Rio Grande do Norte, terça-feira, 14 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 8 de abril de 2010

A estupidificação humana na defesa dos animais

postado por David Rêgo

Gosto de animais. Na realidade os adoro. Crio cães e gatos (ultimamente mais gatos, pois são mais “práticos” do que cães, você não precisa dar banho em gatos ou leva-los para andar para que façam cocô e urina) desde minha infância. Li também muitas pesquisas que demonstram como o apego aos animais e o processo de perdê-los (afinal geralmente animais domésticos não vivem mais do que 10 anos – a menos que você tenha inventado de criar uma tartaruga ou um papagaio) nos dá um grande aprendizado social, fazendo com que lhe demos melhor com os processos de perda de entes queridos, etc. Porém, gostar de animais não me torna tão irracional quanto os mesmos.Em emails que circulam entre os moradores de Natal-RN (onde tem surgido uma grande população de cães e gatos de rua), alguns cidadãos tem posicionado-se contra a proposta do Ministério Público de realizar uma audiência para debater formas para diminuir a mega-população de tais animais. Entre os tantos emails que recebi sobre o assunto, destaco o seguinte trecho para comentá-lo (obviamente não citarei a fonte por respeito à mesma, afinal, o conteúdo é motivo de gargalhadas e vexame público): “Nota-se que o problema em apreço é tratado, de forma generalizada, de maneira absurdamente equivocada, tratando os nossos pobres irmãos inumanos como coisas ou a fonte de um mal. O pensamento cínico e comodista é esse: Ora, é muito mais fácil erradicar cruelmente os animais de rua do que buscar soluções e políticas estruturais para sanar as causas profundas do problema, como a implantação de Programas de Controle de Natalidade e Assistência Veterinária Gratuita, além da educação ampla das massas, no sentido de incutir nelas o respeito por toda forma de vida.”

Como se já não bastasse o “irmãos inumanos”, ainda me aparecem com a proposta maravilhosa de um “Programa de Controle de Natalidade e Assistência Veteriária Gratuita”. Confesso, eu dei uma gargalhada alta, ri sozinho durante uns 5 minutos em frente ao computador. Um indivíduo como este só pode morar na europa (ou em Marte) ou então pensa que o Estado é uma fonte inesgotável de recursos. Obviamente existem várias pessoas querendo isso, e não percebem que pedem isso ao mesmo tempo em que falta dinheiro ao governo para acolher os mais de 30mil alagoanos e paraibanos sem moradia e comida devido as ações das ultimas enchentes. Obviamente os gatinhos são fofinhos e peludos, esses todos querem abraçar. Mas os pobres, negros, fedorentos e catarrentos que são vítimas de desastres naturais, esses ninguém preocupa-se em fazer uma corrente de emails. Não apenas isto.

A audiência é necessária, e a superpopulação de qualquer espécime transforma-se em praga. Amem os animais, mas não precisam “bestificar-se ou estupidificar-se” em defesa deles. Sou a favor do extermínio dos felinos doentes, e toda pessoa que entende um mínimo de saúde pública sabe que epidemias apenas disseminam-se em grandes populações, assim sendo, a grande população felina é sim responsável por epidemias que devem ser evitadas, tendo em vista que na própria natureza populações enormes como estas que vemos não são encontradas, tais condições surgem apenas devido à interferência humana. Fora isto, Matar seres que já estão doentes e à beira da morte, que caminham por
ai como mortos-vivos, cheios de feridas, etc. não me parece uma medida “desumana”. Desumano é manter esses animais na situação que estão. Alguma providencia deve ser tomada para diminuir a população dos felinos enfermos. Não creio que o MP queira tomar uma medida para exterminar todas as espécimes de cães e gatos de ruas, como alarmou-se no email que circula, ao citar o caso da antiga URSS (um exemplo completamente descontextualizado, diga-se de passagem), a medida (parece-me) visa “debater” (sabem o significado de debate? eu posso desenhar se for preciso…) sobre o destino da grande população de felinos, sacrificar aqueles que já estão condenados à morte é uma  conseqüência inevitável. Quem é a favor da eutanásia? Eu sou… Animal com doença terminal tem que ser exterminado. É isso, inclusive, o que TODOS os veterinários que visitei até hoje aconselharam esta medida (crio gatos desde que tenho 10 anos, é o animal que mais amo, atualmente tenho 3 em casa, mas quando eles adoecem, e a doença é irreversível, em respeito ao sofrimento deles, o pto por acabar com sua dor…)
E antes que reclamem, e digam: queria ver se fosse com sua mãe… respondo: sim… eu faria o mesmo com meus pais também… E outra coisa, não me coloquem como “irmão” de gato, gosto deles, mas eu sou descendente de primatas, que possuem cérebros grandes e polegar opositor… e a culpa da super-população é nossa sim e das pessoas que
alimetam os animais sim, uma vez que as rações para animais são verdadeiras bombas calóricas, onde os felinos não encontram “refeições” semelhantes pela natureza… a melhora do regime nutricional resulta obrigatoriamente no aumento da população. A culpa é nossa e temos que dar um jeito. Quem estiver a fim de levar animais doentes para casa, favor enviar email para mim que eu mesmo faço o favor de pegar uns 500 gatos mortos-vivos e deixar na casa de quem pedir, uma vez que, reafirmo, não me parece que existam pessoas que queiaram “dar fim” ou sacrificar animais saudáveis, o problema, como o email deixa claro, é com as epidemias que podem surgir devido à grande população…

Sem contar que… podem até acusar, nós humanos, de tirania com os gatos. Mas e os pássaros, podem reclamar da tirania dos gatos com eles?  Uma população “artificial” de gatos tende a caçar mais pássaros que “o normal” entre tantos outros pontos que poderiam entrar no debate….

David Rêgo

Sociólogo, antropólogo e cientista político (UFRN). Professor do ensino médio e superior. Áreas de interesse: Artes marciais, política, movimentos sociais, quadrinhos e tecnologia.

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