Rio Grande do Norte, sábado, 11 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 20 de junho de 2013

“O Brasil não será nunca mais o que foi até aqui”

postado por Carta Potiguar

Tribuna do Norte

Alípio de Souza, sociólogo

Quais consequências podemos esperar dos atos que estão acontecendo em algumas cidades do país?

24761A consequência mais importante é que o Brasil não será nunca mais o que foi até aqui. Algo de novo debaixo do sol do Brasil está acontecendo. Pela primeira vez,  terá fim a mitologia verde-amarela do país de povo ordeiro, pacífico, alegre com tudo, amante de futebol, carnaval e que não se importa com política, com participação. As manifestações mostram um outro povo: se gosta de futebol, não se deixa mais alienar com ele, protesta contra o próprio uso do futebol quando isso implica em desvios de recursos públicos que poderiam ser aplicados em áreas carentes, políticas que são esperados há tanto tempo. Outro mito que cai é o de um povo não-violento. A pulsão violenta do movimento, e esta há e é autêntica em seus atos, mostra que se sabe também agir violentamente para expressar o ódio ao desprezo pelos mais pobres, às exclusões sociais.

O que esperar do ato de hoje em Natal?

Espera-se um grande ato, com muita participação. E espera-se que seja pacífico. A pulsão violenta e incontrolável do movimento é imprevisível.

Qual deve ser o posicionamento do Governo?

Os governantes devem, primeiro, orientar as forças policias a atuarem sem violência. Atuarem não para reprimir o movimento, mas para assegurar a manifestação. Segundo, já deveriam ter chamado reuniões de negociação com representantes do movimento e da sociedade para atendimento das reivindicações e discussões sobre os assuntos que estão sendo pautados. Fechados em seus gabinetes, os governantes, em todos os níveis, aumentam a ira dos manifestantes. Não sem razão, imagens nacionais mostram manifestantes agindo para entrar nos palácios do poder. Um ato que deveria ser interpretado como as pessoas dizendo: esse lugar é também nosso. Queremos que nos escutem. A mesma mensagem serve para os políticos e parlamentares: e é assombroso o silêncio destes. Não se pronunciam e não se colocaram, até aqui, como negociadores, intermediários, entre movimento e governantes.

Carta Potiguar

Conselho Editorial

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