedecendo a um entendimento do Tribunal Superior Eleitoral, foi de uma firmeza sufocante quando o assunto era propaganda eleitoral antecipada no twitter. De repente, os pré-candidatos, que todo mundo sabia que seriam os candidatos da disputa, não puderam, sequer, tecer comentários sobre acontecimentos sociais. Era como se o TSE-TRE quisessem proteger a sociedade do próprio vitalismo político que ela produz. Nada poderia ser mais autoritário.

Do lado de cá, que não está em oposição a atuação do TRE, mas contra os exageros que inviabilizam a possibilidade de discutir os projetos políticos da sociedade que queremos, torcemos para que o Ministério Público Eleitoral, a Polícia Federal e o próprio TRE, procurem manter a mesma postura para o caso do chamado voto cadastro. Alias, não só torcemos, mas temos a certeza de que haverá grande fiscalização por parte dos entes reguladores.

A lógica é antiga e conhecida por todos. As lideranças comunitárias e/ou políticas constroem grandes listas com os nomes dos moradores do bairro e as vendem para os candidatos. Estes, por sua vez, produzem, cerca de trÊs dias antes da eleição, uma verdadeira operação de guerra para distribuir 20 reais por eleitor e um santinho.

A operação se torna difícil de ser flagrada porque o montante de dinheiro costuma ser pulverizado e entregue por uma equipe composta por muitas pessoas, de modo que ninguém, individualmente, seja apreendido com soma vultosa de recursos.

A compra de voto, também conhecida como “boca de urna”, apesar de algumas diferenças, é, de fato, perniciosa, pois garante a eleição de vereadores sem representatividade eleitoral e retira a vitória de quem tem história e a escolha do cidadão, que não foi pautada pelo oferecimento de vantagem financeira. O poderio econômico, além de criminoso, atenta contra o próprio funcionamento democrático do pleito.

É com isto que é preciso se preocupar e atuar de modo rígido, pois diante do “voto-cadastro”, rede social é bobagem.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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