Rio Grande do Norte, domingo, 05 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 11 de agosto de 2012

Assembleia Legislativa do RN na contramão da história

postado por Daniel Menezes

Se eu disser que um cidadão não pode saber para onde vai o dinheiro da sua casa, caro leitor, você, com certeza, vai achar bastante estranho. Mas é o que acontece na Assembleia Legislativa do RN.

Aquela casa, que é minha, sua, do povo, divulgou os cargos da instituição e os respectivos salários. Só não disse para quem está pagando, que era o igualmente fundamental.

Conhecer os funcionários públicos do Estado é condição básica para se produzir uma administração transparente, que permite averiguar se os ditos cujos frequentam o trabalho e se têm as qualificações necessárias para ocuparem as funções que desempenham, ou mesmo, se ingressaram por critério politicamente aceito.

A Assembléia Legislativa do RN, que tem cerca de 1 mil servidores, por um entendimento político do presidente da casa, o deputado Ricardo Motta, guardou a sete chaves os nomes dos servidores da casa, contrariando a Lei de Acesso à Informação.

Há poucos dias atrás, o judiciário foi severamente criticado pelos altos salários, alguns acima do teto constitucional. Porém, é preciso que se diga: aquele poder teve a coragem de seguir a lei de acesso à informação integralmente. O judiciário se abriu para a sociedade, alias, como deve ser numa sociedade democrática.

A Assembleia Legislativa do RN, enquanto isso, mantem modus operandi que não condiz com a democracia. Trata a coisa pública como uma questão privada, que só pode ser do conhecimento de meia dúzia de pessoas.

O medo da transparência aguça a imaginação. Há rumores de que cargos são ocupados por pessoas sem a qualificação esperada. Outra história que circula é que há gente da imprensa que recebe da AL-RN como empregado, mas que nem aparece por lá. Fala-se em funcionários fantasmas.

A atitude do presidente Ricardo Motta, ao esconder os nomes dos servidores, mostra que há grandes chances de tudo ser verdade.

OAB

A OAB lamentou a atitude da Assembleia Legislativa do RN. Ao invés de lamentar, poderia atuar mais enfaticamente no caso. O entendimento do presidente foi político. Não existe escudo jurídico para a ação do presidente Ricardo Motta.

A atitude tomada pela Câmara Federal e pelo Senado, semelhante a da AL-RN, segue concepção jurídica apenas para aquelas casas.

O questionamento jurídico da AL-RN possibilitaria, no mínimo, que o presidente Ricardo Motta expusesse os motivos de sua atitude anti-democrática e na contramão da história.

MINISTÉRIO PÚBLICO

A briga é boa. Se habilita?

SILÊNCIO

A Prefeitura Municipal do Natal e a Câmara Municipal do Natal nem tocam no assunto.

Para o executivo e legislativo do município, Lei de Acesso à Informação inexiste.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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