Rio Grande do Norte, sábado, 04 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 5 de outubro de 2012

Urbe Chaos in Notown

postado por Ivenio Hermes

Olhar artístico sobre o caos urbano

Por Ivenio Hermes e Rafael Barroca¹

 

Contemplando a Beleza

Os dias se esgotam e contamos a segunda, a terça, a quarta e a quinta feira passarem no frenesi das tarefas que assoberbam o ser humano. Envolvido na bolha da individualidade cada uma vai para o seu lado, sempre preocupados como tempo que está escorrendo como areia fina por entre os dedos e deixando de lado algo que poderia ser mais importante.

A beleza dos relacionamentos, por exemplo, se perde na falta de atitude contemplativa daqueles que se amam. Os desgastes das contendas e do egoísmo embotam a visão de enxergar a beleza daqueles que um dia já foram tão belos um para o outro. Não há mais sensibilidade para comtemplar a beleza.

 

A Paisagem Despercebida

O relacionamento desvalorizado se confunde com as imagens que vemos através da janela do meio de transporte que utilizamos. Assim como aquela beleza não mais perceptível, variadas belezas passam e a introspecção daquele tempo que parece perdido, se somam com os afazeres do cotidiano.

Absortos pelo entretenimento portátil, a paisagem vai mudando durante o trajeto e muitas vezes há uma estranha sensação de estar vendo novo, mas que não é.

Em seu interior, uma vontade de que tudo fosse diferente, que tudo fosse perfeito… Um sonho que parece irrealizável.

 

 

 

 

De Olhos Fechados

A mudança que se deseja produzir tem início no interior de si mesmo e a percepção de como evoluir, de como ver e sentir aquilo que precisa ser modificado, não pode acontecer de olhos abertos e distraídos.

Nos acotovelamentos da multidão, no barulho do trânsito ou no meio da balbúrdia da concentração frenética da praça de alimentação, não está o melhor para meditar sobre seus processos mentais.

Há necessidade de parar, interromper o fluxo de imagens desconexas que perturbam o pensamento, e fechar os olhos para refletir. É preciso deixar o mágico silêncio de a paz inundar o ser, libertando a mente da falta de arrependimento e reconhecendo suas falhas para iniciar um novo processo de evolução íntima.

 

 

 

 

 

As Objetivas da Alma

Ao chegar o momento de reabrir os olhos, a pureza daquele reencontro interior com Deus e consigo mesmo, deve permanecer intocada para enxergar as possibilidades que surgirão.

Como um diafragma fotográfico, a mente humana deixa os olhos se abrirem como lentes captando instantes e imagens que poderiam ficar perdidos. São revelações da mente se predispondo a começar de novo, visionando seus erros e as belas possibilidades de começar de novo.

Quando as objetivas da alma registram novamente o mundo junto com os sons que rompem a calmaria da meditação e despertam para a realidade que precisa ser renovada a partir de sua própria modificação.

 

 

 

 

A Percepção do Amor

Reconhecendo a necessidade de transformar-se primeiro em ordem de conquistar transformações, aquele abrir de olhos pós-meditação apresenta uma percepção do amor que antes estava embotada.

Com a alma aliviada a paleta de cores da percepção do amor fica mais nítida, os tons desbotados agora ficam coloridos, a moldura cafona adquire aspecto de relíquia valiosa, e a até a forma de amar volta a ser pura, enxergando aquela beleza que foi desgastada pelas contendas e dissabores.

Para amar verdadeiramente é imprescindível ter a capacidade de contemplar a beleza que passa com a paisagem despercebida e de olhos fechados interromper o fluxo de informações desnecessárias até que as objetivas da alma se abram preparadas para ter a percepção do amor.

 

 

 

 

Caos Urbano em Natal

Ao mudar internamente, resgatar a percepção do amor, até a paisagem urbana volta a ficar bonita. O podre, o fétido e feio são filtrados por essa mente renovada, que consegue identificar o que pode ser melhorado, o que deve ser mantido e o que deve ser totalmente reconstruído.

Do lixo a reciclagem, do entulho a pavimentação, do trânsito congestionado e do semáforo vermelho um tempo extra para meditar, do calor a chance de sentir a brisa, dos ruídos o sossego do silêncio vindouro.

É uma sensação de paz que inunda e que é capaz de extrair do caos reinante, uma bela e nova ordem.

NOTA:
O álbum contendo as fotos deste artigo e mais 34 se encontram disponíveis pelo link: http://migre.me/b1zuC

 


RAFAEL BARROCA Fotógrafo para este ensaio, tem 28 anos, é graduando de comunicação social da UFRN. Pela fotografia em still e vídeo, desde cedo foi apaixonado, mas só recentemente equilibrou relacionamento e dedicação necessária para seus projetos. A paixão pela vida o disponibiliza a oportunidades de discutir alternativas para as opções óbvias e desgastadas.


Ivenio Hermes

Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Integrante do Conselho Editorial e Colunista da Carta Potiguar. Colaborador e Associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial. Facebook | Twitter | E-mail: falecom@iveniohermes.com | Mais textos deste autor

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