Rio Grande do Norte, quarta-feira, 01 de maio de 2024

Carta Potiguar - uma alternativa crítica

publicado em 16 de dezembro de 2013

O PT/RN tem a chance de reparar erro histórico

postado por Daniel Menezes

Há quem acredite na roda cíclica da história. O PT do Rio Grande do Norte que o diga. Diante das eleições que se avizinham, o cenário parece repetir uma oportunidade, mas com um ingrediente que alguns ainda tendem a encarar como custo – aceitar o apoio do PMDB e incrementar suas fichas eleitorais ou manter determinado purismo ideológico e jogar no lixo mais uma chance.

Natal/RN – 1996 – Fátima Bezerra, então candidata a prefeita de Natal pelo PT, empata com Wilma de Faria. O pleito estava bastante apertado. A “guerreira”, como ficou conhecida, vinha de um desgastado aval ao então muito mal avaliado Aldo Tinoco. Para se fortalecer, uniu-se ao hoje senador José Agripino.

A ida de Fátima Bezerra ao segundo turno foi surpreendente por ter superado o candidato dos Alves, o Deputado Federal João Faustino.

E eis que o dilema se instaurou: reza a lenda que, procurada pelo ex-governador Aluízio Alves, louco para lhe oferecer apoio e sepultar a carreira política de Wilma, Fátima Bezerra e o PT disseram não.

Resultado: Wilma de Faria venceu com uma diferença aproximada de 10 mil votos, algo que, com certeza, a estrutura partidária do PMDB tiraria de letra.

É sempre complicado trabalhar na base do “se”, mas façamos um exercício de futurologia pautado em condicionamentos especulativos. Se tivesse aceitado o apoio de Aluízio, possivelmente, a deputada federal pelo PT teria trilhado outro caminho. Talvez, o que a levasse a governadoria do Rio Grande do Norte.

O fato marcou parte da esquerda e sinalizou para a necessidade de estabelecer alianças. Alguns aprenderam a lição. Outros, ressabiados com a aproximação com o wilmismo de outrora e/ou pautados pela honesta busca por maior protagonismo, não.

As eleições de 2014 batem a nossa porta. E, com o pleito, a possibilidade do PT fazer um senador. Mas, para isso, é imprescindível aproximar-se do PMDB, aliado no plano nacional e enxergado com desconfiança nas terras de Poti.

Apesar de relativamente sepultada, há quem ainda acredite numa chapa “puro sangue”. Mais. Até alegue não fazer campanha, caso o Partido dos Trabalhadores não lance candidato ao governo e senado, simultaneamente, conforme relatos de militantes vermelhos.

Ora, para esses, é importante que se diga: a chance desperdiçada em 1996 deve aguçar os sentidos. Afinal, em que pese às diferenças históricas, é fato notório que, sem a estrutura do PMDB, não será possível fazer um senador.

Não apenas pelo tempo de Tv, mas, por exemplo, para conseguir ingressar na distante cidade de “Olho Dagua dos Borges”.

Num sistema eleitoral de lista aberta, multipartidário e com muitos incentivos às coligações mais díspares, querer jogar fora da lei de ferro da competição eleitoral representa suicídio.

Claro, é preciso dialogar, combinar com as bases, fazê-las sentir que têm a opinião levada em consideração.

Mas, ao mesmo tempo, os militantes devem compreender a pauta das eleições. E a união com o PMDB, principal fiador do pleito, implica em forte palanque para Dilma e um meio para fazer Fátima senadora, jogando para as cordas oponentes de peso.

Não é pouca coisa.

O tabuleiro de combate é posicional. E a aliança com o PMDB representará um passo adiante na hipertrofia da estrela vermelha no Estado.

1996 de novo, não.

Daniel Menezes

Cientista Político. Doutor em ciências sociais (UFRN). Professor substituto da UFRN. Diretor do Instituto Seta de Pesquisas de opinião e Eleitoral. Autor do Livro: pesquisa de opinião e eleitoral: teoria e prática. Editor da Revista Carta Potiguar. Twitter: @DanielMenezesCP Email: dmcartapotiguar@gmail.com

One Response

  1. Renato disse:

    Daniel, vc deve ter se esquecido de um passado mais recente sobre as eleições em Natal, mais especificamente em 2008. Como vc explica então essa última derrota de Fátima, mesmo quando teve um forte apoio do PMDB, c/todo o clã dos Alves e até o então presidente Lula no mesmo palanque?

    Será q o problema mesmo era o PMDB, no qual na época chamavam essa aliança c/o PT (e o PSB c/a então governadora – e adversária histórica – Wilma) de “acordão”?

    Será q Natal ainda mantém um certa discriminação com Fátima (oq na minha opinião é o + provável) mesmo se “redimindo” c/ela nas eleições p/dep. federal?

    Ou será q o PT local ainda tem q ralar muito p/conseguir despertar na população q ele é uma alternativa diante dos velhos oligarcas do estado, mesmo depois de termos sofrido c/as piores gestões de todos os tempos com Micarla e Rosalba?

Política

Henrique Alves vai presentear o pai com um aeroporto

Política

Luiz Almir mente e tenta enganar sobre recursos destinados para quadra de Igapó