Rio Grande do Norte, sexta-feira, 03 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 14 de junho de 2013

E se a campanha pelas DIRETAS JÁ fosse hoje?

postado por Daniel Menezes

Nunca compreendi, com relativa exatidão, como tanta gente avalizou o golpe de 64. Sim, ele teve apoio de empresários, jornais, pessoas comuns. Mas as reações aos protestos contra o aumento das passagens no Brasil estão sendo educativas nesse sentido.

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Baderneiros?

 

Para tornar uma manifestação ilegítima, falam de tudo: argumentam sobre direito de ir e vir, como se os cidadãos não estivessem lutando ali por isso; desqualificam enquadrando pejorativamente de “classe média” um movimento que luta por transporte público de qualidade, alegam politicagem.

Mas a (péssima) qualidade do transporte público nunca entra em pauta.

Que concepção de democracia é essa, que tem medo do povo na rua? Que diz ser a favor dos movimentos sociais, mas procura invalidar todo e qualquer resquício de sua atuação, de sua existência?

A campanha das “Diretas Já”, que sepultou de vez a ditadura militar, fechou ruas e avenidas. Ela teria sido aceita nos dias de hoje?

A CULPA É DO LULA

Lula é o culpado pelos protestos no Brasil. Ao possibilitar o ingresso de milhões de pessoas no ensino superior, o seu governo, tocado e aperfeiçoado por Dilma, criou uma classe de pessoas mais conscientes e com mais expectativas. É, sobretudo, essa massa que não aceita mais o precário meio viabilizador da mobilidade urbana nas cidades. Bom.

ACHANDO RUIM? VAI JOGAR GAMÃO

Governos devem ser criticados. Pouco importa se são do PMDB, PT, PDT, PSOL, PSC ou PSDB. No Brasil, o problema foi justamente esse – sociedade civil rala, Estado forte e autoritário e pressão de menos.

ESPAÇO

Os protestos também denotam a escassez de esferas de arbitragem. A democracia não nega o conflito. Pelo contrário. Traz a participação e diversos interesses, nem sempre congruentes, para dentro do sistema, que não pode se restringir ao momento de dedilhar número numa urna. E não está havendo espaço para os agentes colocarem suas insatisfações para fora. A rua acaba sendo o caminho.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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