Rio Grande do Norte, segunda-feira, 06 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 27 de fevereiro de 2015

Caminhoneiros: Quando fazer greve se torna um ato de pelego

postado por Carta Potiguar

Por José Cleyton N. Lopes

 

cam greO Brasil assiste há pelo menos uma semana focos de manifestações dos caminhoneiros em diferentes estradas. Por que a movimentação política dessa categoria é relevante para o país? Antes de tudo, porque se trata de um segmento da classe trabalhadora central para o capital. Se os caminhoneiros param, a economia doméstica trava. E em pouco tempo conseguem gerar um impacto expressivo na circulação das mercadorias. Basta dizer que no Brasil mais de 50% do transporte de cargas é feito através das rodovias.

Mas, apesar desse grau de importância, é uma categoria precarizada e “desorganizada”. Aliás, o controle patronal é bastante notório sobre a categoria, inclusive sobre os autônomos, que correspondem a maioria dos caminhoneiros. Esse controle dos patrões é utilizado para desestabilizar ou mesmo sabotar o governo, conforme a conjuntura. Aqui vale lembrar a greve dos caminhoneiros chilenos de 1973, que pavimentou o caminho para os golpistas derrubarem o governo democrático de Salvador Allende.

Com isso, não quero dizer que estamos revendo o mesmo estratagema contra a presidenta Dilma. Todavia, a meu ver, essa greve não corresponde aos interesses reais dos caminhoneiros. Explico. Até agora não vi nenhum grevista manifestar, por exemplo, críticas à emenda parlamentar que ampliou a jornada de trabalho da categoria de 8h para 12h (8+4 extras negociadas com o patrão), que foi aprovada há duas semanas na Câmara. Ao invés disso, a pauta deles é a mesma que a grande mídia tem destacado: aumento dos combustíveis. Coincidência, não? Afinal, nunca antes na história deste país houve tanto nervosismo com o suposto descontrole (e corrupção) do governo sobre a distribuição dos combustíveis. Outrora eram baratos demais e oneravam a Petrobrás, agora são muito caros. Em suma, o governo nunca soube controlar os preços. Esse é consenso que opositores do governo, que estão à direita do espectro político, querem que aceitemos.

Sou favorável à redução do valor dos combustíveis, é óbvio, mas estou convencido de que para isso acontecer é preciso “reestatizar” a Petrobrás. Retirá-la das mãos de acionistas ávidos por super lucros. Se achar isso uma utopia, então tente convencer quem tem ações da Petrobrás a pressionar o valor dos combustíveis para baixo. Aí veremos qual ideia é mais utópica.

E quanto aos caminhoneiros, por fim, espero que consigam se organizar para si e rompam com os interesses patronais. Ademais, coloquem na pauta a redução da jornada de trabalho e a ampliação das proteções trabalhistas.

 

Carta Potiguar

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One Response

  1. Helder disse:

    presidentA!!!

    Petista escroto!!

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