Rio Grande do Norte, quinta-feira, 16 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 29 de julho de 2013

Cada Caos no Seu Quadrado

postado por Ivenio Hermes

Pm nos protestos sqA Polícia de Manipulação

O Brasil está vivendo um processo de manifestação popular daquilo que há muito tempo vivia preso na garganta de muitos, afinal, a população brasileira embora selvagemente mergulhada nos noticiários televisivos indutores de erro e teledramaturgia de manipulação, atingiu um nível de inconformismo que a fez despertar para sua capacidade de mudar o cenário nacional através dos protestos.

Mesmo que as manifestações pareçam produzir mais vandalismo do que soluções, o povo apenas reflete o nível de educação promovido por décadas de impunidade nos crimes cometidos pelos políticos desonestos, que desfilam pelo mundo às custas do dinheiro espremido e furtado de projetos que já deveriam ter catapultado a sociedade brasileira para uma era de iluminação, saindo dessa caverna escura em que ainda se encontra e somente saindo ocasionalmente pela influência de platões modernos.

Herdeiros de uma política de desmandos e cometedora de atos escandalosos sob a máscara sem-vergonha nos sorrisos desses falsos representantes do povo, as polícias foram estigmatizadas como o bode expiatório para esconder os pecados dos mandatários das entidades policiais. Os cargos comissionados na polícia nacional, desde os diretores, superintendentes, até os comandantes e chefes de polícia de todos os órgãos do Brasil estão nas mãos de um acordo entre partidos que mantém um conluio com os detentores do poder executivo, e assim, na maioria dos estados brasileiros, não é a competência que coloca ou retira alguém de uma posição e sim seu grau de comprometimento com seu “nomeador” ou seu nível de apego ao status que aquele cargo lhe confere.

Nessa perspectiva não se pode crer que o Brasil seja possuidor de uma polícia voltada para servir e proteger, a não ser que esses dois verbos fundamentais se apliquem apenas ao próprio gestor e sua vaidade ou ao político que o colocou naquele cargo, desfigurando o caráter de policiais dignos e apaixonados por sua profissão e pela diretriz que a rege.

Títeres dessa politicagem tacanha, alguns gestores de segurança pública repassam para seus subordinados os cordões que os atrelam a essa força maior que oprime os policiais honestos e a população, através da imposição de sua força oriunda da sua venda ou através de troca de favores com chefes locais também vendidos pela vaidade e pelo conformismo.

Essa prática de nomeação ameaça a gestão de segurança pública e os próprios conceitos norteadores da metodologia de trabalho das polícias hodiernas, criando uma forte similitude com a ação policial da época da ditadura, levando o povo a ver novamente na polícia a figura do algoz dos desmandos dos poderosos.

E muitos continuam vendados e colocados no fundo das cavernas da obscuridade, imersos na escuridão de sua própria forma individualista de enxergar o mundo.

Pm nos protestos 02sqO caos tem sido criado para desmerecer as ações populares legítimas, para evitar o sucesso da prática policial honesta e para o fortalecendo da política de reconstrução que levam muitos a ver as soluções imediatistas dos governantes como a salvação iminente para os problemas nacionais com a segurança pública.

As polícias estaduais agem de acordo com uma agenda egoísta de fortalecimento institucional passando pelas atribuições umas das outras, realizando um policiamento que não é de sua competência e para o qual não foi treinada e nem tampouco criada.

A inteligência policial, de acordo com a Lei federal 9883/1999, estabelece como inteligência o processo de obtenção, análise e disseminação da informação necessária ao processo decisório do Poder Executivo, bem como pela salvaguarda da informação contra o acesso de pessoas ou órgãos não autorizados. Portanto, o serviço de inteligência deveria suprir o poder executivo de informações adequadas para prever ações de vândalos infiltrados nos movimentos populares, objetivando a neutralização desses agentes criminosos sem macular o processo democrático da livre manifestação. Porém, o que ocorre é a ação de agentes dessa “inteligência de araque” provocando os manifestantes e a polícia para um embate que apenas degenera o caráter de todos os policiais e manifestantes.

A investigação é ainda confundida com a inteligência policial, e agentes de inteligência da polícia militar passam a investigar crimes e a se sentirem policiais civis, ao invés de se manterem em seu quadro de competências. Por conseguinte, policiais civis desejam usar uniformes e agir como agentes de policiamento ostensivo, isso quando não são forçados a agirem assim pela própria imposição dos gestores estaduais que tem uma estúpida maneira de valorizar mais a atividade ostensiva do que a atividade de investigação, quebrando a corrente do ciclo completo da atividade policial e promovendo uma competição entre as polícias estaduais, o que leva a uma interminável sucessão de erros cujas principais vítimas são os policiais honestos e a população.

É dever de a polícia trabalhar de forma preventiva (atividade de policiamento ostensivo), de forma previdente (atividade de inteligência policial) e de forma conclusiva em crimes já cometidos (atividade de polícia investigativa) e assim realizar o trabalho adequado.

Praticando esse policiamento repressivo em lugar de preventivo, realizando ações provocadoras ao invés de ações conciliadoras, as polícias ajudam aqueles que desejam o caos e não a favor da sociedade brasileira.

Para os amantes do caos, que sua ação se volte para eles mesmos, e que eles tenham a oportunidade de conquistar isso dentro de suas portas, afinal de contas eles merecem ter o caos em seu próprio quadrado: uma cela de prisão.

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SOBRE O AUTOR:

Ivenio Hermes é Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública, Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró, Conselheiro Editorial e Colunista da Carta Potiguar, Colaborador e Associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves.

Cezar Alves em Retratos do OesteArtigo escrito por Ivenio Hermes e publicado originalmente em parceria com o amigo e fotojornalista Cezar Alves (Coluna Retratos do Oeste) do Jornal De Fato.

Ivenio Hermes

Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Integrante do Conselho Editorial e Colunista da Carta Potiguar. Colaborador e Associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial. Facebook | Twitter | E-mail: falecom@iveniohermes.com | Mais textos deste autor

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