Rio Grande do Norte, quarta-feira, 15 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 2 de fevereiro de 2012

A Equação Regional do Governo Rosalba

postado por Carta Potiguar

Alan Daniel Freire de Lacerda

(Professor do Departamento de Políticas Públicas – UFRN)

A atual gestão estadual segue com o discurso da herança maldita, recurso retórico usual em novos governos, mas não pode escapar às realidades políticas. De um lado, após mais de um ano de administração, o eleitor comumente não dá mais atenção a esse tipo de justificativa, passando a observar o que a gestão está fazendo de concreto. De outro lado, o próprio governo vai tomando decisões de investimento e definindo prioridades administrativas que mostram, com maior ou menor hesitação, as linhas gerais de sua direção futura.

Do ponto de vista político, por sinal, já é possível divisar alguns dos desafios relacionados à reeleição em 2014, provável objetivo do grupo da governadora Rosalba Ciarlini (DEM), e à avaliação de sua gestão no eleitorado potiguar. As duas primeiras pesquisas de opinião publicadas em 2012, dos institutos Consult e Certus, identificaram elevada desaprovação ao trabalho da governadora democrata no município de Natal, aproximando-se de 60%. Conquanto esteja numa situação melhor do que a dos assustadores índices que infelicitam a gestão da prefeita da cidade, Micarla de Sousa (PV), a aprovação do governo Rosalba atingiu níveis consideravelmente baixos na capital potiguar (25%), convertendo-se no que pode ser o ponto frágil de seu arranjo político para os próximos anos.

Cabe lembrar que a então candidata a governadora do DEM obteve na eleição de 2010 em Natal uma votação consideravelmente inferior ao seu percentual de votos no estado, respectivamente 39% e 52,4%. Apesar de ter obtido o primeiro lugar na capital, Ciarlini teve que rebater durante a campanha o discurso potencialmente letal do governador-candidato Iberê Ferreira (PSB), que sugeria pouca intimidade ou conexão da aspirante democrata com os problemas de Natal, dada a concentração de sua carreira política em Mossoró. Esse recurso retórico, que teve eficácia relativa na campanha, pode ser facilmente mobilizado novamente por adversários e emissores de opinião política. Não é à toa que a nomeação de mossoroenses para importantes cargos na administração estadual é sempre ressaltada nos jornais, os quais não deixam de informar a origem geográfica dessas pessoas.

Ademais, a eventual persistência de índices altos de desaprovação da atual gestão estadual em Natal imporia desafios triviais para a própria condução da eleição municipal deste ano. Caso a base de apoio rosalbista se unifique, por exemplo, em torno de um único candidato a prefeito da capital, este será imediatamente rotulado por adversários de “candidato da governadora”, tendo que consumir os custos políticos decorrentes dessa condição.

 A esse respeito, é uma pena que os institutos de pesquisa, sob a pressão do caráter municipal das eleições deste ano, não estejam fazendo sondagens de âmbito estadual com o fito de captar as taxas de aprovação a Rosalba nas diversas regiões do estado. Elas permitiriam testar uma hipótese de trabalho que claramente emerge do raciocínio acima: a de que os índices de aprovação simplesmente apresentarão variações importantes entre as regiões que compõem o Rio Grande do Norte. Em um cenário no qual avaliação de Rosalba seja consistentemente ruim na capital, a governadora passará a depender em maior medida dos eleitores do Oeste Potiguar e de outras áreas do interior para concretizar seus objetivos políticos de longo prazo.

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