Rio Grande do Norte, quarta-feira, 08 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 18 de dezembro de 2012

O Ministério Público continua massacrando funcionários da ATIVA

postado por Daniel Menezes

O Ministério Público mantém o massacre contra os funcionários da Ativa.

A Organização de Terceiro Setor, vinculada ao município, continua sofrendo processo de intervenção. Mas como eu disse anteriormente (https://www.cartapotiguar.com.br/2012/12/11/interventora-do-mp-na-ativa-trata-trabalhadores-como-vagabundos/), com uma lógica desrespeitosa que não se altera.

Temendo o esvaziamento de secretarias do município e de projetos sociais capitaneados pela Ativa, a interventora e a equipe designadas pelo MP, conforme funcionários da instituição, ajudaram a alimentar uma falsa ilusão – a de que os trabalhadores iriam receber seus salários no final do ano, além das respectivas gratificações.

A informação era a de que tudo seria pago até a próxima semana. As gratificações, também atrasadas, seriam acertadas. É que há funcionários com nível superior que recebem apenas um salário mínimo no contra-cheque, além de um acréscimo, que vai de 300 à 1.000 reais.

O fato é que, de acordo com trabalhadores de lá, a “próxima semana” vem se arrastando desde Setembro e até agora nada.

Os funcionários da Ativa passarão o natal com os bolsos vazios. Promessa de uma ceia de Natal nada agradável. Membros da equipe da interventora designada pelo MP passaram hoje, desdizendo o que vinha sendo dito. Ninguém vai mais receber gratificação e os salários atrasados só “Deus sabe quando será pago”.

“Eles entram nos nossos setores e olham com desconfiança para a gente, como se a gente fosse um monte de vagabundo”, desabafou uma fonte.

Ainda conforme funcionários da instituição, o convênio da prefeitura com a Ativa dura até dezembro deste ano e não há razão para atraso de salários.

“Eles davam essa explicação pra gente, diziam que tinha dinheiro para o pagamento, pra gente trabalhar de graça até dezembro, sem receber. Fomos enrolados”, me falou uma trabalhadora de lá.

MODUS OPERANDI DEMOCRÁTICO?

O MP usa lógica semelhante a da Ong Meios, que também passou por processo de intervenção.

Massacra o funcionário, trata todo mundo como trabalhador fantasma, mesmo que a maioria não seja, e, caso esteja descontente, “aconselha” que ele procure a justiça.

É uma intervenção nada democrática, além de desrespeitosa para com os trabalhadores, que não tem nada a ver com às ações de corrupção, que ocorreram na gestão de Micarla de Sousa.

INACESSÍVEL

A interventora é inacessível. Praticamente impossível falar com ela, disse um membro do grupo de funcionários que se organizam para questionar o pagamento dos seus vencimentos.

Seria bom o Ministério Público inspecionar o modo como o Ministério Público está agindo na Ativa.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com
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4 Responses

  1. Caio Cesão disse:

    Daniel, seu estilo é o de um graduando sensacionalista de sociologia que está lendo Marx pela primeira vez. Agora entendo o porquê de você tanto esconder o seu doutorado: pra não passar vergonha.

    Você deveria procurar pesquisar mais sobre as atuações do MP. Se o Ministério Público fosse tão bom como você tanto exalta, não teria deixado pra tentar resolver só agora quando já está praticamente tudo afundado.

    A verdade é que este órgão tem um fetiche por mídia. Fraquejou em atuar de verdade contra as mazelas do governo Rosalba porque a mesma aprovou uma quantidade exorbitante de gratificações a diversos cargos no órgão, bem como lhe manteve a “mamadeira” orçamentária bem cheia.

    Você também é mais um blogueiro com medo de criticar o órgão? Porque é isso que eu tenho visto na maioria.

  2. Kehrle Junior disse:

    Natal, 20 de dezembro de 2012

    Como assessor de imprensa da OnG Ativa Natal,
    com salário atrasado há três meses e com contas para pagar, esclareço a
    “alternativa crítica” que a instituição que desde 1989 possui um
    convênio com a Prefeitura Municipal do Natal para a prestação de
    serviços na área de assistência social na cidade, que descordo
    totalmente dos argumentos inseridos na publicação realizada na última
    terça-feira (18) no portal da revista Carta Potiguar.

    Esclareço a sociedade, como mero funcionário da instituição e
    comunicólogo, que a Ativa está sim passando por dificuldades no âmbito
    financeiro. Existe atualmente problemas que vão desde atrasos nos
    salários, a descoberta da existência de funcionários fantasmas e o não
    pagamento das recissões contratuais, recissões que não são pagas desde
    2007.

    Houve sim uma tentativa por parte da administração
    judicial de se pagar os meses em atraso e o décimo terceiro salário dos
    funcionários, mas pelo fato de não possuir imediatamente receita
    suficiente para repassar a Ativa o montate de mais de R$ 4 milhões
    referente ao contrato firmado no inicio deste ano com a Secretaria
    Municipal de Trabalho e Assistência Social (SEMTAS), a Prefeitura do
    Natal não conseguiu repassar o valor, apenas liberando a receita de
    outubro. Como a Ativa está sob intervenção judicial, existe a
    necessidade da juíza responsável pela ação assinar os alvarás
    determinando a liberação dos pagamentos, o que a partir do período entre
    20 de dezembro e 06 de janeiro de 2013 será impossível devido ao
    recesso judicial, deixando bem claro que ainda não foi repassado os
    valores de novembro e dezembro.

    Quanto a afirmação de que os
    funcionários irão passar o natal com os bolsos vazios essa informação
    não é veridica, pois amanhã, sexta-feira (21) estará disponível o
    pagamento de outubro e referente ao corte das gratificações, uma medida
    muito honrada, todas as gratificações dos funcionários estão sendo
    analisadas judicialmente, tendo em vista que muitas pessoas,
    principalmente os fantasmas recebiam um valor de gratificação maior que o
    salário assinado na carteira de trabalho, o que é ilegal.

    Referente a afirmação descrita no site feita por algum funcionário
    afirmando maltrato por parte da equipe judicial, eu, Kehrle de Souza
    Xavier Junior, nascido no dia 24 de outubro de 1992, descordo
    totalmente, pois desde que a intervenção chegou que passamos a ser bem
    atentidos e ouvidos por parte principalmente dos advogados Dra Juliane,
    Izabel Coelho, Ayron Medeiros e Tiago Pinheiro, bem como pela Dra Joana
    Darc Medeiros Martins que nunca se negou a atender os funcionários da
    sede da instituição que em algum momento precisaram conversar,
    descartando assim qualquer tipo inacessibilidade por parte da
    interventora.

    Infelizmente não entendo o porque da Carta
    Potiguar antes de postar uma matéria como essa, não procurar
    esclarecimentos por parte da assessoria da instituição ou do próprio
    Ministério Público. É por essas e outras razões que vem se perdendo a
    qualidade dos conteúdos publicados em sites e blogs tidos
    jornalisticamente corretos. Antes de descer a lenha, de criticar e falar
    mal é uma questão de ética jornalística se consultar o outra lado da
    história, ouvir fontes seguras e manter um dialógo de qualidade, dialógo
    de qualidade que sempre existiu por parte da assessoria da instituição e
    da equipe judicial com a imprensa potiguar.

    Atenciosamente,

    Kehrle de Souza Xavier Junior

  3. Daniel Menezes disse:

    Prezado Kerhle,

    antes de tudo, queria dizer que tô impressionado como você, que se apresenta como assessor de imprensa da Ativa, tenta “prestar esclarecimentos” a uma das revistas mais acessadas do RN.
    De qualquer modo, ao contrário do modo ofensivo com que você postou o comentário, te responderei objetivamente.
    01) Não tive a intenção de apresentar as versões oficiais, alias as que já gravitam na imprensa. Se quisesse, teria procurado vocês e a assessoria do MP;
    02) Conversei com, mais ou menos, uma dezena de pessoas e a fala delas é recorrente em vários aspectos;
    03) O MP deu certeza sobre pagamento dos atrasados, inclusive gratificações. Porém, no início desta semana membros do MP foram nos deptos e afirmaram o seguinte: “esqueçam gratificações de setembro”… continua: “façam uma justificativa para tentarem receber as posteriores, mas possivelmente também não sairá”. Outra fala: “se não estiver satisfeito, procure a justiça.” Querido, isso não é jeito de falar com um trabalhador, que está sem receber salário, ou seja, tem direito ferido;
    04) Eu não errei na informação sobre o convênio: eu disse que ele se encerra em dezembro. Aonde a “alternativa crítica” errou na informação?
    05) Os funcionários alegam que a equipe é inacessível. Fico feliz que eles lhe receba bem. De verdade. Mas a Ativa não se resume a sua pessoa;
    06) Os funcionários assim interpretam a atuação do MP na Ativa: eles acham que lá é um cabidão de emprego e esse entendimento vem fazendo com que eles tratem todo mundo como fantasma, inclusive, na falta de consideração em relação aos trabalhadores, os que comparecem. Em resumo, na dúvida, ao invés de considerar que a maioria trabalha, eles estão tratando com desconfiança todo mundo;
    07) Foi do mesmo modo no MEIOS, processo que eu também acompanhei de perto e escrevi inúmeros textos. O MP confunde o fato dessas Ongs apresentarem, de fato, funcionários fantasmas, corrupção, cheques duplicados, etc, com os trabalhadores, que também acabam sendo vítimas da situação;
    08) Portanto, minha crítica é única e exclusivamente voltada ao modo como o MP se relaciona com os trabalhadores.
    09) A atuação na Ativa segue mesmo rito do Meios. A Ong é esvaziada, o ente governamental, depois do convênio concluído, deixa a massa falida para lá – oficialmente a Ativa não é prefeitura, ainda que oficiosamente seja inquestionável a correlação entre a Ong e o Município – e a situação, que o MP não ajuda a contrabalançar em favor dos funcionários, por achar que todo mundo é fantasma, cria ambiente em que muitos trabalhadores saem prejudicados.
    Em sociologia, chamamos de “viseira cognitiva” (a Ativa é um cabide de emprego e lá só tem fantasmas). Bem, a viseira cognitiva do MP, na prática, prejudica os funcionários e impede que o Ministério Público cumpra o seu importante papel.
    Abs.

  4. Daniel Menezes disse:

    Kerhle,

    Ia esquecendo. Veja a data do texto, que é do início da semana e, naquele momento, não se sabia, se alguém receberia algo até o Natal (palavras também da equipe do MP).
    Agora, você acredita que o pagamento de um mês, sem a gratificação, resolverá a vida de quem estar com meses de salário atrasado?
    Talvez, você ainda more com os seus pais e não conheça o custo do supermercado, energia, aluguel, prestações, cartoes, etc.
    Mas é isso. Abs.

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