Leio diversas notícias de que a ex-Senadora e ex-Ministra do Meio Ambiente Marina Silva formará um novo partido com uma série de políticos do PT, PSOL e PSDB.
Não sou favorável ao sistema de partido único nem ao bipartidarismo. Acho que a liberdade de criação de siglas partidárias é uma conquista da democracia brasileira. Contudo, o fato de que partidos se tornaram um negócio lucrativo também é notório.
A onda de criação de partidos no Brasil teve como seu ápice a criação do Partido Social Democrático – PSD – ente sem nenhuma coerência ideológica, criado apenas para acomodar detentores de mandatos insatisfeitos com suas siglas originárias.
Não creio que seja esse o intento de Marina Silva.
Na verdade, me parece que Marina Silva colocou na cabeça a imagem que ela própria tentou incutir na classe média nas eleições presidenciais de 2010: de que é “melhor do que tudo isso que está aí”, de que é uma über-política e que tudo que toca é lindo, maravilhoso e verde estrelado. Por isso nenhum dos partidos hoje existente é bom o suficiente para ela.
Mas aí a nobre acreana comete dois erros fundamentais.
O primeiro é acreditar que o partido será um über-partido, incorruptível e alinhado à sua vontade. Acima dos outros partidos de meros mortais.
Ocorre que partidos são feitos de pessoas e recursos. Esses dois elementos são, naturalmente, falíveis. Basta ver a queda moral do PT nesses dez anos de governo e a recente queda do PSOL no Amapá, aliando-se a partidos que historicamente combateu em prol de uma eleição municipal.
O segundo erro é desestimular a democracia intrapartidária. Se todo político insatisfeito com seu partido simplesmente sair e fundar outro, será completamente despicienda a existência de partidos. É preciso estimular a participação, o debate e as disputas internas aos partidos.
A saída de contestadores intrapartidários apenas estimula a formação e perpetuação de grupos de poder e donos de partidos. E esse ciclo vicioso tende a se repetir nos partidos fundados pelos dissidentes que não querem que sua criação siga por caminhos “errados”.
No fim das contas, acho que o partido marinista será uma novidade positiva na política brasileira. Pontuo apenas um detalhe: nem toda boa notícia é um Evangelho!