Rio Grande do Norte, sexta-feira, 03 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 21 de setembro de 2012

Manifesto sobre o projeto de ampliação da Avenida Engenheiro Roberto Freire

postado por Carta Potiguar

Do Blog Mobilidade de Natal

O projeto de ampliação da Avenida Engenheiro Roberto Freire anunciado pelo Governo de Estado do RN – incluso como obra de mobilidade para Copa do Mundo 2014 em Natal – visa adentrar até 30 metros na Unidade de Conservação e Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (UNESCO): Parque Estadual Dunas do Natal. Este projeto pretende utilizar uma área equivalente a 35.048,43 metros quadrados de área florestada, além de retirar o canteiro central da Avenida, que atualmente conta com 414 árvores maduras.

O referido ecossistema e biomassa vegetal são de suma importância para conservação da biodiversidade, manutenção da boa qualidade do ar, ciclagem, drenagem, amortecimento das águas (evitando enchentes e inundações) e redução da poluição sonora, atuando de maneira fundamental para o bem estar e saúde da população do Natal.

Alertamos a necessidade de projetos alternativos mais condizentes com o exigido pela legislação ambiental e que contemplam os atuais conceitos de mobilidade e de cidades sustentáveis, bem como a conciliação com a preservação ambiental, conforme a lei do Estatuto da Cidade.

Através desta formalizamos veemente repúdio ao projeto de duplicação de Avenida Engenheiro Roberto Freire pelos motivos supracitados, assim como, a falta de abertura com a sociedade e o debate tardio. Solicitamos a quantificação dos impactos sociais, econômicos e ambientais que não foram apresentados. Também solicitamos que se considerem alternativas de mobilidade urbana como a implantação do sistema de transito binário no bairro de Capim Macio, complementado com uma consistente melhoria no transporte público e em ciclovias interligadas e bem distribuídas pela cidade.

Visitem o  blog: www.mobilidadenatal.wordpress.com assim como considere a leitura da Petição Virtual Readequação do trânsito no bairro de Capim Macio:

http://www.avaaz.org/po/petition/Readequacao_do_transito_no_bairro_de_Capim_Macio/?fQmHNab&pv=2 .

 

Carta Potiguar

Conselho Editorial

7 Responses

  1. Raphael Curioso disse:

    1. Qual o impacto real que 35 mil metros quadrados retirados possuem em referência aos DOZE MILHÕES de metros quadrados que o parque possui em sua totalidade?

    2. O parágrafo que começa com “o referido ecossistema e biomassa vegetal” é mais um daqueles textos recheados de palavras técnicas da moda que tocam os leitures mais superficiais sem, no entanto, estar preenchido com uma afirmação técnica importante sobre a temática.

    3. A idéia de cidade sustentável e os projetos alternativos sugeridos para transporte são, na teoria, bonitos de serem imaginados. A cidade sustentável é um modelo de cidade globalmente difundido que funda-se em experiências em algumas cidades européias como compenhague, as propostas de mobilidade que foram sugeridas também tem essa mesma origem de modelo de pensamento. Vamos ser honestos: podemos transportar um modelo de cidade européia para uma cidade brasileira da década de 2010? Basta analisar o momento econômico, político, social e cultural de nossa cidade que a gente entende que Natal não está pronta para a idéia de trocar avenidas largas por ciclovias. CONCORDO que seja uma alternativa interessante, mas no momento atual eu vejo praticamente como uma impossibilidade que esta transposição de transportes (e até de formas de viver) possa ser realizada.

    4. Discutir a mobilidade apenas a partir do meio de transporte SEMPRE será um paliativo, nao importa se estejamos falando de metrô, onibus, carro ou bicicleta. é importantíssimo também que se pergunte de onde vem e para onde vao as pessoas. Há hipóteses de que a construção da ponte newton navarro, por exemplo, impulsionou os fluxos de carros da ZN através da via costeira em direção à zona sul. como podemos ignorar isso? manda eles virem de bicicleta..
    uma das discussões que deve se feita diz respeito, por exemplo, à grande concentração de serviços e comércios mais especializados na zona leste e sul de nossa cidade. nossa cidade está crescendo absurdamente e a opção de todos, praticamente é ir até ponta negra para fazer um curso superior ou ir para o tirol bater no hospital.

    discurso ambientalista sem análise é esvaziado, vamos ter cuidado..

    • Não faço parte do grupo de debate, e sou um crítico de todo tipo de movimento social “ecológico”, mas não dá pra ler o que vc colocou e ficar calado. mas vamos lá respondendo ponto por ponto:

      1º – Não importa o que representa uma parte frente ao todo, o que importa é a parte que será tirada. E é de pouco em pouco que se vai depredando. É exatamente esta a lógica, não existe nada de falho. Vá somando os “poucos e poucos” que se tirou de vários locais e em poucas décadas nós temos um muito de algo que foi depredado.

      2º – Qual o problema em termos técnicos? Aliás, o termo técnico serve para legitimar aquele que produz o texto dentro do ambiente em que o debate é feito. Aqueles que não conhecem o termo técnico podem ler o texto sem deixar de compreender o que ele tenta passar.

      3º – A ideia de usar outros meios de transporte é TOTALMENTE VÁLIDA E VIÁVEL. Quando se fala nisto não se fala apenas em ciclovias, como reduzidamente você faz. Isso está ligado também a melhoria das avenidas, para que o trânsito possa fluir melhor. Frotas de ônibus confortáveis e com horários, o que estimularia MILHARES a deixarem seus carros em casa. Criação de metrôs de superfície (tem candidato propondo isso, inclusive) para desafogar o trânsito, maior impostos para pessoas que tem muitos carros em uma mesma família (o que forçaria a diminuição da compra de carros e arrecadaria mais verbas para investir na área). Na realidade reduzir o problema da mobilidade urbana a construir uma ou outra ponto é que é de uma ingenuidade imensa. O problema do transito para a Zona Norte, por exemplo, poderia ser resolvido com algumas reformas BOBAS, coisa besta mesmo, de fechar uma rua e redirecionar o transito pra outra e abrir uma via livre em um canto e outro que é mais do que possível e não é feito justamente pq não conseguem pensar, reorganizar. só querem reformar, reformar e reformar. E não é feito pq? Pq tem sempre alguém querendo dizer que é melhor encher a cidade de concreto (desculpe, mas parece até discurso de dono de empreiteira) . Aliás, vc já parou para pensar como tirar sinal de trânsito e colocar rotatória resolveria o problema de bem 50% dos sinais de Natal? Pq não se investe nesse tipo de coisa? É realmente mais fácil enfiar obra na cidade gastando uma fortuna ou é melhor empregar gente como guardas de trânsito para educar os motoristas da cidade, que, diga-se de passagem, TEM OS PIORES MOTORISTAS de todas cidades que já habitei.

      4 – Está contemplada no item 3.

      É isso. 🙂

      • Ah, um plano diretor que IMPEÇA de construir mais prédios é viável também. Pq carro d+ = prédio d+; mas e aí, vamos lutar contra o capital e por uma cidade boa para se viver ou vamos nos render aos capital da construção civil e decréscimo de qualidade de vida?

      • Raoni Sousa disse:

        Complementando a resposta ao ponto 1: nenhum ecossistema é homogêneo em seu espaço, e suas bordas têm importância particular, servindo como um filtro entre o ecossistema e seu exterior. Você não vai encontrar toda a fauna e flora em sua densidade ali na beira da avenida, porque não dá pra ela se manifestar ali do mesmo modo como nas áreas centrais, no “miolo”. Se a avenida for alargada, a área de borda vai passar a ser mais no interior, tomando espaço de miolo, perturbando mais ainda o ecossistema.

      • Raphael Curioso disse:

        Só algumas observações que eu gostaria de deixar aqui.

        Meu posicionamento não é pró-cimento, pró-concreto, pró-carro e contra-árvore. Não foi esse o objetivo do meu comentário, apoiar a manutenção de um modelo de sociedade embasado em políticas de mobilidade focada no automóvel individual. A construção de algumas materialidades condicionam que a cidade se metamorfoseie de acordo com as mesmas, e esta metamorfose acaba criando algumas cicatrizes em nossas cidades que são irrecuperáveis. Cicatrizes como por exemplo algumas regiões ultra-ricas de nossa cidade em que as pessoas desconhecem o significado do cotidiano citadino. Ou será que não percebemos isto aqui em Natal? Petrópolis, Tirol (onde moro) são regiões da cidade montadas (tanto geograficamente quanto socialmente) em uma psicoesfera do planejamento para automóveis. As pessoas dali só conhecem a fluidez. só conhecem a cidade de dentro dos prédios e de dentro dos carros. Não há conexão dos “Petropolitanos” com o cotidiano da cidade, com o sistema de relações que somos obrigados a conhecer quando aceitamos compartilhar as ruas e os onibus com todos os outros. O carro é o signo de um espaço que é estranho ao seu entorno.E são os mesmos que acusam estudantes de serem vandalos, bandidos, infantis. ou são os mesmos que confundem o “coexistir com outros” com “estou rodeados de pessoas suspeitas e bandidos que podem nos assaltar a qualquer momento”. ou os mesmos que pensam “não ligo para o movimento público de pessoas, vou mandar meu paredão em alto e bom som”.

        Sou a favor de reformas na nossa forma de ver o mundo, de conceber a cidade em que moramos e da forma como lidamos com o nosso cotidiano. Não, acho, contudo, que esta reforma deva vir embasada de forma direta e rígida com um produto pré-moldado chamado “ideologia da vida verde, da sustentabilidade, ou qualquer outra ideologia que apareceu em alguma bela cidade da europa”. Primeiro porque este pensamento faz com que nós olhemos nossa cidade com um olhar embasado num modelo outro de cidade. É este tipo de transposição ideológica que faz com que aprendamos a pensar algo como “olho para a minha cidade e desgosto, gostaria de morar longe daqui, em outro país”, ou “gostaria que os mendigos fossem para outro lugar”.

        Segundo porque sou pessimista com uma mudança qualitativa súbita da realidade cultural (bastante “Petropolitana”) de nossa cidade. Para mim, a obra da Engenheiro Roberto Freire, embora possa ser interpretada ideologicamente como o alicerce de um certo modelo de vida pautado no consumo, também pode ser interpretada como uma necessária dose de morfina para Natal. Esta reforma urbana é necessária, assim como é necessário semear a cidade com políticas alternativas de transporte, com políticas intensas de zoneamento urbano (Existe uma fantástica desigualdade na oferta de serviços e comércios entre as diversas áreas de Natal, e a concentração canaliza o movimento de pessoas para estas poucas regiões, causando o transito) e, sobretudo, com políticas culturais capazes de transformar, paulatinamente, a forma como nós lidamos com o nosso lugar.

        Sobre a petição: Realizada as considerações anteriores, lembro aqui que minha principal crítica foi sobre a maneira tendenciosa com a qual a petição foi escrita. A área do parque das dunas é gigantesca, a área que seria apropriada é minuscula. O discurso da petição é tendencioso, já que transmite apenas uma informação numérica absoluta, e não relacional: 35 mil metros visto de forma absoluta e sem muito cuidado, causa espanto. Não sei de fato o que significa este desmatamento, do ponto de vista ecológico. Do ponto de vista geométrico, nao significa nada. Do ponto de vista social, significa um “mal necessário” que resolveria alguns problemas a curto prazo. Do ponto de vista econômico, eu concordo inteiramente com você, David.

        E por ultimo, sobre a linguagem técnica: O problema não é a linguagem em si, mas sim o fato de que o parágrafo que eu critiquei na verdade não diz nada. É como se eu falasse um texto aleatório em alemão para que eu pareça convincente, mas em uma tradução do texto, não falei algo realmente claro. Eu tenho dúvidas se 35 mil metros quadrados de barro (ou quase isso) e 414 árvores de canteiro tem um peso muito grande na renovação do ar de nossa cidade, na ciclagem, na drenagem, no amortecimento das águas e na redução de poluição sonora e consequentemente, no bem estar e na saúde da população do Natal. Não tenho dúvidas sobre a importância do parque das dunas como um todo, mas tenho no contexto proposto através da petição.

        Sou bastante preocupado com discursos parciais e nas conotações ideológicas que são transmitidas através destes discursos. Sou bem preocupado também em saber de fato, qual é o real problema que nós estamos lidando, e quais são as reais soluções que nós precisamos executar. E estes problemas e soluções são complexos e não podem ser respondidos e resolvidos com ativismos. Atos tem liberdade para serem enviesados, distorcidos, injustos, parciais ou setorizados. Ações, por outro lado, carregam uma enorme carga de responsabilidades. E é por conta destas responsabilidades que precisamos qualifica-las e direciona-las para onde realmente importa.

  2. Lucas disse:

    Entrando um pouco no debate, sou vizinho do parque das dunas, nao sei o tamanho, mas posso afirmar que o terreno do parque que fica ao lado da roberto freire é barro e uma pista de aeromodelismo, sinceramente nao vejo esse impacto todo sob arvores, lençol freático e essas coisas mais.
    Com relação ao canteiro central, árvores maduras, se tem uma coisa que eu critico é justamente a falta de arvores no canteiro central da roberto freire, é possível se contar nos dedos da mão a quantidade de arvores que fazem efeito ali, que de fato tem copa suficiente pra gerar sombra e agua fresca, o resto nao passa de umas roseiras que nao servem pra nada, eu realmente gostaria de saber onde se encontram 414 arvores no canteiro central.
    É preciso construir uma cidade sustentavel, cujo o principal meio de transporte da cidade seja o coletivo, ciclovias e tudo mais, sou completamente favoravel a mais e mais arborizaçao de natal, quando o sol aperta e ele aperta muitas vezes em natal so uma arvore com sombra resolve, mas mentir para atingir essa meta ai ja é outra coisa, e nessa voces mentiram feio.

  3. Felipe disse:

    Olhando por essa foto aqui:
    http://arquivos.tribunadonorte.com.br/fotos/92803.jpg dá para perceber que o exército utilizava essa área e que boa parte dela já está desmatada, diminuindo, assim, ainda mais o impacto real que seria causado.

    Mas acho que um debate sobre esse assunto seria benéfico, afinal são necessários esclarecimentos quanto a como essa área seria utilizada. Eu já ouvi falar que só mexeriam em alguns pontos, ou que a área será cedida temporariamente para desviar o trânsito e depois será toda reflorestada… Enfim, ninguém sabe ao certo, acho que seria importante esclarecer.

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