Rio Grande do Norte, domingo, 05 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 11 de fevereiro de 2012

Casa de show desafia lei do silêncio em Natal

postado por Daniel Menezes

A casa de show Baladinno, situada na Av Prudente de Morais, desafia a lei do silêncio. Em que pese todos os protestos e reclamações da vizinhança, que já passam de duas dezenas, o Bar apenas recebeu advertências verbais.

As ligações dos moradores de candelária durante as noitadas já foram tantas que o 190, número da polícia, nem mais atende as chamadas.

Os moradores, desesperados, já entraram em contato com Delegacia do Meio Ambiente, Promotoria do Meio Ambiente, Semurb e nada. Até a delegacia do idoso foi acionada, já que uma vizinha da terceira idade não consegue descansar há meses em decorrência da festança. “Só durmo a base de remédio controlado”, sentencia.

Tem gente vendendo sua casa para fugir do aperreio. “Eu não acredito que alguém possa fazer alguma coisa. Essa algazarra já têm dois anos”, revelou uma moradora indignada, que preferiu mudar para outro bairro do que esperar a ação das instâncias competentes.

Além do som alto, que já seria suficiente para fechar o estabelecimento, a frente do mesmo é tomada por paredões, pista de arrancada, carros estacionados em locais impróprios, etc.

Mostrando que veio para ficar, a casa de show comprou residência vizinha e ampliou o espaço, sem se preocupar em tornar a acústica compatível com a razão de ser do comércio.

CONIVÊNCIA ESTATAL?

Os moradores denunciam que pouco tempo antes de o representante do poder público aparecer com o medidor de decibéis, o dono da casa de show abaixa o som.

“Ele só pode ter uma peixada lá dentro”, disse outro cidadão que também se sente incomodado com o som.

Ainda assim, ele já foi flagrado várias vezes com o som muito além do permitido e nada. O dono do estabelecimento recebe uma advertência, às vezes, uma ameaça do representante do poder público, que alega que vai fechar a casa, caso ele continue com a conduta inapropriada. Porém, o dono dá de ombros e continua a promover os muitos shows de Forró, que, em alguns casos, chegam a começar na quarta feira e só terminam no domingo.

TÔ NEM AÍ

Há processos na justiça que correm à revelia, ou seja, a parte reclamada (o dono da casa de show) já faltou à audiências movidas contra ele.

O descaso é sistêmico.

O dono do bar ainda pede, ainda conforme os moradores, para seus amigos aumentarem o som dos seus paredões na frente da casa das pessoas que estão denunciando a algazarra.

Natal é terra de ninguém.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

14 Responses

  1. Inacio disse:

    Vixe, se forem seguir a lei do silêncio a risca, deveriam fechar todos os bares da prudente. 
    Esta avenida é pura bagunça. 
    A Rossana Sudário só gosta é de holofote, só se preocupa com os casos que saem na grande imprensa, no restante, não resolve nada.

  2. Lourdes Maria disse:

    Este bar que foi mencionado na reportagem é uma afronta a cidadania. Sou vizinha e não aguento mais o som desse povo.
    Aff, estamos quase vendendo nossa casa também.

    • Nascimento disse:

      Chame a polícia, se apresente aos policiais e exija que o dono e/ou gerente seja levado até a delegacia de plantão e registre a ocorrência.
      Combine com os vizinhos para que todos façam isso, um após o outro, todos os dias que assim, quem sabe, ele também se cansa de ficar peregrinando à delegacia a noite toda.

  3. Raquel disse:

    Eu fui reclamar desse bar para um juiz e ele disse que os moradores têm é de sair da prudente, que não é mais lugar para se morar.
    É a derrota da cidadania.
    Parabéns, Carta Potiguar.
    O único veículo independente do RN.

  4. Jorge disse:

    sem contar que o bar é “vizinho” a delegacia.. lamentável!

  5. Mario disse:

    falta de educação, egoísmo,
    estupidez e completa ausência e incompetência do poder público. já convivi com
    coisas do tipo, mas isso é uma violência pela qual as “autoridades” estupidamente
    são condescendentes

     

  6. Roberto Grossi disse:

     Dante vem aí.

    Triste ler o post “Casa de show desafia a lei do silêncio em Natal” em pleno sábado e constatar quantas agressões vivenciamos diariamente, quantas atitudes incompatíveis com a nossa pretensa humanidade, ocorrem aqui, em nossa cidade.
    Só posso ser, distinguir-me, na medida em que reconheço o outro.
    O que vai na contra-mão do “Tô nem aí”.
    Agora mesmo, enquanto escrevo, ocorre um culto de louvor em uma praça pública aqui próxima. O mesmo espaço no qual eu despenderia entre dez a quinze minutos caminhando até lá é vencido em segundos pelo incomodo som desmedido. Se realiza no mesmo espaço público que deveria servir como “Área de Lazer” e que é cedido pela nossa prefeitura para realização de shows que vão até o raiar do dia. O mais terrível destes episódios, e que privei-me de acompanhar compulsoriamente pois estava viajando, foi a gravação de um DVD grafiteiro. Pelos relatos não economizaram nos equipamentos sonoros nem nos decibéis. Ou seja, com aval do poder público, com segurança feita pelo poder público, a mesma segurança sempre tão escassa nas periferias e que hoje falta em toda cidade. O mesmo poder público que deveria ordenar uma vida tranquila aos seus cidadãos. Durma-se com um barulho desses.
    Depois desses “Shows” sobra a terra arrasada, lixo e fedentina. Adeus gramados, não se pode correr pela pista de treinamentos, ao menos não respirando. Os valentes garis vão tentando fazer o seu trabalho mas, qual o problema da sujeira ali, se toda Natal não está muito diferente?
    Fico triste porque é patente o descaso com a cidade, ao menos os canteiros, as praças, as ruas já foram mais cuidadas, o que temos hoje: buracos, lixo, entulho e muito barulho, uma verdadeira agressão à cidade que escolhi para viver.
    E o barulho agride, é capaz de enlouquecer o mais são.
    O orador lá na praça, agora, pede aos natalenses que tirem o pé do chão. Canta, canta, e procura uma irresponsável mãe anunciando seu rebento perdido. Glória e oração. Aleluia.
    Não é privilégio dos vizinhos de bar, ou de áreas de lazer como essa, seria perfeitamente compreensível você surtar ao ser importunado por um ou mais sem noção e sem fone de ouvido mas com celular em um transporte coletivo. Não preciso retomar a discussão sobre os coletivos agora, seria agressivo demais.
    Antes do advento do celular com mp3, o programa do Mução (escroque num programa de pegadinhas) era confusão certa nos ônibus equipados com rádio e que teimavam em sintonizá-lo. Alguém que já havia ingerido algumas para suportar o retorno para casa depois da labuta, não se continha e inadvertidamente repetia os impropérios do locutor, um marido ofendido devido a presença da sua companheira, a escutar os repetidos impróprios às senhoras castas, sempre colocava o pobre incauto para fora do veículo, depois de uma boa confusão e às ameaças do motorista de terminar a viagem em uma delegacia.
    Há horas que tal qual o personagem de Machado de Assis dá vontade de colocar todos no manicômio, ou, depois como no conto, se trancar lá sozinho por descobrir-se o divergente de todos.
    Mas hoje não temos manicômios. Pelo menos não como um lugar delimitado.
    Há um componente que permeia essa situação e que, acredito, tenha sua motivação naquele movimento da véspera do primeiro de abril de 1964.
    Foi a partir do golpe, com a ditadura que instaurou-se um pensamento único, a censura com perseguição aos que simplesmente poderiam pensar diferente, baniu-se dos currículos escolares a Filosofia, a Sociologia, a Música. A educação, a reflexão e a crítica são sempre prejudiciais à ordem imposta pelo poder da força. De uma hora para outra fomos apartados da política, do espaço público. Proibidos de nos cuidarmos uns dos outros, cada um por si e o general por todos. Brasil do ame-o ou deixe-o. O País que vai pra frente. E foi.
    A música popular brasileira era festejada e combativa demais na ditadura militar.
    A nossa cultura luta até hoje contra a ditadura, da mídia, do mercado, dos orçamentos.
    A arte não passa na TV, no rádio ou nos poucos cinemas, com raríssimas e honrosas exceções.
    Está vivíssima nos rincões, sertões, nas cidades e capitais do País, mas a arte brasileira não desfila pela mídia.
    O que sobra? – Forró de plástico, sertanojo e suingueiras. Esta última, ouvi rumores, já chegou ao Setor II da Universidade, num réquiem lamentável para um enterro de semestre. Um colega, analítico, confidenciou ter exibido seus passos nesta incrível noite. Soube também que em concorrido baile de formatura, de uma turma de direito, os doutos bacharéis e seus convidados requebraram, até a exaustão, embalados pelo “Enfinca”, cantado por ninguém menos que a própria banda autora do “hit”. A glória!
    Escrevo, escrevo e o culto também não termina, deve fazer parte do Bota fé Natal (ouvi menções à Tv Canção Nova), que fechou pistas da Ponte Newton Navarro.  Ah! nosso espaço público, geográfico e eletromagnético, Estado laico…

    Mas por que a discussão sobre o alto nível sonoro desembocou na pobreza cultural da mídia?

    Porque na minha opinião andam juntos.
    Descendentes siameses dos mesmos pais.
    Porque são cabeças ocas escutando músicas vazias.
    Sem se incomodarem com mais nada.

    Da falta de olhar para o outro como um igual.
    Que merece, no mínimo, consideração em não ser importunado.

    E do descaminho que Natal se encontra.
    Justamente pela falta de cuidado do espaço público, por não cuidarmos uns dos outros.
    Educação, saúde, segurança, mobilidade, moradia…

    Não há providências nem há justiça: O Inferno de Dante se aproxima.
    Mas muita gente não está nem aí…

    Terminou o culto!

  7. Anônimo disse:

    fosse comigo eu partia pro terrorismo, jogava solução de bateria no som quando ninguém tivesse vendo ou coisa parecida. quer tirar onda, segure o tranco.

  8. Cida Maria Marques disse:

     O “culto” do Bar Baladino vai começar….
    Eu e minha familia vamos ter que dormir na casa de um parente…
    Arruma as malas…
    Pegue os remédios, não precisa levar o Lexotan…
    O 33 A que passa na Salgado Filho, demora muito aos domingos…
    A tia já arrumou uma cama de casal, duas redes e um colchão…
    Tenho raiva….
    Quero uma jaula…
    E Ricardo tem razão…
    Vamos embora, nossos 38 anos de residencia e de boa vizinhança, acabaram…
    Aguardem uma juventude surda e pobre…

  9. Visitante disse:

    Isso não é nada frente a essa barbaridade, quem deveria dar o exemplo de respeito ao cidadão, dialogando sobre a retirada de grande área de equipamento público pra construção privada, aí o meio ambiente passa loooonge:
    http://www.youtube.com/watch?v=QhYTV5b9Pww

  10. Sssss disse:

    Gostaria de expressar também a situação que há muito vem incomodando os moradores na Candelária com referência a um BAR próximo ao Conacan. Situação que precisa de URGÊNCIA.

  11. Maria Pinheiro17 disse:

    Concordo que deva existir a lei do silencio, porém a Lei visa  apenas a noite após as 22 h, e como fica o barulho durante o dia quando este começa as 5h? Esquecemos que pessoas trabalham a noite e dormem de dia. Outras tem dificudades de dormirem mesmo sem trabalhar a noite e só começam a relaxar por volta das 3h, na hora que muitas vezes somos despertados com gritos e sons.

  12. julia disse:

    Gostaria de denunciar churrasquinho ILEGAL que funciona em praça pública, na praça de São camilo de Lélis, meio à sujeira e com paredões de som que entram pela madrugada, até amanhecer o dia, a ponto de tremer nossas prateleiras em casa. Ninguem faz nada? Podem me ajudar????? Não consigo descansar e nem dormir, ver tv, estudar…

Cidades

O Carnaval de Olinda começa aqui: Eddie em Natal

Cidades

Paredões, pobreza cultural e a derrota da cidadania