A tragédia se Santa Maria ocorreu no Rio Grande do Sul. Mas não podemos dizer que foi local. Foi uma tragédia nacional. Nacional já que poderia ter ocorrido em qualquer lugar, já que as estruturas de muitas boates em todo o Brasil são semelhantes.

Neste sentido é curioso observar e questionar alguns pontos de um artigo publicado na  Tribuna do Norte em matéria publicada hoje, dia 02 de Fevereiro. O jornal afirma que “Fiscalização Preventiva Integrada notifica e interdita casas noturnas de Natal” (matéria completa aqui).

De acordo com o dicionário, a palavra “preventivo” significa:

preventivo – (latim praeventus, -a, -um, particípio passado de praevenio, -ire, vir adiante, preceder, ultrapassar, antecipar, prevenir + -ivo)
adj. Que tem por fim acautelar ou impedir.

A medicina preventiva, por exemplo, é um tipo de medicina que tenta agir conscientizando os indivíduos a respeito de certas práticas que podem evitar doenças ou minimizar seus danos. Por exemplo, é aconselhável que todas mulheres depois dos 30 façam o auto-exame nas mamas e visitem médicos regularmente para evitar o câncer de mama. Esta é uma medida preventiva. Caso não se tome esta medida e apareça um câncer de mama diagnosticado tardiamente, por exemplo, existe sempre a chance de retirar o tumor. Pode-se “retirar” a doença,  mas neste caso já não é preventivo, não se “evitou a doença” e ficarão as marcas da “tragédia”. No geral, o Brasil não tem uma boa tradição de medicina preventiva. E não é só na medicina que isto ocorre.

Neste sentido, não há ação preventiva nas casas noturnas do RN. A ação seria preventiva se tivesse ocorrido antes da tragédia do Rio Grande do Sul (que lembrando, não foi local e sim nacional). A ação que agora ocorre é emergencial, para evitar novos desastres, não preventiva.

É de se bater palmas para a operação do corpo de Bombeiros? Sim. Toda ação que vise gerar segurança é válida. Mas é de se deixar claro, a situação aqui no RN é de “pílula do dia seguinte” e não de “camisinha”.