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Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 12 de junho de 2014

O grande dia

postado por Daniel Menezes

downloadDesde a década de 90 que o Brasil tentava sediar a copa e as olimpíadas. Não nos esqueçamos do projeto Brasília lançado naquele período. Uma gambiarra que não foi aceita nem pela FIFA nem muito menos pelo comitê olímpico internacional. Só com a evidência que o Brasil ganhou lá fora nos anos 2000 que esse desejo se tornou possível. Mas não está sendo fácil de engolir pelos representantes do consórcio antidistributivista e que sentem uma vergonha danada do pezinho no hemisfério sul.

Apesar de todo o ceticismo, a copa veio e, com ela, uma das maiores campanhas de desinformação de nossa história. Vídeos viralizados de Kajuru, Ronaldo e cia com informações falsas, dando conta de que fomos os únicos que concedemos isenção fiscal para FIFA se fizeram presente. Uma grande mentira: a FIFA sempre recebeu isenção por onde passou. Não apenas ela, mas a F1 e eventos como o Rock in Rio são até adubados com dinheiro público. Não deixa de ser irônico ouvir roqueiro protestar contra a Copa de Futebol.

Outros relacionaram de modo desonesto suposta ausência de gastos com saúde e educação com o maior evento de futebol do mundo, algo também inverídico. E a lorota é justamente propalada por aqueles incapazes de confessar seus reais interesses num período em que áreas sociais tiveram um crescimento exponencial em investimentos recebidos.

Obras não ficaram prontas até o início da festa. Mas o Brasil não explodirá depois do evento. E o atraso também teve a ver com a divisão de responsabilidades. Em Natal-RN o dinheiro federal escuta a conversa há bastante tempo e Micarla, prefeita de 2008 até seu afastamento em 2011, real incompetente, teve a sua ingestão creditada na conta da Dilma. Outro motivo foi a própria forma grandiosa com que o atual governo se preparou para 2014. Estádios são meros detalhes diante da modernização dos portos, aeroportos e outras obras de mobilidade. Foram investidos 17 bilhões em infraestrutura e 8 bi em estádios. As arenas não foram feitas a fundo perdido. Pelo contrário. O dinheiro emprestado será pago, retornará.

De um ponto de vista racional, a copa já logrou êxito em sua jornada. Só no Rio estima-se que os turistas deixarão cerca de 7,5 bilhões de reais. Só no Rio. Ainda há as outras 11 sedes. O Brasil arrecadará cerca de 5 bi a mais em impostos pagos pelas empresas privadas que vieram com a Copa. Só Natal teve uma publicidade gratuita de 1 bi e os almejados vôos charters aumentaram em 800%. Isto significa mais empregos, que beneficiam pequenos prestadores de serviço e os grandes investidores. Há mais dados que engrossam o saldo positivo.

Sim, o governo federal foi incompetente ao menos em um aspecto: ele não conseguiu peitar politicamente os abutres e demonstrar a importância da copa para a população. Não fez política e se comunicou de modo tímido.

Mas a oposição e seus braços midiáticos não aceitariam, como não aceitaram, o fato de isto acontecer em um governo de esquerda, aquele que vive em pleno fogo cruzado dia sim e outro também. É demais para a mente dos colonizados. Não é possível encarar passivamente um fato desses em plena véspera de eleição. Os black-blocs e suas opiniões publicadas ganharam a luz do dia sem nenhum pudor e ornando a defesa do atraso como algo legal a ser perseguido. Perderam.

Hoje é o grande dia. Não apenas do futebol, o que já seria uma enormidade. Mas do pontapé do cientista Miguel Nicolelis, símbolo mais visível de uma revolução na produção da ciência e dos investimentos em pesquisa e pós-graduação no Brasil. Vai ser emocionante.

MINUTOS DE FAMA

Cabe aos demais oportunistas extremistas, aqueles que não conseguem obter 2% dos votos numa eleição, vampirizar o acontecimento com quebra-quebra. São os que de modo nada modesto alegam ser o “povo”. A ação deles tem lá o seu sentido estratégico. Afinal, é o único momento em que adquirem alguns minutos de fama. Não deixariam passar a oportunidade.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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