Rio Grande do Norte, quinta-feira, 02 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 7 de novembro de 2012

Carnatal é Natal? É você?

postado por Daniel Menezes

Todas as grandes cidades que tinham carnaval fora de época no formato do (nosso?) carnatal – me recuso a escrever a palavra com a primeira letra em maiúsculo como os bajuladores – já acabaram com o evento, ou mudaram completamente o formato de modo a retirá-lo do perímetro urbano adensado. Em alguns casos, a dita folia foi para outras áreas em que o impacto é menor; em outros, o empreendimento passou a ser realizado em espaços fechados.

O motivo é simples. Uma festa privada não pode impedir que pessoas não consigam entrar em suas casas, sujar as ruas, fechar parte significativa do trânsito, impedir o direito de ir e vir, gerar grande poluição sonora. Um negócio que visa o lucro não pode socializar transtornos.

Aliado a todo esse processo, que por si só já justificaria a alteração do modelo praticado em Natal, há, ainda, o apoio da prefeitura. No momento em que os salários dos funcionários públicos municipais se encontram atrasados e o prefeito Paulinho Freire, que é um dos donos do carnatal, alega que não há condições financeiras para decorar a cidade com a sua já tradicional confecção natalina, patrocinar a festa representa um contrassenso. No âmbito estadual, o mesmo governo que tenta diminuir os repasses pétreos para o combativo ministério público, é o que também vai ajudar a financiar o evento.

Mas há mais privilégios. Enquanto a promotoria do meio ambiente fecha bares (centros de cultura) tradicionais da cidade, sob a alegação de respeito ao direito dos moradores, o carnatal funciona sem Licença Ambiental, destrói canteiros urbanos, efetiva massiva exploração de publicidade sem taxação pública, além de afrontar natalenses que são forçadamente envolvidos.

O carnatal é para que Natal? E representa o amor e o prazer de quem, para quem? Algo é certo: é de uma Natal que produz a derrota da cidadania. Aguardo a demonstração do cínico argumento, “mas movimenta a economia”.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

11 Responses

  1. Diniz disse:

    E quem “pula” carnatal é cúmplice de Paulinho Freire e asseclas.

  2. Danielli disse:

    Não precisa mais aguardar…“mas movimenta a economia”.

  3. Paulo Emílio disse:

    É muita coincidência Paulinho Freire assumir a prefeitura faltando 1 mês por carnatal……..

  4. A mediocridade em Natal tem um passado glorioso e um futuro promissor… (parafraseando Millôr Fernandes).

  5. Biguilho disse:

    ano que vem tem mais

  6. Fantástico a forma descrita dessa festa q só aumenta os índices de criminalidade, abuso de menores, menores alcoolizados, acaba com o direito de ir e vim, onde é financiado pelo o poder público em grande parte acabando assim a atrasar os proventos dos funcionários, aumento do índice de HIV e várias outras doenças sexualmente transmissíveis… enfim… não ajuda em nada, e ainda indica q é alegria e folia!!! Triste ver os natalenses apoiando isso… enfim! Parabéns pela nota!!!

  7. Renan disse:

    kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk, falta 1 mês simbora meu povo!!

  8. Thiago Mariz disse:

    Concordo com tudo que foi dito. Mas bares como “centros de cultura” foi divertido. Quem nunca foi a um pode até ter sido enganado. Valeu a tentativa.

  9. Juliano disse:

    Concordo com muitas coisas contidas no texto, mas discordo com várias. A festa não impede ninguém de entrar em suas casas, e, se por um acaso você se sentir prejudicado e realmente for constatado isso, a empresa resolve o seu problema. ( posso te informar casos, se assim desejar). Óbvio que temos problemas de trânsito, sujeira, violência e outras coisas mais que qualquer, eu disse qualquer evento que concentre um grande numero de pessoas causaria. O fato de movimentar a economia já é um argumento bastante forte. Taxistas, hoteleiros, donos de bares, bandas locais, vendedores ambulantes, aluguel de mesas e tendas, serviços de buffet e outras que nao me recordo. É, realmente esse pessoal não pensa como você. Se formos usar o argumento de sujeira e outros problemas causado pela concentração de gente, entao vamos acabar com o carnaval, com jogos de futebol, com o reveillon ( que deixa ponta negra imunda ) e qualquer evento desse nível. A festa é financiada pela destaque e pelos zilhões de patrocinadores.A péssima gesta da nossa cidade não pode cair nas costas do evento. O carnatal é uam festa consolidada há 21 anos e também gera benefícios, o folião curte e aprova…e é para ele que a festa é feita. Infelizmente há lugares que eu gostaria de ir, mas por uma questão financeira eu nao posso. A festa é para quem pode pagar, concordo, mas existe blocos baratos e já existiu até de graça. Precisamos parar com essa falsa ideologia e moralismo torto…e olha que nem vou falar de outros assuntos mais polêmicos. Volto a dizer que concordo com muita coisa e com certeza é um belo texto, mas se vamos pegar um pau e bater em “chico”, vamos bater em “francisco” também. É apenas uma opinião, uma breve e humilde opinião.

  10. Até hoje não há um estudo de viabilidade econômica do Carnatal para a cidade.

  11. Lima disse:

    Concordo com o autor do texto.

    A sede de minha empresa fica na imediações do “corredor da folia”, mas o evento só me causa prejuízos e aborrecimentos. Além de não poder abrir as portas, pois meus clientes não conseguem chegar até minha empresa visto que o trânsito é interrompido, região se torna perigosa e ainda tem os brindes* que os “foliões” deixam para o dia seguinte.

    carnatal para mim, são quatro dias de tormento e prejuízos.

    *leia-se: urina, fezes e restos cerveja.

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