Rio Grande do Norte, sexta-feira, 10 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 8 de agosto de 2013

Dia D Hora H

postado por Ivenio Hermes
Equipe do delegado Odilon Teodósio, mesmo com pouco estrutura desbaratou quadrilhas no oeste, Mossoró e Vale do Açu

Equipe do delegado Odilon Teodósio, mesmo com pouco estrutura desbaratou quadrilhas no oeste, Mossoró e Vale do Açu

Recuperação de Direitos Violados

 

Os potiguares vivem em um quase completo estado de insegurança, que somente não se concretiza em sua totalidade pelos esforços individuais de muitos policiais, que juntos ainda conseguem realizar algumas ações surpreendentes. Como membros da sociedade potiguar, os policiais empregam seus talentos e dinheiro para não permitir que o policiamento caia no descaso total e a força dos criminosos suplante as forças da lei.

Há uma cortina de fumaça lançada sobre o Estado do RN para enevoar a realidade, ela é feita principalmente para desviar a autoria do descaso perpetrado pela administração pública e seus partícipes que juntos atentam contra a segurança do cidadão norte-rio-grandense. O Receio de deixar que vaze informações sobre os atos contra a segurança pública é tão grande que na manhã desta data o secretário de administração vetou a presença da imprensa na reunião com os representantes da Polícia Civil, numa provável tentativa de não tornar público o teor dessa conversa que resultará com deflagração ou não de uma greve da PCRN, que já estaria planejada para a terça-feira.

É perceptível que a PCRN está sendo vitimizada juntamente com a população do Estado. O governo evita nomear policiais, não utiliza a verba para reformar as delegacias, minimiza as condições de investigação através da falta de aquisição de meios e equipamentos para esse fim, aventou a possibilidade de subtrair da PCRN sua sede administrativa, a DEGEPOL, e retirou as gratificações dos policiais. Destarte, a bruma obscurece as atitudes do Governo do RN enquanto as entidades representativas das classes de agentes, escrivães e delegados se preocupam em recuperar aquilo que já era seu por direito, gratificações, sedes, condições de trabalho, e assim as novas conquistas são relegadas a segundo plano.

Policiais Civis prontos para entrarem em greve

Policiais Civis prontos para entrarem em greve

A falta de consideração atinge os policiais militares que sempre foram tratados como massa de manobra do Governo. Eles têm o exercício de suas funções desviado e sua estrutura baseada no militarismo os impede de escancarar as situações de trabalho a que são submetidos. Seus postos de fiscalização permanecem fechados pela falta de condições de trabalho, as instalações de oficina são repletas de peças sucateadas e viaturas que precisam ser canibalizadas[1] em ordem de manter outras funcionando.

Os praças (soldados, cabos e sargentos) estão achatados na escala verticalizada de progressão, pois não podem subir devido à falta de concurso para oficiais, e os oficiais, por sua vez, precisam aguardar uma renovação nos quadros dos praças e de oficiais para poderem distribuir melhor as tarefas pertinentes ao policiamento ostensivo.

Ao ser pressionado sobre urgentes às demandas da segurança pública, a Administração Ciarlini “empurra com a barriga” as respostas e obscurece suas atitudes mais ainda. O recente fato do fechamento da 7ª Delegacia de Polícia devidos às condições desumanas de trabalho feriu os nervos de alguns gestores que acenaram de volta com atitudes implicitamente revanchistas contra os policiais civis.

Fato real é que quem mais sofre é o cidadão:

  1. Após a delegacia ter tido suas portas fechadas e seu prédio ter sido condenado à demolição, a 7ª DP deixou de existir no bairro onde ela deveria estar para servir a população, o bairro das Quintas, pois a delegacia foi transferida para uma sala na 14ª DP que fica em outro bairro totalmente distante, em Filipe Camarão;
  2. Outra situação é que as instalações da Delegacia do Idoso serão transferidas para outro local porque o Governo do RN deixou de pagar o aluguel do local onde ela funcionava, sendo despejada do atual endereço;
  3. Com a diminuição do policiamento ostensivo pela falta de viaturas, combustível e policiais e a retirada total da 7ª DP do Bairro de Quintas, a população ficou mais uma vez sob o domínio do medo gerado pelos criminosos. Na noite da sexta-feira, dia 3 de agosto, um homem e uma mulher assaltaram o ônibus da linha 175 da empresa Oceano. Certo da impunidade, o assaltante ainda desferiu golpes de faca no motorista que nunca vira uma situação assim em seus 24 anos de profissão[2];
  4. Criminosos cada vez mais audaciosos agora perpetram seus ilícitos dentro do Midway Mall porque sabem que os seguranças não têm como agir e se chamarem a polícia ostensiva ainda lhes restará tempo suficiente para empreender fuga. O modus operandi varia desde arrombamento de carros até assalto à mão armada com a utilização da própria vítima como meio de fuga, conforme descrito na matéria do Blog do BG[3].
Por falta de segurança, ônibus param em Natal

Por falta de segurança, ônibus param em Natal

Ninguém está totalmente nessa batalha diária pela sobrevivência e toda sociedade norte-rio-grandense precisa se juntar e exigir que a Administração Ciarlini cumpra sua promessa de campanha estabelecida na frase “pra fazer acontecer” que estabelece um pacto de prestação de serviços de qualidade para o Rio Grande do Norte.

Nessa situação de desgoverno a única alternativa que ainda parece ser viável é o grito nas manifestações públicas, como fizeram os motoristas que sentindo-se ameaçados pela insegurança fizeram uma paralização para tentar fazer o governo reagir, como os policiais que anunciam uma paralização dos serviços para acuar a administração pública no canto da responsabilidade administrativa.

Enquanto a morte espreita no obscurantismo da falta de transparência do atual Governo do RN, o povo procura o momento correto para transformar a oportunidade em ação, para demandar com severidade aquilo que lhe é de direito, estando atento para no dia “D” e a hora “H”, de ir em busca da recuperação de seus direitos violados, e reconquistar sua segurança, seu respeito e sua paz.

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Texto escrito por Ivenio Hermes e publicado originalmente em parceria com o amigo e jornalista Cezar Alves (Coluna Retratos do Oeste) do Jornal De Fato.

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SOBRE O AUTOR:

Ivenio Hermes é Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública, Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves tendo publicado diversos livros, dentre eles três sobre segurança pública no Rio Grande do Norte. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró, Conselheiro Editorial e Colunista da Carta Potiguar, Colaborador e Associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.


[1] Ato de retirar peças de um veículos estragado para manter outro em condições de funcionamento.

[2] COSTA, Sérgio. Motorista de ônibus relata assalto em que foi esfaqueado. Potal BO. Disponível em: < http://youtu.be/jPblp8Rdg_Q >. Acesso em: 4 ago. 2013.

[3] BLOG DO BG (Brasil Rn Natal). FOTO: Carro é arrombado e cliente é assaltada dentro do estacionamento do Midway Mall. Disponível em: < http://db.tt/wPLCIVWQ >. Publicada em: 5 ago. 2013.

Ivenio Hermes

Escritor Especialista em Políticas e Gestão em Segurança Pública e Ganhador de prêmio literário Tancredo Neves. Consultor de Segurança Pública da OAB/RN Mossoró. Integrante do Conselho Editorial e Colunista da Carta Potiguar. Colaborador e Associado do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Pesquisador nas áreas de Criminologia, Direitos Humanos, Direito e Ensino Policial. Facebook | Twitter | E-mail: falecom@iveniohermes.com | Mais textos deste autor

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