Rio Grande do Norte, sábado, 04 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 10 de junho de 2013

Meios de comunicação do RN reféns do coronelismo moderno

postado por Anderson Soares

images (7)O coronelismo no RN é caracterizado por feições contemporâneas e por competentes camuflagens, que escondem os velhos vícios de neocoronéis que continuam hábeis em alimentar-se do fértil terreno da miséria e ignorância da população do estado, com intuito de fazer manutenção de seus impérios.

Em seu histórico o coronelismo do RN sempre foi fomentado pela existência das mazelas sociais e pela condição de subalternidade dos estados nordestinos diante do poder político e econômicos dos estados das regiões Sul e Sudeste.
Uma das características mais gritantes do coronelismo moderno no RN é exatamente o controle dos meios de comunicação por grupos politiqueiros interessados em fazer a manutenção de seus interesses empresariais. Impossível que as notícias cotidianas que são exibidas para a população, não sejam intoxicadas e editadas conforme o maquiavelismo e a perversidade destes grupos.

Não é necessário ser um especialista em semiótica ou em mensagem subliminar para entender como atuam os grupos de comunicação diante dos fatos cotidianos, bastando apenas entender o triste histórico de nosso país no que tange a relação dos interesses do capital e as comunicações.

Em tempos de democracia nada de grossura e parcialidade explícita, tudo merece sutileza requintada, camuflagens competentes (jornalistas e marketeiros muito bem pagos para isso) na programação, que nos dão uma boa impressão de que os meios de comunicação estão à serviço da população e de uma imprensa livre e independente (como os mesmo propagam). O historiador (UFRJ) Joel Rufino nos ajuda a refletir sobre o tema: “A pior violência é a simbólica porque vem disfarçada”.

Existe o fato, o acontecimento. Interpretação e exibição estarão à mercê dos editores teleguiados pela orientação politiqueira e empresarial de seus patrões, que por “coincidência” ocupam cargos públicos, são “legítimos representantes do povo” e “arautos” da democracia.

Não existe disposição dos veículos de comunicação em estimular reflexão sobre acontecimentos recentes em nossa cidade, como as recentes manifestações contra a precariedade do transporte coletivo (Revolta do Busão!). As matérias sobre o tema, frequentemente, enfatizam os transtornos que a manifestação casou a população, deixando de lado a séria discussão sobre a qualidade do serviço prestado e poder das empresas de transporte em nosso estado.
Conforme a interpretação e exibição das TVs, o gerador de indignação e revolta serão os “transtornos” e não os motivos das manifestações.

Os mesmos meios de comunicação também são responsáveis pela manutenção de necessidades artificiais, criadas pela mídia, pelas grandes corporações do entretenimento, para desviar a atenção do real. Como a “empolgação” da população para a Copa do Mundo, em que quantias fabulosas são aplicadas para um evento de curtíssima duração, que deixará pesado ônus para a mesma. Sabe-se muito bem, nas entrelinhas, quem são os verdadeiros beneficiados com este evento no RN.

Ao falarmos sobre coronelismo moderno no RN, os meios de comunicação representam apenas a “ponta do iceberg” da velha rotina de interesses empresariais sobrepujando os interesses coletivos. É só lembrar que as concessões destas TVs foram “distribuídas” pelo então ministro das comunicações (Antônio Carlos Magalhães, famoso filhote da ditadura e oligarca baiana) do governo Sarney para os seus aliados regionais.
Deixamos um convite para uma fértil reflexão: mesmo em versão local e regional as “verdades”, as “emoções” e as “necessidades” são criadas e construídas por violenta repetição de estereótipos imagéticos\discursivos que se cristalizam, se tornam “inquestionáveis” e “indestrutíveis “ diante do que chamam de opinião pública.

Sobre a imagem e o histórico das figuras públicas do RN é preferível fazer uma reflexão a partir da conhecida frase do sinistro Joseph Goebbels: “Uma mentira repetida várias vezes torna-se verdade”.

Anderson Soares

Escritor.

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