Rio Grande do Norte, domingo, 05 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 14 de novembro de 2012

Festival Dosol e a diversidade do Rock

postado por Carta Potiguar

Quem foi ao sábado, primeiro dia do festival Dosol realizado nesse fim de semana, não pôde reclamar da diversidade. O agora já sexagenário Rock’n’roll adquiriu tantas formas, estilos, plásticas e sonoridades diferentes que quem passeava entre um palco e outro podia algumas vezes encontrar pouca ou nenhuma coisa em comum.

Começando em uma matinê cruel às 15h sob um sol escaldante, interessantes bandas da cena potiguar abriram o festival . A recente Far from Alaska e seu rock meio pesado meio eletrônico, a efusiva Kung Fu Johnny, a sessentista e dançante Os inflamáveis e a excelente Red Boots, que chegou atrasada, mas em tempo de fazer um ótimo show com seu som pesado, direto, riffado e contagiante.

RedBoots, o duo mossoroense. Foto: Rafael F.

Na sequência vieram algumas bandas paulistas. O som mais diferente da noite ficou por conta de Tenistas e Aeromoças Russas, cujas influencias variavam em torno de Kenny G e George Michael. O “soft” rock da banda, embalados pelo sax que sopra sexo no cangote do maestro, lembrava um rádio sintonizado na 104 fm. Além desta, a pouco empolgante Huey e suas três guitarras que não fizeram o serviço de uma, as pesadas Questions e Test, e a já consagrada Leptospirose que fez um show recheado de rodas de pôgo e suor para alegria dos entusiastas de grind. Som extremo e hematomas. Play Fast! Entre elas, a mossoroense Monster Coyote que também fez uma apresentação pesada e concisa.

A paulista Aeremoças e Tenistas Russas. Foto: Rafael F.

A essa altura todos muitos bêbados e cansados, o relógio já passava das 21h quando a uruguaia Silverados entrou no palco abrindo alas para as bandas gringas da noite. Em um ponto perdido entre Rolling Stones e AC/DC, os uruguaios fizeram um show divertido e empolgante, mas não tanto quanto a banda seguinte. Os suecos do Truckfighters trouxeram um som enxuto e maduro, com toda a expertise dos palcos europeus. Stoner rock de primeira linha que agradou bastante. O guitarrista Dango – cheio de Toddynho na cabeça – fez um show a parte, com grande presença de palco e domínio do público. O baterista viking Mc-Kenzo foi enfático ao revelar a maior influência da banda: Kyuss! O ponto alto da noite. Em seguida vieram os veteranos argentinos da banda PEZ. O som intricado e complexo, que mistura peso à virtuose de muitas mudanças rítmicas pareceu não chamar atenção. Colocar a banda no palco menor foi uma péssima estratégia, fazendo com que a plateia murchasse, embora o show tenha sido sensacional. O guitarrista/vocal Minimal se apresentou com um pouco ortodoxo short de lycra preto, enquanto as tatuagens em seu corpo mostravam as influências da banda: de Frank Zappa a King Crimson.

Os suecos do Truckfighters. Foto: Rafael F.

Sem tempo para descanso, Macaco Bong, direto do Mato Grosso, desfilou seu rock clássico num show estilo Jam session, com muito improviso e distorções. A banda já é bem conhecida do publico potiguar, o que fez com que alguns tenham preferido ir comer uma pizza e outros embora. Na sequencia o som instrumental da banda da casa Camarones Orquestra Guitarristica, outra figurinha carimbada entre roqueiros potiguares. Depois da tempestade, um afago, e foi a vez de rocks mais tranquilos entrarem no palco.  A baiana Maglore e seu rock-violão, a potiguar e performática Androide sem Par, a mais-do-que-conhecida Talma e Gadelha, e a queridinha ex-hype Vanguart fizeram a sala para quem gosta mesmo é de um rock mais doce.

Os norte-americanos do Slackers. Foto: Rafael F.

A madrugada já empurrava seus ventos frios e as carteiras de cigarro já imperavam vazias quando os Slackers assumiram o controle. Embora a essa altura boa parte do público já tivesse abandonado o navio, os norte-americanos brindaram os últimos guerreiros com um Ska bastante competente e dançante. Um concerto fino e memorável, que provou que o rock é mais que uma mera sonoridade: um universo inteiro. Quem ficou, gostou! Fim de jogo. Terminava assim o primeiro dia de festival, o domingo era grátis, mas só pra quem conseguiu levantar da cama com tanta ressaca.

 

 

Carta Potiguar

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