Nada falaria sobre o jogo do flamengo. Mas fui tocado pela bobagem preconceituosa contra natalenses que torcem pelo time carioca e comemoram o título da copa do Brasil do também chamado Mengão.
Esse essencialismo – o de que só se pode torcer por um time “da terra” – traz um purismo geográfico-cultural que subverte a troca de experiências e símbolos entre as sociedades.
Por ser nordestino eu só poderei escutar música, usar roupas, ler e me relacionar com pessoas “da terra”?!
O futebol e seus clubes não são patrimônio cultural de ninguém em específico. Fazem parte da paisagem brasileira.
Galera, um pouco mais de cosmopolitismo.
Alias, característica marcante da nossa cidade, que sofreu inúmeras influências de outros povos no decorrer de seu processo histórico de formação.
No caso, a arte é da mediania. Nem o ataque rasteiro aos clubes locais (ABC, América ou o Alecrim), como fazem aqueles impactados pelo complexo de vira-lata. Nem a condenação do legítimo direito de curtir o Flamengo, o Barcelona ou o Manchester.
Afinal, a bola que rola nas quatro linhas produz uma linguagem universal.
Caro
Daniel Menezes,
confesso
que quando li o título do seu “artigo” numa indicação do facebook, me
senti tentado a ler pensando em encontrar uma informação consistente sobre esse
sofrível dado da cultura natalense.
Torcer
por um time de futebol, apesar de ser um hábito relativamente novo, com pouco
mais de 100 anos, revela uma das mais recônditas instâncias da natureza humana.
Até mesmo por este motivo que o futebol se popularizou tanto no mundo inteiro,
mesmo em culturas tão distintas, mas todas derivadas de um mesmo hábito
ancestral: reunir-se em grupo para defender a sua terra.
Sabemos
que os seres pré históricos defendiam os territórios que lhes era importante
por garantir a sua sobrevivência (terra fértil, água e caverna para proteção
contra os predadores). Não seria absurdo relacionar essa instância animal aos
espetáculos romanos nos quais gladiadores (da terra) lutavam contra escravos
capturados e vencidos em batalhas contra os povos dominados pelos romanos. Tão
pouco seria absurdo ligar o habitual jogo de futebol às lutas de gladiadores
(que defendiam a honra de sua terra) e as lutas pré-históricas pela permanência
em localidade que lhes facilitaria a sobrevivência (mais uma vez, a luta pela
defesa do que é seu).
Assim,
caro amigo, um jogo de futebol como o que assistimos ontem na final da copa do
Brasil era uma luta regionalizada sim, entre cariocas e paranaenses que
defendiam o direito de ser os donos da terra do futebol. Ninguém pode negar
isso, é fato, claro e indissolúvel, tanto que os jogos foram relizados nas
cidades (terra) de cada um dos times e não em cidades ermas como Natal, Rio
Branco, Jijoca, Arassoiaba, entre mais de 4500 municípios brasileiros.
Desta
forma, discordo do seu argumento de cosmopolitismo para defender o sofrível
hábito da população natalense, e da grande maioria de brasileiros que vive em
pequenas e provincianas cidades sem maior expressão cultural do nosso país.
O
exemplo citado, a formação da cidade de Natal, já é um argumento, por si só,
capenga (desculpe-me a expressão), pois a nossa cidade sofre demais por ter
sido formada da forma como foi, culturalmente. As tantas influências que vieram
para Natal se impuseram diante das raízes culturais aqui existentes, de modo
que de nativo, nesta cidade nada resta.
Não
concorda com o meu argumento? Então aponta um prato típico da culinária
natalense. Observe, falo da culinária natalense e não nordestina.
Quero
saber de algo que saiu daqui e que se espalhou pelo nordeste ou pelo país como
o acarajé baiano, o frevo pernambucano, o samba carioca, a catira
matogrossense, o tambor de crioula maranhense, etc.
Natal padece porque aceita passivamente tudo que lhe é apresentado. Nada é
transformado nesta terra, nada e criado por aqui. Até mesmo a tal da Araruna,
dança, supostamente típica da cidade é uma criação baseada em passos de dança
de salão e das danas de corte européias e que só foi criado porque o Câmara
Cascudo solicitou ao Chico Daniel que inventasse algo.
Para quem bem sabe, uma manifestação cultural nasce de uma prática habitual de
um determinado povo em seus rituais naturais.
Assim, voltando ao caso dos torcedores natalenses apaixonados pelos times do
Rio e São Paulo, é muito mais fácil e crível acreditar que tal hábito é mais por
força da TV que invade os nossos lares com a programação que só reproduz o
modelo carioca e paulista de vida, de forma que quando se fala em jogos de
futebol, é mais provavel assitir um jogo entre o Marica e o Bangu que que
assitir a uma partida entre o Alecrim e o ABC, numa televisão em qualquer
bairro natalense, ao contrário, por exemplo, do que acontece na cidade do
Recife, onde a própria TV local exibe todos os finais de semana, os jogos do
campeonato pernambucano, formando assim torcedores orgulhosos pelos times de
sua terra.
Bom… música e roupa não tratam de uma competição, nem carregam uma cidade ou região estampadas no peito. Não disputam campeonatos ESTADUAIS. Não possuem torcidas… futebol é uma competição, de clubes regionais, que representam uma região.
Vai me dizer que no JERN’s você torcia por outra escola, somente pelo fato de ela ser “mais forte” que a sua? Mas nossos times são fracos porque temos poucos torcedores, ou temos poucos torcedores por termos times fracos? Causa e consequência se invertem? Não!
Enfim… pelo estado democrático que vivemos, se você se sentir torcedor do Slovan Bratislava, você tem total direito de esbravejar às vitórias. Mas que é estranho negar um time de sua terra, é.
Mistos são a vergonha do RN e do Nordeste.
Depois de ler todos os comentários eu continuo torcendo pelo Flamengo! To cagando pro ABC, América e cia…
Como disse Claudio Rocha Vasconcelos este com suas palavras resume o espirito do natalense”cosmopolita”, que renega a própria terra. Quando vai ao sudeste abstrai sua origem fazendo até sotaque do paulista ou carioca e quando volta para sua tão amada terra, exclui os sulistas que aqui moram ou visitam.
Vejo um contrassenso cultural da mais grande forma.
Veículos importados, gigantes ainda mais no estado cujo o combustível é um dos mais caros do pais.
Vale o que pagou e o quanto custa, se faz mostrar seus valores para viver de aparência.
Nada se produz aqui, raras exceções aplicam, por isso os preços em seus mercados são absurdos.
Além de tudo isso o que é mais engraçado ou triste é de que uma rede de mercados locais, diz “compre com a gente que é daqui” “Mercado potiguar, igual a você” pois é mendigando apoio popular, com os maiores preços da região.
Explorando seu conterrâneo. Tem algo de errado aqui.
Apesar disso tudo salvam algumas pessoas batalhadoras que lampejam idéias de contribuição majestosas ao seu semelhante. E muitos vem de longe para se educar e educar vos, para receber muitas vezes uma cara amarrada e sem valor.
Acorda Cosmopolita! Você é um homem ou um rato?