Rio Grande do Norte, segunda-feira, 06 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 9 de maio de 2013

Somos Tão Jovens

postado por Mario Rasec

Somos-Tão-Jovens3-615x903Com uma ótima atuação do seu protagonista, o filme peca, dentre outras coisas, em forçar referências as letras do Legião Urbana. Mas é quase bem sucedido como resgate do universo musical (Sex Pistols etc.) e literário que formou o Renato Russo antes do Legião e, em parte, como resgate de uma geração que criou o rock nacional dos anos 80, representado em bandas como Capital Inicial, Plebe Rude, e o próprio Legião.

Acredito ter sido acertada a escolha do filme em se concentrar apenas num Renato Russo (Thiago Mendonça) antes do Legião. Entretanto, o filme não conseguem manter um certo distanciamento com o futuro do personagem e sua futura e famosa banda, ao contrário, em quase todas as falas de Renato o roteiro forçosamente insere referências as futuras música do Legião. O que é uma pena, levando em conta a dedicação do ator Thiago Mendonça em fazer um Renato Russo mais autêntico (claro que podem e devem ter referências as músicas do Legião, mas que fossem inseridas sem a afetação que o filme exibe). Desta forma, o roteiro apenas raspa a superfície do mito, enquanto a montagem cria um ritmo que não permite o desenvolvimento mais complexo do seu protagonista. E esse ritmo desastrado do filme atrapalha até mesmo a inserção das músicas em momentos mais introspectivos, fazendo elas, assim como alguns diálogos, parecerem um tanto inconvenientes.

Mostrando Marcelo Bonfá e Dado Villa-Lobos praticamente como meros figurantes, o filme transforma ainda o Herbert Vianna é uma figura extremamente caricata, digno de um filme de “high school” dos anos 80. Entretanto, estes são detalhes que podem ser deixados de lado, pois, como comentei, o filme se concentra numa fase anterior ao Legião, e mais no Aborto Elétrico, banda que gerou tanto o Legião Urbana quanto o Capital Inicial.

Apesar de tudo, o filme consegue resgatar a nostalgia de quem cresceu ouvindo as músicas do Legião Urbana e a nostalgia de uma época em que o Brasil estava mais aberto para o rock. O que não é de estranhar se levarmos em conta a questão do fim da ditadura, em que anos de repressão haviam calado o grito de tantos jovens que agora podiam berrar nos microfones e dizer o que pensavam.

 

Ficha técnica

 

País/ano: Brasil , 2013

Direção: Antonio Carlos da Fontoura

Roteiro: Marcos Bernstein

Elenco: Thiago Mendonça, Laila Zaid, Sandra Corveloni, Marcos Breda, Bianca Comparato, Olívia Torres

Mario Rasec

Designer gráfico, artista visual, ilustrador e roteirista de HQs. Autor de Os Black (quadrinho de humor) e de outras publicações.

One Response

  1. Achei o filme fraquinho. A caricatura de Herbert Vianna é ridícula. Há uma imitação, não uma atuação. Lamentei também que não apenas Dado e Bonfá viraram figurantes. Outros personagens importantes na história da música brasileira e naquele contexto ficaram esvaziados – Dinho Ouro Preto, por exemplo. O que aconteceu à Plebe Rude, Capital Inicial, ao Petrus? Faltaram fechos no roteiro. Que também era muito episódico – em um minuto Renato era aluno do Marista, no outro era professor de inglês, sem nenhuma transição ou explicação. Lamentei porque, apesar de valer à pena ver o filme, quem nasceu nos anos 90 e assistir ao filme não vai ter a mínima noção do que foi aquele movimento. É capaz de alguém sair do cinema sem saber que Dinho é o Ouro Preto e Herbert é o Vianna.

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