Rio Grande do Norte, sexta-feira, 03 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 12 de março de 2012

Futebol potiguar e complexo de vira-lata

postado por Alyson Freire

A cultura popular do futebol é rica em máximas e adágios famosos. Entre eles, um dos mais conhecidos é a máxima: “há coisas que só acontecem com o Botafogo”. Transpondo o velho ditado sobre os infortúnios do clube carioca para as terras potiguares, poderíamos parodiá-lo dizendo que “há coisas que só acontecem no Rio Grande do Norte”.

Para permanecer no âmbito do futebol, um desses ditos mistérios que somente têm lugar no RN é a ausência inexplicável de transmissão televisiva em canal aberto de nosso Campeonato Estadual de futebol. Em nossas casas e bares, continuam a nos empurrar goela abaixo os clubes cariocas, paulistas e seus campeonatos.

Apesar de contar com dois clubes atualmente na segunda divisão do Brasileiro, e de ambos gozarem de um momento de ascensão no futebol nacional, nossas TVs abertas não se seduzem diante de nosso ascendente Campeonato Estadual. Ele continua a ser reiteradamente ignorado, tratado como uma apêndice para preencher alguns minutos nos noticiários locais. Ao contrário do que acontece em outros estados da Federação, a televisão com maior índice de audiência no RN sequer disponibiliza aos milhares de torcedores um programa exclusivamente voltado ao esporte.

A pouca cobertura do futebol estadual pelos canais locais torna o RN uma das raras e lamentáveis exceções no Nordeste. Enquanto estados como Ceará, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Bahia transmitem em TV aberta seus certames, inclusive contando com programas de debate e entrevistas, no RN, por sua vez, estes últimos são escassos e a única opção de transmissão ao vivo é a esforçada TV União, que opera como canal aberto apenas em alguns municípios do Estado (nos outros continua sendo TV fechada).

O descaso dos canais televisivos locais se estende até na divulgação à nível nacional de nosso futebol – o envio de videos com os gols do campeonato potiguar. Isso acarreta, indiretamente, sérios prejuízos financeiros aos clubes, pois desperdiça-se preciosas oportunidades de divulgar e estampar suas “marcas”, imagens e patrocínios em canais e programas de larga audiência e alcance. Assim, não são apenas os torcedores potiguares que sofrem com a quase sempre frustração de assistir os gols do seu time do coração nos principais canais e programas esportivos do país, os anunciantes, patrocinadores e dirigentes são também afetados por este descompromisso.

Nessa negligência há bem mais do que limitações financeiras ou técnicas. Por debaixo das desculpas e do desinteresse se oculta uma verdade desagradável e da qual não se gosta de ouvir: nosso complexo de inferioridade com respeito a tudo o que é local, interno, “nosso”. Como parte da cultura, o futebol não poderia deixar de se imiscuir naquelas representações sociais e consensos que fornecem a moldura e os reflexos de nossa autoimagem como cultura, estado e povo.

Num plano particular, o RN parece exagerar ou incorporar mais decididamente este traço mais ou menos contingente da identidade cultural do Nordeste e do nordestino, cuja fórmula de sentido consiste em definir e enxergar a si mesmo e suas produções como inferiores em relação aos “outros”, concebidos como mais modernos, desenvolvidos e competentes do que “nós”. Essa autoimagem inferiorizada não é, de modo algum, natural, inerente aos nordestinos ou à região. Ela decorre da assimilação de imagens e falas negativas que, historicamente, marcaram e marcam a região, seus habitantes e produções culturais.

Como sintetiza o historiador Durval Muniz: “o Nordeste é uma cristalização de estereótipos que são subjetivados como característicos do ser nordestino e do Nordeste”: o atraso, o rústico, o subdesenvolvimento, o vitimismo, a necessidade e dependência econômica. A interiorização dessas imagens do Nordeste e das falas negativas sobre o ‘ser nordestino’ acabaram por precipitar nas consciências dos nordestinos a acomodação de sentimentos de inferioridade, hábitos de vitimização e desvalorização pessoal e cultural, descrença e automartírio.

O RN, parece-me, que radicaliza essa convicção incorporada geradora duma autoimagem profundamente negativa, inferiorizada e cética de si mesmo. Como poucos estados e povos, o Rio Grande do Norte e os potiguares sofrem de pudor e de vergonha de acreditarem em si mesmos. Seja qual for a matéria, estes parecem cultivar um hábito quase patológico de autorebaixamento. Como no velho “complexo de vira-latas”, descrito por Nelson Rodrigues, os potiguares parecem não se importar em demasia em se colocarem como inferiores, de forma mais ou menos voluntária, em face do restante do mundo. E, como era de se esperar, o futebol não escapa desse exercício de autodesqualificação que, ao se estender socialmente, acaba por produzir como resultado indireto o pouco apoio e engajamento financeiro, político e midiático; o selo batido que caracteriza a relação e a atitude comuns dispensadas ao futebol local por parte de uma gama de agentes próximos ou ligados ao mundo da bola.

Para constatar esse autorebaixamento “voluntário”, observem-se algumas das falas típicas e desdenhosas, saídas da boca daqueles que acompanham com indiferença os nossos clubes: “ABC e América só fazem vergonha fora do estado”, “nosso futebol não presta, só apanha dos times de fora”, entre outras. Ou, uma prática derrotista não tão antiga que levava os dirigentes dos grandes clubes do estado a modificar os horários dos seus jogos para fugir da “concorrência” de campeonatos cujos jogos se passavam a mais de três mil quilômetros daqui. Mesmo a questão dos torcedores que optam por torcer por dois clubes – um do eixo Rio/SP e outro regional –, os famosos “mistos”, diz respeito, numa dosagem considerável, a essa autodesqualificação e ao “complexo de vira-latas” profundamente arraigados no imaginário social da região e nas consciências de seus habitantes.

Examinar e criticar a negligência e o desinteresse das TVs abertas em relação ao futebol local pode nos ajudar a entender como estas exprimem determinados aspectos de nossa cultura e da reprodução de nossa autoimagem inferiorizada. Aqueles são, em parte, sintomas desta. Assim como outras posturas e ‘pré-conceitos’, a indiferença e o dar de ombros típicos de parte da imprensa do RN quanto ao valor do futebol local, inscrevem-se, entre outros fatores, neste caldo cultural que qualifica, de antemão, nossa identidade e produções culturais como inferiores, fracassadas e atrasadas em relação às regiões supostamente mais modernas e desenvolvidas do Brasil.

Urge pensar e praticar formas alternativas de se contrapor a essa covardia moral que assume e torna aceitáveis e verdadeiros nossa subserviência e nosso sentimento de inferioridade em relação aos demais. Mas que, ao mesmo tempo, recusem o bairrismo ou concepções megalomaníacas e essencialistas de identidade cultural. Em todos os lugares e épocas, o radicalismo identitário somente conduziu a fascismos, violências, xenofobia e outros ódios. O futebol é um espaço e uma prática cultural estratégica na discussão acerca dos tipos de relação subjetiva, isto é, as formas de vinculação emocional que as pessoas devotam a suas identidades, cultura e regiões. Torcedores, dirigentes, empresários e, sobretudo, a imprensa precisam levar mais a serio nosso futebol, enxergá-lo em suas potencialidades, inscrevendo-0 num quadro mais amplo e complexo.

Alyson Freire

Sociólogo e Professor de Sociologia do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (IFRN).

20 Responses

  1. João Fernando disse:

    Sobre o complexo de vira-lata! Quando cheguei aqui e fui estudar no CEFET-RN os alunos se surpreendiam quando eu tirava notas ruins(pois eles eram muito melhores que eu) e diziam que eu não poderia ser gaúcho, pois pelo fato de ser gaúcho tinha a obrigação de ser superior. Ou seja, preferiam  me desqualificar como sulista do que se aceitarem melhores que um sulista! Precisamos cultivar o valor da nossa bela cultura potiguar, um estado que tudo o que tem de bom é devido ao seu povo, porque a administração publica só rema pra traz, ou seja, é apenas mais um obstaculo! E vao acabar no endividando com esse elefante branco, tão claro como a luz do dia a inutilidade desse Estádio.

  2. Vinicius disse:

    Belo texto, vejo avanços na questão específica do futebol, muita gente torce pra abc e américa, apenas. Na própria mídia, já existem alguns jovens repórteres cobrindo bem o futebol local, mas ainda precisamos de muito mais, sobretudo a transmissão do campeonato potiguar. Em outras áreas como música e cultura o complexo do vira-lata domina.

  3. Alyson Freire disse:

    Muito legal os comentários!

    Pois é Vinicius, concordo com você. De fato, na atual geração, no que toca ao futebol, muita coisa vem mudando. Velhos hábitos de nossos torcedores estão sendo questionados. Muitos que antes dividiam seu coração e atenção entre dois clubes, hoje voltam-se apenas para um dos clubes da cidade. Na imprensa, a cobertura tem não só aumentado como adquirido mais seriedade e respeito com os clubes locais. Mas ainda estamos longe do que acontece em estados como Pernambuco, embora, como torcedor, eu tenho lá minhas ressalvas aos excessos bairristas e da arrogância de uma parte da torcida e imprensa pernambucanas.

    Tanto os torcedores quanto a mídia independente devem pressionar os principais canais televisivos em pró do desenvolvimento do futebol potiguar, pois um futebol forte e clubes estruturados passam também pela visibilidade e o apoio que estes conseguem obter junto aos mídias mais influentes.

  4. H Hermano disse:

     A situação tende a melhorar. Desde a campanha “anti-misto” promovida pela torcida americana durante a série A de 2007, vem crescendo o número de torcedores potiguares que torcem somente pelo time da terra. Interessante que isso está acontecendo principalmente entre os jovens, que deve passar para seus filhos. Espero que em pouco tempo tenhamos um futebol mais forte e um estadual mais valorizado. O caminho é ir pro campo, comprar produtos oficiais, se associar ao clube, cobrar uma boa cobertura da nossa imprensa, etc.
     Mas infelizmente ainda conheço muito caboclo sócio torcedor do Vasco e do Flamengo. Pai, perdoai-vos. Eles não sabem o que fazem…

  5. Igorgois disse:

    Ótimo texto!  e como vc disse torcedores dos times do eixo e os mistos é cultural, mas ta mudando, mas vamos mudar aos poucos, não adianta forçar a barra, a mudança é questão de tempo.

    Com relação aquele canal filial a emissora de maior audiencia, acho que é puro comodismo, cabe aos maiores prejudicados, ABC e América e seus patrocinadores botarem pressão. Tem tanta gente influente nesses dois times, mas vejo apenas alguns poucos torcedores dos dois times fazendo pressao com faixas e twitters. Esses dirigentes tem que acordar e exigir atenção.

  6. Filipe Varela disse:

    Parabéns Alyson, brilhante texto. Precisamos nos unir, cada um do seu jeito, para mudarmos esse cenário. Você está fazendo a sua parte.

  7. ótimo texto! eu tinha que comentar só pra dizer isso, afinal, números de acessos nem sempre são suficientes ;D

  8. Arthur Dutra disse:

    É isso aí, Alyson. Nossos futebol merece atenção. ALiás, não vejo como ser diferente, uma vez que futebol, pelo menos para mim, só tem graça no estádio. Não tenho nada contra os chamados mistos, mas limitar a torcida por meio da televisão deve ser por demais frustrante. Enfim, cada um torce pelo time que quiser, mas no aspecto emoção o mais interessante seria mesmo torcer pro um clube que a pessoa pudesse ver ao vivo, no campo de futebol.

    No que se refere à InterTV Cabugi, é de fato uma vergonha que ela dedique apenas um quadro no RNTV para falar de esporte. Na Paraíba que tem times muuuuuuuuuuuito mais fracos do que os nossos, eles têm um Globo Esporte. Se eu fosse presiodente do América, e um dia serei hehehe, só de protesto, eu não deixava essa emissora fazer as coberturas do clube. É como eu disse a um amigo meu, se for pra fazer uma cobertura mal feita e com má vontade como eles fazem, é melhor não fazer.

    Abraço e parabéns pelo artigo.

    • Arthur Dutra disse:

      Ah, só para lembrar que a preferência pelo jogos no estádio não invalida a transmissão dos jogos, principalmente aqueles que são realizados no interior, onde o torcedor não tem como ir 😀

  9. Gabrielnegreiros disse:

    Olá Alyson.

    Meu nome é Gabriel Negreiros. Sou editor de esportes d’O JORNAL DE HOJE, repórter da 98FM e apresentador do Jogo Aberto RN (Band Natal). A respeito do texto “Futebol potiguar e complexo vira-lata”, algumas considerações. 

    Concordo com praticamente 100% do que você escreveu, mas gostaria de tocar em alguns pontos importantes do seu texto. Logicamente só irei escrever a respeito dos veículos em que trabalho. 

    O primeiro ponto é sobre o nosso futebol ser tratado como apêndice. Ví que você cita o “veículo de maior audiência”, e talvez esteja se referindo de forma exclusiva. Sobre a Band Natal posso afirmar que semanalmente enviamos os gols do futebol potiguar para a grade nacional. Todas as semanas os jogos principais ganham destaque no programa Jogo Aberto, apresentado por Renata Fan. Além disso, mantemos diariamente o Jogo Aberto RN, 30 minutos de segunda a sexta dedicados ao futebol potiguar. Além da cobertura dos telejornais, que também destacam as rodadas. 

    No “O Jornal de Hoje” publicamos diariamente duas páginas de esportes. A 15 e a 16. Na primeira, todos os dias, o destaque é total ao futebol potiguar. Na segunda, 1/3 de página é ocupada pela coluna do Jornalista Rubens Lemos Filho, que trata do futebol de forma ampla, mas posso afirmar que com mais destaque às coisas da terra. Seja um resgate histórico ou um comentário puro e simples sobre a realidade atual. Caso apareça uma publicidade para o esporte, ela sempre é publicada na página 16, não interferindo em nada no conteúdo dedicado ao esporte local. Mesmo quando a pauta foge do assunto futebol, mesmo sendo potiguar, ela é destacada na página 16. Ou seja, a 15 é exclusiva do futebol potiguar, onde também mantenho a minha coluna. 

    Na 98FM apresento de segunda a sexta um programa chamado Tocando a Bola 1ª edição, das 7h30 às 8h. Exclusivo do futebol potiguar, a não ser pela divulgação dos resultados de outros campeonatos, o que acontece na segunda e quinta-feira.

    Luto diariamente por um futebol mais forte e posso afirmar com convicção que há evolução fora de campo. Uma prova circunstancial é em relação a presença dos torcedores nos estádios com camisas de times de fora. Hoje, para encontrar um torcedor com camisa do Flamengo ou Vasco é necessário muita procura. Muita mesmo. Há poucos anos isso era uma prática comum. O mesmo acontece na hora da divulgação do plantão esportivo. Escutávamos comemoração ao anunciarmos um gol de algum time do eixo RJ-SP. Hoje, silêncio profundo. Não acredito que os torcedores deixaram de torcer, mas penso que existe uma certa “vergonha” em demonstrar paixão por mais de um clube e, principalmente, se esse clube não for da terra dele. 

    As alternativas de se contrapor a essa covardia moral, como você cita no texto, passam pelos conceitos básicos de educação e do investimento no esporte. Só há orgulho com resultados e rivalidade. ABC e América têm proporcionado isso ao torcedor potiguar. Porém, são poucos os empresários do Rio Grande do Norte que se deram conta da força dos dois clubes. Contamos nos dedos os que investem baseados na razão e não na emoção de ser um torcedor. 

    A mídia ainda tem muito a crescer. Geralmente estamos emperrados pelo baixo investimento em boa mão de obra e estrutura física de transmissão ou cobertura. Concordo em relação a falta de uma TV aberta para dar visibilidade aos jogos. Garanto que novas opções irão surgir em breve. Também não se engane que esse crescimento depende muito da administração dos clubes. Hoje há uma clara evolução no pensamento mercadológico, que por muitas vezes é deixado de lado por “birras” clubísticas. 

    Que bom que as pessoas estejam dispostas a discutir o assunto. As mídias sociais são aliados fortes nesse crescimento. Não tenha dúvida de que hoje um garoto que adotou o Twitter acompanha muito mais de perto seu clube do que nós, mais velhos, tivemos oportunidade de fazer. A única oportunidade que eu tinha era o rádio do carro do meu pai, quando funcionava. 

    Que o futebol não seja mesmo motivo de violência, xenofobia e outros ódios. Que seja agregador. Orgulho de um povo que mesmo se sentindo inferiorizado possa bater no peito e dizer que é potiguar, torcedor do nosso futebol. 

  10. Ótimo texto, parabéns Alyson.

  11. Alyson Freire disse:

    Olá, Gabriel Negreiros

    Fico feliz e lisonjeado por sua participação no debate aqui na Carta. Sua bagagem no jornalismo esportivo local enriquece e torna a discussão bem mais informada.

    Conheço em alguma medida o trabalho da band natal e da 98 FM, inclusive, acompanho ocasionalmente as transmissões e programas de ambas, em especial o Jogo Aberto. 

    Apesar de não conferir a essas iniciativas, com justiça e merecimento que lhes convém, um lugar a altura e visível no meu texto, menciono-os numa única linha sob a alcunha de “programas escassos”. O que é muito pouco, confesso, dada a sua importância e contribuição para mudar o quadro descrito no texto. Porém, as circunstâncias atuais e a força de atratividade e visibilidade dos outros canais somados, principalmente a InterTV, limitam o alcance e o poder desses programas, apesar de todo o protagonismo deles e dos esforços dos jornalistas que os compõem.

    O alvo da crítica do texto é, sem sombra de dúvidas, a InterTV. 

    Não a nomeei de forma explícita para preservar, no plano principal, o objetivo fundamental do texto, qual seja, chamar atenção para as possíveis raízes culturais de uma postura que atravessa, em maior ou menor grau, vários setores envolvidos com o futebol de nosso estado. Ao escolher essa opção na tentativa de evitar que a crítica presente no texto fosse reduzida a crítica ao um canal de TV particular, acabei por cometer algumas injustiças por omitir os agentes e veículos que se constituem como resistência e exceção a este quadro de descompromisso. Daí o papel essencial dos comentários e do debate: complementar e expandir o texto, que, as vezes, por questão mais de limites e de método do que por desconhecimento ou má-fé deixa de lado certos aspectos.

    Como você sabe, a Globo e suas filiadas gozam de um grande poder de mobilização das emoções e da atenção dos brasileiros. Um verdadeiro fetiche nacional. Mesmos os torcedores que afirmar odiar a Globo estão sob sua influência em alguma medida, pois ninguém odeia algo que considera irrelevante. 

    Fico me perguntando agora, se nós, torcedores, – o meu texto é um misto do torcedor e do sociólogo – não deveríamos nos livrar de vez desse fetiche com a Rede Globo e suas filiadas, e nos ater e apoiar outras emissoras e veículos que, apesar de todas as dificuldades, tem destinado razoável espaço e tempo para o nosso futebol. Ora, o silêncio e invisibilidade que a Globo e suas filiadas impõem não são um silêncio ou descompromisso de toda imprensa ou televisão. Há aí um outro flanco que os torcedores talvez ainda não se deram conta; a luta pela visibilidade de nosso futebol não é uma luta pela transmissão da Rede Globo de Televisão. Abraços, 

  12. Alyson Freire disse:

    A repercussão do texto por si só é um sinal de indignação e de esclarecimento quanto as questões apontadas no artigo. Este é um mal-estar que vem ganhando força, por isso que, nos últimos anos, iniciativas para reverter tal quadro brotaram das duas principais torcidas do estado e também em setores da imprensa.  

    Embora valorosa e engajada, vejo essas iniciativas como sendo ainda tímidas, setorizadas e sazonais. Uma vez que, as próprias diretorias de ABC e América, o poder público e parcela significativa dos empresariado local não abraçam a importância e potencial do futebol local com o empenho necessário. 

    Como vocês devem ter observado, o meu texto mistura o olhar mais analítico do sociólogo, ou de alguém que estuda para tal, e o coração do torcedor. Se isso prejudicou ou ajudou os argumentos, deixo pra avaliação de cada um. No mais agradeço, a participação, contribuições e elogios de todos. Abraços,

  13. Daniel disse:

    Ótimo texto !!

    Parabéns Alyson…

    Compartilho das mesmas idéias que vc neste assunto.

    ABC só torço por vc!!!!!!!!

  14. Wilsoncardoso disse:

    Parabéns Alyson. A sociedade precisa reorientar a imprensa de Natal para valorizar mais as marcas dos Clubes do RN.

  15. Adriano disse:

    Excelente texto. As mudanças vão ocorrer quando houver a renovação de parte da imprensa e das diretorias atuais. É inadmissível dirigentes de clubes como América e ABC ir para o RJ ver jogos de outros times. Infelizmente isso acontece ainda.

  16. Alexandre David disse:

    Sou nascido em Brasília e criado em Natal desde pequeno, por isso, me considero Potiguar de coração. A influência dos pais exerce um papel fundamental na escolha dos times de futebol, por isso acredito que com a maturidade e a recente ascensão dos times potiguares, principalmente do ABC, pois o América já esteve até em melhor momento do que o atual, os torcedores “mistos” tendem a desaparecer ou pelo menos ter como time mais querido o local. Assumo que torcia pra o América e o São Paulo. Hoje em dia me forço a desinteressar pelos assuntos do São Paulo, pois realmente não tenho nada a ver com São Paulo. Sou Sócio torcedor do América e procuro cada vez mais contribuir com o time. Já levei minha filha ao estádio (América e ABC) e vou tentar passar essa minha paixão pelo América por toda sua vida. Abraços e excelente texto.

  17. Gomes disse:

     Parabéns Alyson. Posso afirmar que se trata do melhor texto que li até hoje a respeito de um assunto que, quem me conhece, sabe o quanto discuto e defendo, ou seja, a valorização do nosso futebol, das riquezas potiguares como um todo. Há muito passo às minhas filhas a mensagem de que devemos torcer apenas pelos nossos times locais (não tenho time além do meu que me faz suficiente). Lembro, logicamente que esse aspecto de torcer por times locais e outro de fora é fruto do domínio global das transmissões abertas (concentrando principalmente os estaduais RJ/SP e os times SP/RJ/MG/RS na transmissão do Brasileiro). Recife, Fortaleza e Salvador conseguiram se “libertar” do domínio da transmissão da matriz há muitos anos. Talvez seja mais um ingrediente para que nessas cidades/estados se torça por um time só. Há muito defendo que algum Deputado Federal tenha a coragem de lançar um Projeto de Lei que obrigue as TVs abertas a transmitirem em um dos dois dias da semana (domingo ou quarta) o campeonato local. Nada mais justo (uma vez que se trata de conssessão do Governo Federal) se um governo quiser que o futebol se desenvolva em todos os estados e não fique monopolizado apenas no Sudeste/Sul. Não sei se com a saída de Ricardo Teixeira, aparece uma alma penada para sugerir algo semelhante pra “sacudir” o futebol no país que não aparece para os seus cidadãos.Só acrescentaria ao texto, o agravante que esse “nosso” complexo potiguar nordestino ainda se exacerba quando entra em contraste com a “mania de grandeza” dos nossos vizinhos nordestinos cearenses, pernambucanos e bahianos, os quais, às vezes exagerando um pouco na auto-supervalorização fazem o que qualquer povo com auto-estima sadia deve ter: orgulho das suas riquezas, correr atrás para consertar suas deficiências, brigar pelo seu espaço e investir em seu futuro. Tudo isso está nas minhas, nas suas, nas nossas mãos. É uma questão de atitude. Niguém, nenhum estado, tão pouco a Federação nos trará isso. Temos que buscá-los.

  18. Silva disse:

    Essa InterTV me dá nojo… Abusa do sensacionalismo para se “aproximar´´ do telespectador, como nas reportagens em que ficam cobrando resolução dos problemas e prazo dos gestores públicos… Pior é quando tá fazendo reportagens sobre o transito: quando algum motorista comete uma “infração´´ na frente das cameras da reportagem, o CameraMan, automaticamente, joga a imagem na placa do carro/moto, com a intenção de que o condutor seja punido, punido por KH para a “mídia´´, por desobecê-la… Talvez um princípio do novo manual de se fazer jornalismo, trazido pela InterTV de Rio/Minas onde ela tem duas emissoras por lá… Por isso que a gente que quer uma valorização da identidade do RN não deve ter muitas esperanças de contar com a TV Cabugi: como ela teve parte das ações compradas pela InterTV, que é do Rio de Janeiro, ela não tem preocupação em valorizar a cultura local (até porque eles não são daqui, inclusive demitiu vários jornalistas que trabalhavam na Cabugi antes da venda das ações e substituiu por profissionais do Sudeste, como esse galego Alberto Fonseca), tem preocupação apenas com os lucros…

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