Rio Grande do Norte, sexta-feira, 03 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 8 de agosto de 2013

#RevoltadoBusão contra Djalma Maranhão

postado por Daniel Menezes

Me apaixonei pela história de Djalma Maranhão ao ler o livro da professora titular da UFRN e Cientista Política Ilza Leão – Políticas e poder: o discurso da participação.

Sem dúvida que ele representou uma revolução nos enfadonhos padrões da cidade do sol. Em sua gestão, dentre outras ações (educação – entusiasta do método Paulo Freire -, esportes, criação de infra-estrutura, redistribuição de renda), valorizou a cultura e descentralizou o poder, proporcionando a inserção efetiva na política dos mais variados grupos populares da região periférica de Natal.

Os clubes de mães, de idosos, enfim, comunitários… que dão vida participativa aos bairros da taba (ainda hoje) vieram de sua época.

Preso e perseguido por suas concepções de esquerda durante a ditadura, teve seu nome retirado das muitas homenagens que recebeu. O caso mais conhecido foi o do Palácio dos Esportes.

Só depois de muito tempo e pela forte pressão popular, restituíram a justa celebração de sua história de luta.

Mas o nome dele foi mais uma vez atacado, de modo verossímel ao periódo ditatorial. Foi num “ato” na Câmara Municipal feito por alguns membros da #RevoltadoBusão.

Por isso reproduzo a pergunta feita pelo Padre Fabio, em seu facebook: “que diabos de manifestação popular é essa que desrespeita o busto de Djalma Maranhão, único governo popular de Natal preso e exilado pela horrenda ditadura militar?”

O fato é que a pauta social, a luta pelo direito à cidade, foi cedendo gradativo espaço para a expressão de um ressentimento contra as mediações democráticas, às vezes, de modo violento, inclusive. E se eu estiver errado e a agenda motivadora inicial ainda gravitar na cabeça dos envolvidos da #RevoltadoBusão, me parece ser pouco inteligente, além de autoritário e antidemocrático, tentar convencer a população sobre a importância do movimento, através da depredação do patrimônio público e privado.

Não há outra saída. A política é sempre o melhor remédio. Para retomar o fôlego, repito, seria de bom tom proporcionar o debate, a participação e dialogar com todos os possíveis apoiadores. Juntar forças, respeitando diferenças.

(Soube que uma liderança histórica da esquerda do RN, com condições de ajudar, disse o seguinte: eu quero ir lá conversar com os meninos, ajudar no que for possível; mas eles já deixaram claro que não querem a presença de pessoas como eu)

O antipoliticismo niilista reinante na #RevoltadoBusão só depõe contra o próprio movimento.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

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