Rio Grande do Norte, sexta-feira, 03 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 14 de agosto de 2012

Hay Que Endurecer?

postado por Rodrigo Sérvulo

[Essa história relata um casal específico, que levou ao pé da letra as suas ideologias. Qualquer semelhança com a realidade não passa de mera coincidência].

Depois de 5 meses de amor na militância, uma feminista e um militante de esquerda resolvem morar juntos e ter sua primeira relação sexual. Ambos muito excitados, doidos para liberarem suas pulsões, chegam em seu pequeno quitinete e resolvem logo tirar a roupa um do outro, se beijam e abraçam.

O militante leva a menina feminista para a cama e… ela, meio deslaçando-se dos braços do militante, diz:

 – Peraí, como vamos fazer?

O militante para, olha para ela, muito excitado, e diz: – Como vamos fazer… quer dizer que você nunca fez?

– Fiz… é que quando eu fiz eu tinha uma outra visão disso…

– Como assim? Senta aqui, vamos conversar…, diz o militante, sentado no pé da cama e traz a feminista para perto, para conversar. 

Ela, com a expressão séria diz:

– Temos que fazer uns acordos…

– Tipo?

– Eu não posso ficar de quatro para você. Eu estaria me submetendo, me rebaixando, em posição animalesca para um homem. Foram anos de submissão, eu não vou ficar nessa posição…

– Tudo bem, amor… amor não, que é um sentimento burguês. Você é minha companheira!

– Tá… e outra, eu não quero que você me bata. Eu até gostava antes, mas é que se você me bater eu estaria dando vasão não só a dominação masculina como incitando simbolicamente a violência contra a mulher…

– Concordo, companheira!

– Não acha que companheira é demais, não?

– Você acha que eu vou te chamar de amor? Amor é um sentimento vendido, o capitalismo já capturou a noção de amor romântico. Veja as novelas, veja o mercado! O amor é uma ilusão, não existe…

– É mesmo… então, não vou ficar de quatro, não pode me bater, nem me chamar de amor…

– Nem de safada, puta, cachorra ou qualquer tipo de agressão verbal, porque eu não estaria te respeitando enquanto uma companheira cujo ideal é o mesmo do meu. Você sabe, eu não quero reproduzir o ideal machista, muito menos sua linguagem…

– Você é um companheiro e tanto! Ah, lembrei, eu não vou fazer oral em você, eu não me sentiria a vontade, assim como de quatro, eu me sentiria submissa…

– Tudo bem, companheira!, disse o militante, já com o corpo frio, meio cabisbaixo.

– O que foi? O que você está pensando?

– Não acha que me perguntar o que estou pensando não é infringir minha liberdade de pensar no que quiser, não?

– Ora, companheiro, devemos colocar em pauta tudo, lembre-se que isso é uma atitude egocêntrica, um tanto liberal… 

– É mesmo né?

– É… o que você está pensando?

– Estava pensando como é que vamos começar a trepar…

– Trepar? A gente não trepa, a gente tem relações sexuais livre.

– É… tem razão… mas como é que iremos fazer? Com todas essas restrições…

– Restrições? Não, isso é a nossa liberdade. Garanto que com isso iremos ter a relação sexual mais livre de preconceitos que algum casal jamais teve.

– É mesmo…

– Então…

– Estou com um pouco de sono. 

– É, eu também.

– Amanhã conversamos mais, temos muita coisa pra conversar ainda. Não podemos nos submeter a essas submissões burguesas, machistas, capitalistas…

– É.

– É.

O lindo casal foi dormir. E passaram semanas discutindo formas de se relacionar na cama. Será que eles conseguiram transar como queriam? Aliás, será que eles conseguiram transar?

Rodrigo Sérvulo

Literatura, artes (marciais), humor, sociologia, filosofia e cultura.

2 Responses

  1. Thiago Leite disse:

    O último parágrafo deixa a entender que a vem outro capítulo por aí… não sei se foi a intenção, mas melhoraria a audiência da Carta…

  2. Caio Cesão disse:

    Se a moça fosse do PT, ela estaria negociando valores, igual a uma meretriz.

    hehehehehehe

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