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Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 11 de julho de 2012

Eleições 2012: Tempo de TV é como comida e bebida: Em excesso faz mal

postado por Daniel Menezes

Ter tempo de Tv não é garantia de vitória. Por vezes, o candidato se enforca com a corda da liberdade no horário da propaganda gratuita eleitoral (HPGE).

Entenda melhor a questão, lendo o interessante texto do ex-prefeito Cesar Maia.

 

ex-blog do Cesar Maia

 

1. Tempo de TV é importante. A razão é que o eleitor difuso acha que quem não tem tempo de TV é porque é candidato sem chance. O voto útil esvazia as candidaturas com muito pouco tempo de TV.

2. Nos últimos anos, o uso da TV -em campanha ou fora dela- perdeu o impacto que tinha até 2002. Até nos EUA os clássicos comerciais eleitorais já não têm mais o impacto de antes. Não impactam, mas dão informações básicas: quem são os candidatos e qual são as agendas que destacam.

3. Ter muito, muito tempo de TV é um risco. Não ter tempo induz o eleitor difuso a achar que não tem chance. Porém, ter tempo demais leva o eleitor a achar que o candidato é rico e prepotente e não quer dar espaço aos demais. Não é fácil administrar tanto tempo. Basta pensar o que é um bloco do Jornal Nacional e sua diversidade.

4. E há um fator a mais, e esse comprovado, que se repete. Quando um candidato tem tempo de TV no primeiro turno maior que o tempo que terá no segundo turno -ou seja- maior que 10 minutos, a derrota no segundo turno é garantida.

5. Explica-se. Suponhamos um candidato com 12 minutos de tempo de TV no primeiro turno e que passa para o segundo turno com um concorrente que teve no primeiro turno metade ou menos de seu tempo de TV. No segundo turno, o tempo do primeiro candidato diminui. E o do segundo candidato cresce explosivamente, dobrando ou mais.

6. A sensação do eleitor difuso é que o primeiro perdeu força, desinflou e que o segundo está crescendo, crescendo, está muito forte e vai ultrapassar. É a sensação de uma atropelada incontornável em corrida de cavalo. E o locutor vibra e antecipa a vitória.

7. No Rio, em eleições de prefeito, isso ocorreu em 1996 e 2000. Em 1996, no primeiro turno, com o crescimento do adversário, o líder destacado resolveu mudar a agenda e administrou mal seu tempo de TV. O segundo ultrapassou. Mas no segundo turno, com a inversão de tempo, o segundo disparou.  Em 2000, no primeiro turno, o líder abriu frente 15 pontos e manteve essa frente em 11 pontos. Mas, no segundo turno, aberto com 15 pontos-Ibope de vantagem, com a queda de seu tempo e a quintuplicação do tempo de seu concorrente, esse fez uma “atropelada” sustentada até ultrapassá-lo quase em cima do laço.

8. Moral da História. Tempo de TV no primeiro turno acima do tempo de TV do segundo turno é derrota certa para quem tinha esse latifúndio no primeiro turno. E o adversário nem precisa se movimentar muito: sua “atropelada” será inexorável. E o eleitor difuso muda de lado em razoável proporção e faz um novo voto útil. Ou ganha no primeiro ou perde no segundo.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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