Rio Grande do Norte, quarta-feira, 15 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 25 de junho de 2012

Micarla e sua estranha relação com a política e com os seus secretários

postado por Daniel Menezes

O secretário de governo tem vida difícil. Como também homem de partido e de grupo político, tem de aguentar o tranco para que o líder da administração/partido político se mantenha preservado. Em qualquer situação adversa é o nome do chefe da pasta questionada que deve entrar em xeque, pois antes a má avaliação de um secretário do que a do prefeito/governador/presidente. Antes a queda de um indicado do que fendas no navio governista. É a chamada realpolitik.

Estranhamente, não é o que acontece na gestão Micarla de Sousa. Ao ver os pronunciamentos e entrevistas dos membros de primeiro escalão, não é incomum ouvir frases do tipo: “o meu projeto…”, ou “eu trouxe isso para Natal…”.

Alguns secretários de Micarla de Sousa criaram uma total inversão de valores. Os pontos positivos vêm da pasta. E os negativos? Que debitem na conta da prefeita.

Mais um exemplo de que o problema de Micarla de Sousa não é de comunicação. Alias, ela já utilizou, segundo os especialistas da área, o que há de melhor no mercado publicitário local e nacional.

E o entrave não é apenas administrativo. É administrativo, mas também político. Falta jogo de cintura para desamarrar os nós e sobra inexperiência para se relacionar politicamente com a sociedade. É um partido que é de fato verde.

A prefeita, além disso, não seguiu a máxima política de não levar a sério a conversa das dezenas de aduladores que costumam rodeá-la. Preocupados em se manter próximos a prefeita, alguns assessores e secretários não economizaram durante toda a gestão quando o assunto era inflar o ego da líder do PV.

A borboleta, deslumbrada com o poder e com sua, inegavelmente, impactante vitória ainda no primeiro turno, acreditou que era uma nova líder e que poderia prescindir de apoio político. O modo como tratou o seu então secretário de planejamento a época, Augusto Viveiros, liderado de José Agripino, um dos seus principais mentores políticos, mostra um pouco como a soberba cegou a prefeita e seu grupo.

Micarla imaginou que era só deixar a vida lhe levar que tudo estaria resolvido. Próxima governadora e até futura vice-presidente foram as teses que seus bajuladores levantaram como caminhos naturais para a atual prefeita.

A tese espontaneísta se mostrou totalmente errada. Na verdade, um grande desastre. Para ela e para os natalenses.

Micarla, que não tentará a reeleição, servirá como um bom estudo de caso para as próximas administrações… da política.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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