Rio Grande do Norte, quarta-feira, 08 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 25 de abril de 2013

Veículos de comunicação cobram o dobro da tabela ao setor público e MP não faz nada

postado por Daniel Menezes

A prática é antiga e conhecida. Na CEI (Comissão Especial de Inquérito) dos contratos instalada pela Câmara Municipal do Natal na gestão Micarla de Sousa, alguns valores foram abertos: blogs que recebiam 1, 2 mil por um patrocínio privado, cobravam 5, 10, 12 mil pela mesma vitrine quando o pagante era a Prefeitura.

A farra só vai acabar quando a verba da publicidade pública for distribuída por critérios claros de audiência, como já ocorre para os canais nacionais de Tv (estranhamente o governo federal praticamente não utiliza um direito constituído por emprestar uma concessão estatal às emissoras – o de fazer pronunciamentos gratuitos sobre realizações da administração, ações educativas, etc). No caso do mundo virtual, pela contabilização dos acessos pelo google analytics, ferramenta imparcial que metrifica os pageviews de um site. Terá, além disso, outro efeito positivo: o de proporcionar uma imprensa verdadeiramente livre de manter relações promíscuas com o Estado.

Venda de espaço? Sim. De opinião (e superfaturada?!)? Não.

Ou simplesmente encerrar a prática, que muito pouco ajuda. Por exemplo, o governo Rosalba, ao invés de utilizar a propaganda para conscientizar a sociedade sobre boas práticas de relacionamento com a seca, emprega o recurso para alardear supostas grandes obras que diz estar promovendo e ainda pagando mais caro por isso, conforme o texto abaixo. Um bom trabalho para o Ministério Público.

 

Do blogdoprimo.com.br

 

Veículos de comunicação cobram o dobro da tabela ao setor público e MP não faz nada

 

Tabela é superfaturada e praticada descaradamente, até o Ministério Público, se anunciar, paga o dobro.

 

A prefeitura de Mossoró resolveu fazer uma campanha pesada na mídia televisiva..

Em plena vacas magras Mossoró recorre a mídia para aumentar a auto-estima de seus munícipes..

ÍndiceVivendo um período de violência urbana descontrolada com tiroteio de bandidos com a policia todos os dias, a prefeitura aposta que a campanha de auto-estima vai apaziguar a cidade.

Ocorre que a prefeitura de Mossoró está pagando o dobro pelas suas inserções.. Aliais, não é apenas a prefeitura de Mossoró que paga com o dinheiro do povo o dobro pelos anúncios públicos..

Existe uma prática no mercado publicitário que os veículos cobram do setor público o dobro que cobram dos anúncios do setor privado..

Isto é!! Se o Supermercado Nordestão veicular um anuncio numa emissora de televisão e pagar R$ 2 mil, se esse mesmo anuncio  for do Governo do Estado será cobrado R$ 4 mil..

Não sei qual a explicação dessa tabela diferenciada cobrando em dobro para o setor publico que anuncia com recursos proveniente do contribuinte. É bom lembrar que as emissoras de rádio e televisão são concessões públicas..

Veja se pode, caso a Coca Cola resolver fazer um anuncio de página inteira na Tribuna do Norte pagaria, por exemplo, R$ 10 mil, se essa mesma página for utilizada para publicar um anúncio do governo do Estado para orientar a sociedade sobre o combate a dengue, essa página custará R$ 20 mil..

O anuncio de propaganda de um bar custa a metade do preço do anuncio público da Lei Seca, pode?

Então vem a pergunta: isso é nocivo ao interesse público?

Sendo contrário ao interesse público, não era de esperar que o Ministério Público intercedesse em favor da sociedade, contra essa cobrança abusiva?

Nesse caso, por quê o Ministério Público nunca denunciou essa situação? Isso não seria um modo de super faturar pagamentos de serviços contratado com dinheiro público?

Não seria uma relação de omissão do Ministério Público com os veículos  afim de receber cobertura em suas ações?

Será que esse apoio que os veículos de comunicação estão dando ao Ministério Público contra a PEC 37 não passaria por essa situação?

Na operação Máscara Negra o Ministério Público botou pra lascar nas prefeituras e nas bandas, então por quê não faz o mesmo com os jornais impressos e emissoras de rádio de televisão, medo, prevaricação ou acordo?

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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